31.5.07

Índice de 2007

ÍNDICE




Há um ditado popular nordestino que ensina: “quem quer ser grande, que nasça viçoso”. Este blog já “nasce” dotado de um acervo de textos provenientes de atividades anteriores do escriba (vide “Apresentação”).

A maior parte dos textos listados neste ÍNDICE foi publicada originalmente entre meados de 2002 e março de 2006 em outros veículos da internet e foi agora transferida para o “Política para quem precisa”, juntamente com textos escritos entre 2006 e 2007, os quais haviam permanecido inéditos ou publicados esporadicamente de forma experimental.

A lista abaixo contém a classificação temática do texto, o nome, a data original (*) em que foi escrito e o “link” para sua leitura neste “blog”.

1 FUTEBOL – Porque o Brasil ganhou a Copa – 04/07/2002 –http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/porque-o-brasil-ganhou-copa-copa-de_17.html
2 CINEMA – Triplo X – O túmulo da sutileza – 29/09/2002 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-tmulo-da-sutileza-comentrio-sobre-o.html
3 CINEMA – Há (sinais de...) vida inteligente na Terra? – 28/09/2002 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/h-sinais-de.html

4 CINEMA – Cidade de Deus e a miséria dos homens – 28 /09/2002 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/cidade-de-deus-e-misria-dos-homens_5838.html

5 INTERNACIONAL – Os Estados Unidos morderam a isca – 19/11/2002 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/os-estados-unidos-morderam-isca-os_30.html

6 CINEMA – Dragão Vermelho: no princípio eram as continuações – 19/11/2002 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/drago-vermelho-no-princpio-eram-as_30.html

7 CINEMA – Estrada para perdição: ponte entre oceidente e oriente – 19/11/2002 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/estrada-para-perdio-ponte-entre_30.html

8 CINEMA – 007 contra o fetichismo da mercadoria – 24/01/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/007-contra-o-fetichismo-da-mercadoria_30.html

9 CINEMA – Scorcese e os bons comunistas – 20/02/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/scorcese-e-os-bons-comunistas-comentrio.html

10 CINEMA – O Oscar 2003 e o espírito do tempo – 29 /03/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-oscar-2003-e-o-esprito-do-tempo.html

11 CINEMA – Carandiru – O lixo da sociedade – 24/05/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/carandiru-o-lixo-da-sociedade-comentrio.html

12 CINEMA – Tiros em Columbine – 24/05/2003 – o http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/tiros-em-columbine-ou-tudo-que-voc.html

13 CINEMA – X-Men 2 – Somos todos mutantes – 24/05/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/x-men-2-somos-todos-mutantes-comentrio.html

14 INTERNACIONAL – Antiestadunidismo – 01/06/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/antiestadunidismo-questo-do.html


16 CINEMA – O filme-gibi do Hulk, o incrível Ang Lee e a teoria dos monstros – 27/06/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-filme-gibi-do-hulk-o-incrvel-ang-lee.html

17 BRASIL – Lula ano 1 – O pulo do gato que saiu pela culatra – 30/07/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-pulo-do-gato-que-saiu-pela-culatra.html

18 INTERNACIONAL – Atentados em Bagdá – 24/08/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/atentados-em-bagd-o-terrorismo-volta.html

19 CINEMA – Terminator 3 – O futuro em escombros – 24/08/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/terminator-3-o-futuro-em-escombros.html

20 CINEMA – Lisbela e o cinema nacional – 04/09/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/lisbela-e-o-cinema-nacional-comentrio.html

21 BRASIL – Você já foi bem atendido por um servidor público? – 07/09/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/voc-j-foi-bem-atendido-por-um-servidor.html

22 LIVROS – Um comunista na Disneylândia – 04/09/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/um-comunista-na-disneylndia-resenha-do.html

23 CINEMA – Matrix e os confrontos da filosofia contemporânea – 15/09/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/matrix-e-histria-da-filosofia.html

24 FUTEBOL – Da utopia à Hicks Muse – Privatizaram o futebol – 04/09/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/da-utopia-hicks-muse-privatizaram-o.html

25 BRASIL – O manifesto pelo resgate do PT – 21/09/03 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-manifesto-pelo-resgate-do-pt-na.html

26 CINEMA – Autocrítica de um crítico I – Confissões de um comunista – 13/10/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/autocrtica-de-um-crtico-parte-i-ou_30.html

27 CINEMA – Autocrítica de um crítico II – Críticas adicionais – 14/10/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/autocrtica-de-um-crtico-parte-ii.html

28 CINEMA – Irreversível e a perda de sentido da sexualidade burguesa – 01/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/irreversvel-perda-de-sentido-da.html

29 INTERNACIONAL – Eu também quero votar para presidente dos Estados Unidos – 13/10/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/eu-tambm-quero-votar-para-presidente.html

30 BRASIL – Publicidade equivocada – 04/11/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/publicidade-equivocada-h-uma-certa.html

31 CINEMA – Polêmica Matrix e filosofia – 13/11/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/polmica-matrix-e-filosofia-eis-que-ao.html


33 HISTÓRIA – Sobre Jesus e Anakin/Darth Vader – 13/11/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/anakindarth-vader-e-jesus-cristo-na.html

34 INTERNACIONAL - A esquizofrenia da razão de Estado pós-moderna na mídia globalizada – 22/11/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/esquizofrenia-da-razo-de-estado-ps.html

35 CINEMA – O priapismo cerebral de “A taça do mundo é nossa” – 22/11/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-priapismo-cerebral-de-taa-do-mundo.html

36 INTERNACIONAL – O conquistador do fim do mundo – 16/12/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-conquistador-do-fim-do-mundo-ele.html

37 FUTEBOL – Prejuízo no futebol – 16/12/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/prejuzo-no-futebol-termina-mais-um.html

38 INTERNACIONAL – A Igreja Maradoniana – 16/12/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/igreja-maradoniana-pel-o-rei-do-futebol.html

39 INTERNACIONAL – Israel entre a paz e os porcos – 21/12/2003 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/israel-entre-paz-e-os-porcos-segundo.html

40 BRASIL – A farsa do desemprego – 11/01/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/farsa-do-desemprego-o-desemprego-uma.html

41 BRASIL – Governo Lula, ano 1: anatomia da desilusão – 11/01/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/governo-lula-anatomia-da-desiluso-o.html

42 CINEMA – O retorno do rei e a apoteose da fantasia – 11/01/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-retorno-do-rei-e-apoteose-da-fantasia.html

43 COMPORTAMENTO – Sobre a homossexualidade – 11/01/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/sobre-homossexualidade-escrever-para.html

44 CINEMA – O último samurai e o golpe quase perfeito – 23/01/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/o-ltimo-samurai-e-o-golpe-quase.html

45 HISTÓRIA – A ditadura de 64 não acabou – 25/01/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/ditadura-de-64-no-acabou-o-golpe-de.html

46 FUTEBOL – Ingressos para o paulistão 2004 – 18/02/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/ingressos-para-o-paulisto-federao.html

47 CINEMA – Carnaval no cinema – parte I – 22/02/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/04/carnaval-no-cinema-parte-i-o-carnaval.html

48 CINEMA – Carnaval no cinema – parte II – 22/02/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/carnaval-no-cinema-parte-ii-adeus-lenin.html

49 CINEMA – Dogville e a morte do humanismo – 22/02/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/dogville-e-morte-do-humanismo-comentrio.html

50 HISTÓRIA – Especial 70 anos da USP – parte I – 22/02/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/70-anos-de-usp-parte-1-histria-2004-um.html

51 HISTÓRIA – Especial 70 anos da USP – parte II – 27/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/70-anos-de-usp-parte-2-paradoxo-o-ttulo.html
52 HISTÓRIA – Especial 70 anos da USP – parte III – 27/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/70-anos-de-usp-parte-3-crise-rubem.html

53 HISTÓRIA – Especial 70 anos da USP – parte IV – 05/06/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/70-anos-de-usp-parte-4-panormica.html

54 HISTÓRIA – Especial 70 anos da USP – parte V – 05/06/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/70-anos-de-usp-parte-5-filosofia.html

55 HISTÓRIA – Especial 70 anos da USP – parte VI – 04/06/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/70-anos-da-usp-parte-6-apndice-os.html
56 BRASIL – O jogo, o bingo, o PT e os bichos – 28/02/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-jogo-e-os-bichos-finalmente-est.html

57 CINEMA – A paixão de Cristo segundo Mel Gibson – 21/03/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/paixo-de-cristo-segundo-mel-gibson.html

58 BRASIL – Quem não tem colírio usa óculos escuros – 17/04/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/quem-no-tem-colrio-usa-culos-escuros_03.html

59 INTERNACIONAL – A América para (nós) os americanos 21/04/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/amrica-para-ns-os-americanos-os-estados.html



61 INTERNACIONAL – Serviço de utilidade pública: há vagas no exército dos Estados Unidos – 09/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/servio-de-utilidade-pblica-h-vagas-no.html

62 CINEMA – O dia depois de amanhã e a negação do futuro pelo capital – 27/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-dia-depois-de-amanh-e-negao-do-futuro.html

63 COMPORTAMENTO – O filme que deu origem à camiseta – 27/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-filme-que-deu-origem-camiseta-mtv.html

64 CINEMA – Diários de motocicleta e o renascimento da latinoamericanidade – 27/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/dirios-de-motocicleta-o-renascimento-da.html

65 BRASIL – Receita de mãe para o governo Lula – 27/05/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/receita-de-me-para-o-governo-lula-por.html



68 CULTURA – O Fórum Cultural Mundial – 03/07/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/frum-cultural-mundial-um-alto-oficial.html

69 CINEMA – Pelé Eterno e Edson passageiro – 03/07/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/pel-eterno-e-edson-passageiro-comentrio.html

70 BRASIL – Brasil x Argentina, futebol & geladeiras – 24/07/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/brasil-x-argentina-futebol-geladeiras.html

71 CINEMA – Homem Aranha 2 – heróis sem máscara – 12/07/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/homem-aranha-2-heris-sem-mscara.html

72 CULTURA – Eu não sei fazer poesia, mas que se f@#$%&! – 24/07/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/eu-no-sei-fazer-poesia-mas-que-se-f.html

73 LIVROS – Um outro mundo é possível – “Para além do capital” - 24/07/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/um-outro-mundo-possivel-para-alm-do.html

74 BRASIL – Desarmando os espíritos – 08/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/desarmando-os-espritos-est-em-curso-uma.html

75 INTERNACIONAL – Atenas 2004 – Jogos do medo – 08/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/atenas-2004-jogos-do-medo-memria-da.html

76 INTERNACIONAL – Fahrenheit 11/09 segundo Rousseau – parte I – 12/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/fahrenheit-1109-segundo-j.html

77 INTERNACIONAL – Fahrenheit 11/09 segundo Rousseau – parte II – 12/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/fahrenheit-1109-segundo-j_8929.html

78 INTERNACIONAL – Fahrenheit 11/09 segundo Rousseau – parte III – 12/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/fahrenheit-1109-segundo-j_9007.html

79 INTERNACIONAL – Fahrenheit 11/09 segundo Rousseau – parte IV – 12/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/fahrenheit-1109-segundo-j_8650.html
80 BRASIL – O Brasil vai ganhar as Olimpíadas ? – 20/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-brasil-vai-ganhar-as-olimpadas-em.html

81 BRASIL – Briga de foice no escuro – 20/08/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/briga-de-foice-no-escuro-o-presidente.html

82 CINEMA – Olga – Saindo da história para entrar na telenovela – 01/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/olga-saindo-da-histria-para-entrar-na.html

83 HISTÓRIA – A última morte de Getúlio Vargas – 01/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/ltima-morte-de-getlio-vargas-o.html

84 COMPORTAMENTO – Divagação sobre o trânsito – 14/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/divagao-sobre-o-trnsito-o-automvel.html
85 BRASIL – “Vota Brasil”: pra quê? – 19/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/vota-brasil-pra-qu-justia-eleitoral-est.html

86 BRASIL – O Conselho de Jornalismo e o escriba – 19/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-conselho-de-jornalismo-e-o-escriba.html

87 BRASIL – A greve dos bancários de 2004 – 27/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/greve-dos-bancrios-o-ato-de-fazer-greve.html

88 CINEMA – Rei Artur: cadê o cálice sagrado? – 27/09/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/rei-artur-cad-o-clice-sagrado-comentrio.html

89 CINEMA – Supremacia Bourne e a doutrina Bush – 05/10/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/supremacia-bourne-e-doutrina-bush.html
90 CINEMA – Terminal – passaporte falsificado – 05/10/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/terminal-passaporte-falsificado.html

91 CINEMA – Kill Bill vol. 2 – pipoca com catchup – 19/10/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/kill-bill-vol.html

92 INTERNACIONAL – Os nazistas também foram eleitos – 12/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/os-nazistas-tambm-foram-eleitos-adolf.html

93 CINEMA – Sob o domínio do mal, dentro e fora das telas – 14/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/sob-o-domnio-do-mal-dentro-e-fora-das.html

94 BRASIL – Corinthians e MSI – O futebol imita a vida – 14/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/corinthians-e-msi-o-futebol-imita-vida.html

95 CINEMA – Entreatos (debate sobre os filmes da campanha de Lulla em 2002) – 23/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/entreatos-nome-original-entreatos.html

96 CINEMA – Peões (debate sobre os filmes da campanha de Lulla em 2002) – 23/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/pees-debate-sobre-os-filmes-da-campanha.html

97 BRASIL – Debate sobre os filmes da campanha de Lulla em 2002 – parte I – 23/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/debate-sobre-os-filmes-da-campanha-de.html

98 BRASIL – Debate sobre os filmes da campanha de Lulla em 2002 – parte II – 29/11/2004 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/debate-sobre-os-filmes-da-campanha-de_28.html

99 HISTÓRIA – Aspectos da relação entre filosofia, ciência e sociedade ao longo da história – 06/02/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/aspectos-da-relao-entre-filosofia.html

100 CINEMA – Alexander – política e melodrama – 07/02/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/alexandre-poltica-e-melodrama-comentrio.html

101 LIVROS – Lobo solitário: honra e glória da cultura samurai – 07/02/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/lobo-solitrio-honra-e-glria-da-cultura.html

102 BRASIL – Psicanálise do neoliberalismo lullista – 07/02/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/psicanlise-do-neoliberalismo-lullista_28.html

103 CINEMA – Oscar 2005 – Introdução – 25/02/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/oscar-2005-introduo-um-dos-critrios.html




107 CINEMA – Em busca da terra do nunca – 25/02/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/em-busca-da-terra-do-nunca-nome.html


109 COMPORTAMENTO – O bom selvagem e o roubo do duplimóvel – 19/04/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-bom-selvagem-e-o-roubo-do-duplimvel.html

110 LIVROS – Para além do capital – segunda leitura – 08/05/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/para-alm-do-capital-2a.html

111 CINEMA – Cruzada: ideologia entre a cruz e a espada – 10/05/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/cruzada-ideologia-entre-cruz-e-espada.html

112 CINEMA – A Queda – contradições do nazismo – 26/05/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/queda-contradies-do-nazismo-nome.html

113 BRASIL – A falência do governo Lulla e o fim do ciclo do PT na esquerda brasileira – 08/05/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/falncia-do-governo-lulla-e-o-fim-do.html

114 – LIVROS – Império do terror – a economia em tempos de guerra – 19/05/2005 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/imprio-do-terror-economia-em-tempos-de.html

115 CINEMA – A Vingança dos Sith – fábula e história – 20/05/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/vingana-dos-sith-fbula-e-histria_29.html

116 BRASIL – PT, mensalão, CPI, mídia, golpismo, etc.: crônicas de uma tragédia anunciada – 19/06/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/pt-mensalo-mdia-e-golpismo-pt-mensalo_8024.html


118 BRASIL – Da natureza do peleguismo; ou: a traição de classe como problema moral – 10/07/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/da-natureza-do-peleguismo-ou-traio-de_5970.html

119 CINEMA – A fantástica fábrica de chocolate ou a infância empacotada – 20/07/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/fantstica-fbrica-de-chocolates-ou_29.html

120 CINEMA – Terra dos mortos e o pesadelo dos vivos – 20/07/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/terra-dos-mortos-e-o-pesadelo-dos-vivos_29.html

121 CINEMA – Sr. e Sra. Smith: guerra dos sexos no cinema – 21/07/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/sr_29.html

122 CINEMA – Quarteto fantástico: da corrida espacial para a corrida pela fama – 21/07/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/quarteto-fantstico-da-corrida-espacial_29.html

123 BRASIL – O político e o filósofo – debate sobre os rumos da esquerda – 03/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-poltico-e-o-filsofo-debate-sobre-os_29.html

124 – BRASIL – Para onde vai o PT? Façam suas apostas – 04/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/faam-suas-apostas-para-onde-vai-o-pt_29.html

125 – CINEMA – Um dia sem mexicanos: obreirismo e telenovela – 07/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/um-dia-sem-mexicanos-obreirismo-e_29.html

126 – INTERNACIONAL – O capitalismo catástrofe e o feitiço contra o feiticeiro – 14/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-capitalismo-catstrofe-e-o-feitio.html

127 – CINEMA – Hotel Ruanda: bem-vindo à barbárie – 13/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/hotel-ruanda-bem-vindo-barbrie.html

128 – CINEMA – A ilha: nunca perca a esperança – 14/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/ilha-nunca-perca-esperana-comentrio.html

129 – BRASIL – A marcha a Brasília – 19/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/marcha-braslia-no-dia-17-de-agosto-de.html

130 – BRASIL – Morte e pizza severina – 19/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/morte-e-pizza-severina-pizza-est.html

131 HISTÓRIA – Cem anos da Revolução Russa – 1905-2005 – Parte I – 21/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/cem-anos-da-revoluo-russa-1905-2005.html

132 HISTÓRIA – Cem anos da Revolução Russa – 1905-2005 – Parte II – 21/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/cem-anos-da-revoluo-russa-1905-2005_29.html

133 HISTÓRIA – Cem anos da Revolução Russa – 1905-2005 – Parte III – 21/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/cem-anos-da-revoluo-russa-1905-2005_4053.html

134 – BRASIL – Polícia para quem precisa de... polícia! – 23/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/polcia-para-quem-precisa-de.html

135 – BRASIL – O partido, a revolução e os bichos – 28/08/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-partido-revoluo-e-os-bichos-chegada.html

136 – BRASIL – Eu lia a Caros Amigos – 03/09/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/eu-lia-caros-amigos-mdia-brasileira.html

137 – BRASIL – Veja e o ouro de Havana – 04/09/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/veja-e-o-ouro-de-havana-tivemos-ocasio.html

138 – BRASIL – Memórias de Vila Euclides – 07/09/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/memrias-de-vila-euclides-houve-tempos.html

139 – CINEMA – A classe operária vai ao paraíso – 08/09/2005 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/classe-operria-vai-ao-paraso-nome.html

140 – CINEMA – A batalha de Argel: Manual da revolução em 23 lições – 10/09/2005 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/batalha-de-argel-manual-da-revoluo-em.html

141 CINEMA – Cidade baixa: dialética da baianidade – 10/09/2005 (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/cidade-baixa-dialtica-da-baianidade.html

142 – INTERNACIONAL – Paris urgente: a revolução não será televisionada – 11/11/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/paris-urgente-revoluo-no-ser.html

143 – FUTEBOL – Salve(m) o Corinthians – 04/12/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/salvem-o-corinthians-o-futebol-o-pio-do.html

144 – BRASIL – Adeus ano novo – 30/12/2005 – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/adeus-ano-novo-2005-foi-um-ano.html

145 – INTERNACIONAL – A Nova Ordem Mundial e as teorias da conspiração – 31/12/2005 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/nova-ordem-mundial-e-as-teorias-da.html

146 – BRASIL – Socialismo e estatismo – 31/12/2005 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/socialismo-e-estatismo-idia-de-que-o.html

147 – INTERNACIONAL – Oriente Médio em chamas – 21/02/2006 (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/oriente-mdio-em-chamas-recente-vitria.html

148 – INTERNACIONAL – A democracia do imperialismo tardio – 12/04/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/democracia-do-imperialismo-tardio.html

149 – HISTÓRIA – Democracia (ditadura) burguesa e ditadura (democracia) do proletariado – 12/04/2006 (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/democracia-ditadura-burguesa-e-ditadura.html

150 – INTERNACIONAL – Os povos na rua e a crise global do capital – 12/04/2006 (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/os-povos-na-rua-e-crise-global-do.html

151 – CINEMA – O Código da Vinci e os segredos do espetáculo – 02/08/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-cdigo-da-vinci-toda-vez-que.html


153 – BRASIL – O dia em que São Paulo parou – 02/08/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-dia-em-que-so-paulo-parou.html

154 – BRASIL – Fragmentos sobre as eleições 2006 – 02/08/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/fragmentos-sobre-as-eleies-2006-1.html

155 – APRESENTAÇÃO – Anexo I – 22/08/2006 – (***) – http://politicapqp.blogspot.com/2006/08/anexo-i.html

156 – APRESENTAÇÃO – Anexo II – 22/08/2006 – (***)

157 – APRESENTAÇÃO – A morte de Janus Mazursky – 22/08/2006 – (***)

158 – BRASIL – Reflexões sobre as eleições 2006 – 07/09/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/reflexes-sobre-as-eleies-2006.html

159 – BRASIL – Um fantasma ronda os trabalhadores: o desemprego – 08/09/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/um-fantasma-ronda-os-trabalhadores-o.html

160 – BRASIL – A violência urbana e a necessidade da revolução – 08/9/2006 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/violncia-urbana-e-necessidade-da.html

161 – BRASIL – Todo voto é nulo – 13/09/2006 – (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/todo-voto-nulo-existem-trs-tipos-de.html
162 – BRASIL – Vote nulo no 2º. turno – 16/10/2006 – (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/vote-nulo-no-2.html

ÍNDICE163 – APRESENTAÇÃO – Apresentação – 07/11/2006 (*)
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ÍNDICEÍNDICE164 – APRESENTAÇÃO – Índice – 07/11/2006 (*) –
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165 – BRASIL – Algo estranho acontece nos céus do Brasil – 19/11/2006 – (***) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/algo-estranho-acontece-nos-cus-do.html

166 – INTERNACIONAL – Chávez e o socialismo – 05/01/2007 (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/chvez-e-o-socialismo-ao-iniciar-seu.html

167 – CINEMA – Socorram me subi no ônibus em Marrocos – 27/01/2007 (****) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/socorram-me-subi-no-onibus-em-marrocos.html

168 – BRASIL – O equilibrista bêbado: como Lula seguirá traindo os trabalhadores – 14/02/2007 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/o-equilibrista-bbado-como-lula-seguir.html

169 – INTERNACIONAL – As crises do capital e a vida dos trabalhadores – 15/04/2007 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/as-crises-do-capital-e-vida-dos.html

170 – CINEMA – Os 300 de Esparta e as batalhas do presente – 15/04/2007 (**) – http://politicapqp.blogspot.com/2007/05/os-300-de-esparta-e-as-batalhas-do.html

Daniel M. Delfino
Maio 2007

NOTAS

(*) As datas em que os artigos foram escritos não são 100% exatas. Por conta das esdrúxulas circunstâncias nas quais a publicação dos textos foi descontinuada, conforme explicado na “Apresentação”, tornou-se impossível saber a data exata de sua publicação original. Na falta da data exata de publicação original, as datas listadas neste ÍNDICE dizem respeito ao momento aproximado em que o texto foi inicialmente concebido pelo autor. Esse momento aproximado de concepção de cada artigo foi aferido pelo instante em que o arquivo digital de texto foi originalmente criado. Esse momento é automaticamente registrado pelo programa editor de texto, constando no menu “arquivo-propriedades-estatísticas”.
Os textos “Ìndice” e “Apresentação” foram concebidos há vários meses, conforme consta na lista acima, juntamente com todo o projeto do “blog”, mas evidentemente somente puderam ser publicados agora com a “inauguração oficial”.

(**) Os textos cuja data aparece acompanhada do sinal (**) foram escritos num período intermediário entre o momento em que todos os demais textos listados “saíram do ar” (entre março e abril de 2006) e o momento em que este “blog” foi criado (entre abril e maio de 2007). Tais textos jamais foram publicados em qualquer outro veículo, permanecendo inéditos no “limbo virtual” até a inauguração do “Política para quem precisa”. Foram também aqui incluídos, em forma de desagravo, por remeterem ao peculiar momento em que o escriba esteve “desaparecido”.

Quando a publicação de textos foi interrompida, a primeira “vítima” a ficar sem espaço para ser lida foi o texto “Os povos na rua e a crise global do capital”, que tratava dos movimentos vitoriosos dos estudantes franceses contra o CPE e dos imigrantes nos Estados Unidos contra o projeto de lei pelo qual Bush pretendia expulsá-los (o projeto foi temporariamente engavetado, mas Bush promete trazê-lo de volta em agosto deste ano). Esse texto estava sendo planejado para ir ao ar no dia 1º de Maio de 2006, que uma greve geral histórica faria ser batizado como “o dia sem imigrantes”; mas quiseram as estranhas circunstâncias daquele período que tal texto não pudesse ser publicado.

Assim, transcorrido um ano daquelas jornadas, nada mais justo do que marcar para o 1º de Maio de 2007 a “inauguração oficial” do “Política para quem precisa”. Mas, como o trabalhador em geral ainda se dá mal na maioria das vezes, este escriba-proletário não conseguiu viabilizar o intento de inaugurar seu blog na representativa data de 1º de Maio. Cortesia do provedor de internet e dos servidores do Blogger, os quais em conjunto conspiraram para adiar a postagem definitiva de todos os textos impondo uma série de reveses técnicos. Somente agora, um mês depois, os textos são publicados e o aviso de “inauguração oficial” pode ser emitido.

(***) Os textos que aparecem acompanhados de (***) foram publicados em caráter “experimental” aqui mesmo neste “blog”, durante o período em que o “Política para quem precisa” estava sendo construído e testado pelo autor.
(****) O texto “Cidade baixa: dialética da baianidade” foi publicado sob o pseudônimo de Janus Mazursky pseudônimo no site do PSTU (http://www.pstu.org.br/principal.asp); os demais textos com identificados com (****) foram publicados no jornal e na página da organização “Espaço Socialista” (http://www.espacosocialista.kit.net/).

Os 300 de Esparta e as batalhas do presente


(Comentário sobre o filme “300”)

Nome original: 300
Produção: Estados Unidos
Ano: 2006
Idiomas: Inglês
Diretor: Zach Snyder
Roteiro: Zach Snyder, Kurt Johnstad
Elenco: Gerard Butler, Lena Headey, Dominic West, David Wenham, Vincent Regan, Michael Fassbender, Tom Wisdom, Andrew Pleavin, Andrew Tiernan, Rodrigo Santoro, Giovani Cimmino, Stephen McHattie, Greg Kramer, Alex Ivanovici, Kelly Craig
Gênero: ação, drama, guerra
Fonte: “The Internet Movie Database” – http://www.imdb.com/



“Leônidas te pede que se erga. Eu peço apenas que se ajoelhe”
Xerxes em “300”



Frank Miller é o mais importante autor de histórias em quadrinhos nos Estados Unidos, tendo sido responsável pela aparição de obras-primas como “A queda de Murdoch” (história magistral do personagem “Demolidor”, que o projetou para o estrelato instantâneo), “O homem sem medo”, “Electra Assassina”, “Ronin”, “Cavaleiro das trevas”, “Batman – ano 1” e toda a série “Sin City”. Seu talento como roteirista e ilustrador o alçaram à condição excepcional de autor independente, que produz à margem das grandes editoras Marvel e DC Comics, com total liberdade de criação e mercado cativo para qualquer trabalho que sai de sua prancheta.

Destacando-se no deserto de criatividade em que se tornou a indústria estadunidense de quadrinhos há várias décadas, Miller já foi cortejado pelo cinema no passado, quando colaborou como roteirista para “Robocop” 2 e 3. O resultado filmado ficou tão grotescamente distante de suas idéias originais, por conta das interferências absurdas dos executivos, que o autor jurou nunca mais trabalhar para Hollywood. A promessa só foi quebrada em 2005, quando o esperto diretor Robert Rodriguez mostrou que era possível levar uma das histórias de “Sin City” para as telas sem descaracterizá-la, produzindo por conta própria um trecho de alguns minutos de filmagem tão literalmente fiel ao original que prontamente convenceu Miller a ser seu parceiro na produção do filme completo.

O sucesso artístico de “Sin City” fez com que o exigente e ressabiado Miller baixasse a guarda em relação a Hollywood. Antenado, o diretor Zach Snyder, responsável pelo pequeno clássico de terror “Madrugada dos mortos” (2004), usou do mesmo método de Rodriguez para adaptar para o cinema outra pérola de Miller, o álbum “300”, que conta a história do rei Leônidas e dos 300 soldados de Esparta que detiveram a invasão persa na Batalha das Termópilas, em 480 a. C. O filme de Snyder levou a história para as telas de modo quase tão literal (veremos que há algumas infidelidades) quanto o que foi feito anteriormente com “Sin City”, preservando no geral a visão bastante peculiar do autor sobre esse episódio histórico.

O universo de Frank Miller, seja nos quadrinhos ou no cinema, não é dos mais comerciais e palatáveis para qualquer audiência. As histórias são violentíssimas, invariavelmente sanguinárias, resvalando no mau gosto; e também muito sensuais, provocantes, cínicas, repletas de humor negro e absurdo, moralmente complexas e povoadas por personagens ambíguos. O imaginário do autor, influenciado pela leitura voraz do monumental mangá japonês “Lobo Solitário” e dos gibis estilo “noir” do seu mestre Will Eisner; é acentuadamente masculino (o que não é o mesmo que machista), fatalista a ponto de ser cruel e chocante na sua dureza. Miller vê o mundo habitado por fortes e fracos, sendo os fortes aqueles que perseguem seus desejos sem hesitar e enfrentam a morte com audácia (o que não significa que ele não tenha simpatia e sensibilidade para com os vencidos da sociedade). Seus heróis também transpiram inteligência, malícia e humor, o que colabora para torná-los irresistíveis (o que também não é o mesmo que invencíveis).

A sensibilidade bastante peculiar do autor foi preservada na transposição de “300” para as telas. O episódio das Termópilas foi enriquecido com uma série de liberdades poéticas. Na estética “milleriana” os 300 espartanos são como samurais prontos para morrer, treinados desde crianças na arte da guerra; e Leônidas é um típico herói noir, apaixonado e amargurado, que sabe o que o futuro trará e tenta tirar algum prazer dessa sabedoria. O heroísmo dos gregos é artificialmente revestido de um bizarro sabor “samurai-noir”. Os anacronismos não param simplesmente nos aspectos formais, mas vão até os fundamentos da argumentação dramática.

Para justificar a necessidade de defender a Grécia da invasão persa, o autor usa como argumento a defesa da liberdade, da justiça, da democracia e da razão. Ora, nenhum desses conceitos nem sequer existia para os gregos, e muito menos para os espartanos, com o mesmo significado que nós lhes damos hoje. Os gregos tinham sim uma noção de sua dignidade e das características peculiares do seu modo de vida, tanto assim que denominavam “bárbaros” àqueles que não falavam a sua língua e não partilhavam os mesmos costumes. Consideravam os bárbaros inferiores e apropriados somente para a escravidão ou a morte. Os gregos eram de fato um povo especial no mundo antigo, e de fato deram origem à liberdade, à justiça, à democracia e à razão, mas de um modo muito embrionário, que não se pode confundir com as idéias modernas que temos desses conceitos.

A democracia era restrita aos cidadãos livres. Os escravos e as mulheres não participavam das decisões. Na urbana e cosmopolita metrópole comercial de Atenas, floresceu uma classe de trabalhadores e artesãos que venceu a antiga aristocracia e instalou a democracia direta das assembléias em praça pública, mas ainda excluindo os escravos, estrangeiros e mulheres. Na interiorana e obscurantista Esparta, os aristocratas se transformaram em soldados em tempo integral, para submeterem as constantes revoltas dos escravos e das cidades vassalas da região da Lacônia. Os espartanos eram um caso único na Grécia em que os cidadãos (somente os do sexo masculino) se dedicavam a treinamento militar desde os 7 até os 60 anos de idade.

Quando Leônidas encontra o exército da cidade aliada da Arcádia, ele brinca com o fato de os soldados árcades serem todos voluntários, pedreiros, comerciantes, etc., que por ocasião da invasão persa pegam em armas para lutar; enquanto que seus espartanos são todos soldados “profissionais”, guerreiros em tempo integral. Do ponto de vista grego, isso não fazia os espartanos serem vistos como superiores, mas pelo contrário, como semi-bárbaros. Os cidadãos dos outros Estados gregos tinham orgulho de serem trabalhadores livres e de lutar por suas cidades, e por isso tais cidades não precisavam de exércitos permanentes como Esparta. Podiam contam com voluntários entusiasmados em caso de guerra.

Os gregos (livres) de modo geral se dedicavam à arte, à cultura e às atividades cívicas, mas também sabiam da necessidade de lutar. Buscavam um equilíbrio em que cabiam aspectos do soldado, do orador e do artista para compor o seu ideal de cidadão. A exceção era precisamente Esparta, onde os cidadãos somente se dedicavam à guerra. Não é por acaso que Esparta não legou à humanidade, como fizeram copiosamente seus primos gregos, nenhuma obra de filosofia, direito, teatro, poesia, música, matemática, ciência, pintura, escultura, arquitetura, etc., capaz de perpetuar seu legado na História. Talvez tenha deixado a educação física, que também é muito importante, mas é pouco.

Há outros aspectos desse obscurantismo militarista espartano que chocam a sensibilidade contemorânea: os recém-nascidos deficientes, fracos e doentes eram jogados de um penhasco. Em Esparta somente poderiam viver aqueles cujos corpos fossem considerados adequados para a guerra, no caso dos homens, ou para gerar soldados, no caso das mulheres. Ou seja, os espartanos praticavam a eugenia milênios antes dos nazistas. Mas hoje podem ser considerados heróis no cinema... Frank Miller não escondeu esses aspectos mais chocantes do modo de vida espartano. Não teve pudores “politicamente corretos” ao caracterizar o traidor Ephialtes (personagem histórico real) como um deficiente físico que escapou da sina de ser jogado à morte no penhasco.

Para contrabalançar a crueza espartana (ou para preencher tempo sobrante de filmagem, uma vez que a história em quadrinhos original é muito curta), o diretor Snyder inseriu uma subtrama que não constava nos quadrinhos, em que a rainha desmonta um complô de políticos traidores vendidos aos persas que havia impedido Leônidas de usar todo o exército na guerra e obrigou o rei a partir com somente 300. Temos aqui uma coleção de pequenos absurdos históricos. Em primeiro lugar, em Esparta não havia uma separação entre uma camada de “políticos” e a dos nobres militares que decidiam fazer ou não a guerra. Essa separação é típica do imaginário popular estadunidense, onde se pensa que o exército do país só não consegue vencer as guerras (como a do Vietnã) porque os políticos traem os soldados. Filmes como os da série “Rambo” se dedicam a explorar comercialmente esse tipo de vontade de satisfação de um povo que se sente traído por seus políticos e que quer fazer a guerra até o fim. O público estadunidense consegue assim ser mais reacionário do que seus políticos. Snyder contrabandeia subterraneamente parte desse discurso para “300”, fazendo justiça ao desejo de sangue do público por meio da atitude da rainha.

Aqui temos uma segunda inverdade histórica: ainda que em Esparta houvesse uma assembléia em que os notáveis pudessem deliberar “democraticamente” sobre os rumos da cidade, nessa assembléia jamais uma mulher teria a palavra. Nem mesmo uma rainha. A função das mulheres espartanas, como a própria rainha expôs ao embaixador persa, é parir soldados espartanos. E mesmo isso jamais lhes daria a autoridade para estar presente junto ao rei e dirigir-se ao embaixador persa. Se havia um lugar na misógina Grécia em que as mulheres tinham ainda menos valor, esse lugar era Esparta.

Se a caracterização dos gregos tem alguns problemas, a dos persas não fica atrás. Na estética de Miller, os persas se parecem mais com africanos do que com asiáticos do oriente próximo. Os Imortais de Xerxes (guarda do Imperador, elite do exército, único setor “profissional” das tropas persas, que realmente existiu, e foi derrotado pelos 300) são apresentados como ninjas japoneses. O imperador Xerxes é mostrado como um semi-deus andrógino. Essa apresentação é apenas parcialmente verdadeira.

Convém lembrar que os gregos também sabiam apreciar as virtudes de seus adversários. Xenofonte, mercenário e suposto discípulo de Sócrates como Platão, escreveu uma obra chamada “Ciropedia”, ou “educação de Ciro”, descrevendo elogiosamente o príncipe persa Ciro, o jovem. Seu homônimo ancestral, fundador do império persa, diferentemente do Xerxes de Miller, partilhava dos mesmos infortúnios de qualquer soldado raso, dormindo em tendas e comendo ração de campanha. Isso relativiza o tratamento unilateral e maniqueísta típico do cinema estadunidense, fortemente exacerbados no filme.

Mas não se pode ser muito severo com um trabalho como “300”. De saída o exagero visual, o excesso de violência, os personagens caricaturais, o tom estilizado, indicam que se trata de uma brincadeira ligeira, apesar de suntuosa, abordando um determinado tema histórico. Essa ligeireza desautoriza qualquer apreciação excessivamente detalhista, convidando à indulgência crítica e ao deleite visual descomprometido. “300” não é um filme pretensioso como o “Alexandre” de Oliver Stone, e por isso mesmo é menos problemático.

Por falar em deleite visual, o público feminino e homossexual será instantaneamente magnetizado pela exposição massiva dos corpos masculinos seminus dos soldados espartanos, todos em excelente forma. Por falar em homossexualidade, é oportuno lembrar também que esse conceito não existia na antiguidade, nem entre os gregos nem em nenhum outro povo. Os antigos não dividiam a sexualidade entre “hétero” e “homo”, como fez o cristianismo, e permitiam que o desejo fluísse livremente entre os corpos, sem que isso tivesse implicações morais. O filme de Snyder não pôde ser inteiramente fiel nesse ponto, pois teve que cobrir os espartanos de tangas, que inexistiam no gibi.

Para concluir, o que faz com que um filme violento, caricatural, historicamente impreciso, que comete infidelidades em relação à obra original e que manifesta rasgos reacionários possa conter alguma lição valiosa?

Todo verdadeiro artista, como Miller, é capaz de enxergar, apesar dos traços ideológicos próprios da sociedade em que sua obra se enraíza, onde está a questão fundamental a ser apresentada como objeto de reflexão ética relevante e como tema esteticamente válido, e também é capaz de dar a resposta correta para essa questão. No caso de “300”, o conflito fundamental está exposto de forma lapidar na frase que escolhemos como epígrafe, atribuída a Xerxes: “Leônidas te pede que se erga. Eu peço apenas que se ajoelhe”.

A alternativa contida nessa frase é a mesma que atravessa toda a história da sociedade de classes: ou nos ajoelhamos perante os poderosos ou lutamos. A frase de Xerxes é a de todos os dominadores da História. Eles não nos pedem senão que nos ajoelhemos perante eles. Quão fácil é se ajoelhar! Quão fácil é render-se, resignar-se, conformar-se, vender-se, esperar, deixar passar, adiar, ceder, obedecer!

Fazemos isso todos os dias, na medíocre batalha diária pela abjeta sobrevivência no mundo capitalista. O sistema sabe recompensar aqueles que se ajoelham, como Ephialtes. Leônidas ironizou de forma precisa e devastadora essa recompensa, quando desejou a Ephialtes “que vivesse para sempre”. É essa a vida eterna e a recompensa que os poderosos oferecem: a sobrevida, a submissão e a negação da vida autêntica.

Em contrapartida, quão difícil é lutar! A postura de Leônidas é a mesma que nos pedem todos os revolucionários: que nos ergamos! Morrer de pé é melhor do que viver de joelhos, tanto nas Termópilas como hoje.

Daniel M. Delfino
15/04/2007

As crises do capital e a vida dos trabalhadores




No dia 27 de fevereiro de 2007 a bolsa de valores de Xangai, na China, teve uma queda de 9%, a pior em 10 anos. Essa queda provocou abalos em todos os mercados financeiros do mundo, com as bolsas fechando em baixa por toda parte, inclusive no Brasil (a Bovespa caiu 6,6% no dia 28/2). Seguiu-se a esse abalo o anúncio de problemas sérios também na economia mais importante do sistema, a dos Estados Unidos. Aumentaram os temores de que a bolha especulativa no mercado imobiliário estadunidense esteja prestes a estourar. O estouro da bolha teria efeitos importantes no conjunto da economia mundial. Analistas começam a falar na possibilidade de um novo ciclo de recessão, interrompendo o atual ciclo de crescimento global que se iniciou em 2003.

Em outras palavras, podemos estar diante de mais uma crise econômica do sistema capitalista. Apenas para que se possa ter uma noção do que isso significa, o último ciclo de recessão, que se estendeu entre 2000 e 2002, teve como efeitos, entre outros, a quebra da economia da Argentina, em Dezembro de 2001, resultando nos famosos panelaços que derrubaram 5 presidentes em um mês. As revoltas que sacudiram o continente latino-americano naquele período, como as da Bolívia em 2000, 2003 e 2005, e do Equador em 2003; assim como as eleições de candidatos que posavam como alternativos ao neoliberalismo (mais tarde, provariam que não eram, seguindo o mesmo modelo, como Lula no Brasil); estão ligadas a problemas econômicos gerados pela recessão mundial daquele período.

Estamos vivendo portanto numa época em que as crises econômicas adquiriram um caráter de fenômeno universal, com propagação instantânea de um país para o outro e conseqüências globais, afetando o conjunto da humanidade. Além de ameaçar o mundo com guerras constantes e o perigo do apocalipse ambiental (dramaticamente exemplificado pelo problema tardiamente reconhecido do aquecimento global), sem falar na miséria em que vive a imensa maioria da humanidade; o sistema capitalista também nos ameaça com o simples desenvolvimento do seu funcionamento “normal”, que periodicamente ocasiona crises econômicas com graves efeitos destrutivos sobre a vida das massas. Torna-se fundamental, portanto, do ponto de vista dos trabalhadores, entender a dinâmica dessas crises, para desenvolver as respostas políticas adequadas.

As crises periódicas do capital

Desde que Marx estabeleceu cientificamente os princípios da economia política dos trabalhadores, o fenômeno das crises econômicas já é até certo ponto bem conhecido. O modelo básico de uma crise econômica capitalista é o das crises de superprodução de mercadorias. Esse tipo de crise se origina num defeito fundamental e insuperável do capitalismo, que só pode ser vencido por meio da destruição desse modo de produção irracional. A superprodução acontece quando a economia produz mais mercadorias do que é possível consumir. E a economia capitalista é forçada por sua própria lógica a funcionar dessa maneira, pois: (1) de um lado, existe a pressão para que se produza cada vez mais em menos tempo, com o uso de novas tecnologias, e com a conseqüente diminuição da quantidade de força de trabalho humana empregada, para diminuir os custos; e (2) de outro lado, a diminuição do número de trabalhadores empregados faz com que diminua o número de pessoas que poderá consumir as mercadorias.

Aquilo que as empresas de um determinado ramo da economia conseguem ganhar com o aumento da produtividade, reduzindo seus custos e diminuindo a quantidade de trabalhadores empregados, resulta em perdas para o conjunto da economia, pois esses trabalhadores demitidos não poderão consumir o que os outros ramos da economia produzem. Logo, as empresas desses outros ramos serão forçadas também a demitir. E os trabalhadores, uma vez demitidos, não poderão consumir o que aquele primeiro setor que aumentou a produtividade foi capaz de produzir. A sincronização desse movimento entre vários setores da economia simultaneamente é o que produz a recessão numa determinada economia nacional.

Grosseiramente, esse é o esquema básico de uma crise econômica capitalista. Marx dizia que “não existe crise permanente do capital, existem crises periódicas em permanência”. Com isso ele queria dizer que enquanto existir o capitalismo existirão crises desse tipo, mas essas crises estarão intercaladas com momentos de crescimento, num movimento de ondulação sem fim, como uma montanha russa.

A crise estrutural do capital

Naturalmente, os economistas e políticos burgueses tentam tomar medidas para evitar que as crises se tornem graves o suficiente para abalar o sistema e permitir que seja derrubado, o que poria um fim na sua dominação de classe. A burguesia foi obrigada a reconhecer a necessidade de tais medidas pela irrupção da crise de 1929, a mais grave do sistema capitalista mundial, que provocou uma depressão mundial, desemprego massivo nas economias centrais (Estados Unidos e Europa), a ascensão do nazismo na Alemanha e indiretamente a própria eclosão da 2a. Guerra Mundial. No pós-guerra, para impedir uma revolução socialista na Europa que desse aos trabalhadores a condição de organizar a economia segundo as necessidades sociais, a burguesia passou a fazer concessões, criando políticas de Estado para chegar ao pleno emprego. Elevaram-se os salários e concederam-se benefícios aos trabalhadores, que ingressaram na chamada “sociedade de consumo” e deram fôlego para que o capitalismo sobrevivesse em plena superprodução de mercadorias.

O resultado dessas políticas de bem-estar social foi uma relativa atenuação das crises nos países centrais nos anos de 1945-1970, conhecidos como os “anos dourados” do capitalismo. A economia cresceu vertiginosamente nesse período e houve espaço até mesmo para que países periféricos como o Brasil vivessem o seu “milagre econômico”. Entretanto, isso não significa que as contradições tivessem sido eliminadas. Os próprios mecanismos criados para administrar as crises, como os sistemas de crédito, endividamento, financeirização, etc., acabam se tornando fatores de novas crises, por meio da especulação, etc.

Os “anos dourados” do capitalismo também apresentaram outras formas de contradição. Além do consumo de massa, a economia estadunidense em particular também se tornou dependente das encomendas do Estado junto ao complexo-industrial militar para equipar o monstruoso arsenal de destruição de massa montado no contexto da Guerra Fria. Sem os gastos do Estado em ciência, tecnologia e produção empregada para a guerra, a economia dos Estados Unidos não poderia crescer tanto. Daí a necessidade permanente de intervenções imperialistas, como a do Vietnã nos anos 60 e a do Iraque nos dias de hoje. Trocou-se a Guerra Fria pela “guerra ao terror”, mas o fundamento econômico do militarismo estadunidense permaneceu o mesmo.

A grande diferença entre um período e outro é que desde o início da década de 1970 os mecanismos do chamado “estado de bem-estar social” que propiciaram a aparição da “sociedade de consumo” e dos “milagres econômicos” já não funcionam mais. A revolução tecnológica (alguns autores falam em 3a. Revolução Industrial, depois daquelas da máquina a vapor e dos motores de combustão) da informática, da robótica, das telecomunicações, da internet; bem como as crises do petróleo desde 1973/79, a volta do liberalismo desenfreado (neoliberalismo), o unilateralismo dos Estados Unidos, o protecionismo nas disputas comerciais entre as potências, a globalização dos mercados de trabalho; tudo isso pôs fim aos canais artificiais que permitiam aos gestores do capitalismo deslocar as crises econômicas. Voltamos a um cenário em que novas crises como a de 1929 se tornam uma ameaça palpável no horizonte.

As crises periódicas do capital explicadas por Marx passam a acontecer num momento em que não existem mais mecanismos de deslocamento das contradições capazes de atenuar seus efeitos destrutivos. Isso nos autoriza a falar, segundo Mészáros (“Para além do capital”, 2003, Ed. Boitempo), em uma “crise estrutural do capital”. Vivemos num período em que o capitalismo não pode escapar das crises sem um agravamento mortal das suas características destrutivas: guerra, degradação ambiental, desemprego e miséria generalizada.

A próxima crise econômica

Uma característica recente do capitalismo, típica do nosso período histórico, e portanto impossível de ser prevista por Marx, é o entrelaçamento entre os ciclos da economia dos Estados Unidos, a mais poderosa do sistema, e o restante da economia mundial. A história econômica estadunidense revela uma seqüência de 31 ciclos econômicos entre 1854 e 1991, com uma média de 35 meses de expansão e dezoito meses de declínio (Fonte: “Império do Terror – Estados Unidos, ciclos econômicos e guerras no início do século XXI”, José Martins, 2005, Ed. Instituto José Luís e Rosa Sunderman). Entre 1991 e 1999/2000, os Estados Unidos cresceram, levando o resto do mundo consigo. Quando a bolsa NASDAQ estourou em 2000 e o WTC caiu em 11/09/2001, os Estados Unidos entraram num ciclo de declínio, trazendo também o restante do mundo consigo. Ou seja, estabeleceu-se um padrão pelo qual quando os Estados Unidos crescem, o mundo cresce; quando os Estados Unidos param, o mundo pára.

Isso significa que a crise que está se gestando no mercado imobiliário estadunidense pode ser o estopim da próxima crise econômica global. O mercado da especulação imobiliária foi um dos principais sustentáculos do ciclo de crescimento da década de 1990, e foi o único que sobreviveu depois do estouro da bolha especulativa da “nova economia” da internet em 2000. Trata-se de uma forma de crescimento artificial e degenerado em relação ao mecanismo clássico da superprodução, pois se caracteriza pela financeirização e pelo “efeito riqueza” que ela gera. Convém portanto observar mais de perto esse fenômeno.

A especulação imobiliária consiste num movimento circular em que os preços dos imóveis residenciais se tornam cada vez mais altos. Com os seus imóveis valorizados, os consumidores estadunidenses fazem hipotecas e tomam empréstimos nos bancos. Com esses empréstimos, entregam-se ao consumo desenfreado de mercadorias, principalmente os importados da China. O consumismo estadunidense sustenta a economia mundial em crescimento e também a economia interna. Os aplicadores investem em títulos acionários das imobiliárias, com base na promessa de valorização contínua dos imóveis. As imobiliárias, por sua vez, com o ingresso massivo de recursos, oferecem mais e mais empréstimos (há famílias que fazem 2 ou 3 hipotecas do mesmo imóvel), que permitem às famílias consumir mais e também construir mais imóveis, aquecendo o mercado da construção civil. A maioria das famílias estadunidenses possui dívidas mais altas do que a sua renda.

O problema acontece quando as hipotecas começam a não ser pagas. As imobiliárias que atuam no mercado secundário (2as. hipotecas) começam a ter prejuízos, que ameaçam desvalorizar suas ações, que por sua vez ameaçam desvalorizar as ações do setor em geral, e do conjunto do mercado acionário, que por sua vez repercute no conjunto da economia estadunidense e mundial. O estouro da especulação imobiliária já entrou na pauta dos analistas como um fato consumado, que fatalmente vai acontecer em breve, só não se sabe exatamente em que momento, em questão de semanas ou de meses. Essa é a razão do nervosismo desses analistas e do conjunto da mídia burguesa em relação à economia mundial.

As conseqüências para os trabalhadores

As conseqüências desse fenômeno típico do atual capitalismo mundial para a vida dos trabalhadores no Brasil serão seríssimas, pois, como vimos, uma recessão nos Estados Unidos afetaria sincronizadamente o restante da economia mundial. O consumo das famílias estadunidenses é o que sustenta o alto crescimento da industrialização da China. E a China, por sua vez, tendo em vista a sua condição de oficina que abastece o consumismo estadunidense, é um dos maiores importadores mundiais de “commodities”, nome dado aos produtos primários como petróleo, minério de ferro, cobre, soja, açúcar, álcool, aço, etc., fornecidos pelos países periféricos. Uma eventual diminuição da importação de commodities pela China teria conseqüências catastróficas para as economias da América Latina, como a do Brasil, que nas últimas décadas experimentaram um processo de desindustrialização e especialização regressiva e se transformaram, como na época colonial, em meros fornecedores de commodities.

O último relatório semestral do FMI sobre economia mundial (disponível em: “FMI - World Economic Outlook – Spillovers and Cycles in the Global Economy”, www.imf.org, Abril 2007) não poderia ser mais claro quanto às conseqüências da recessão que se avizinha para os países periféricos: “Um grande número de países emergentes e em desenvolvimento devem manter firmemente a estabilidade macroeconômica e financeira face aos ingressos massivos de moedas estrangeiras. Em geral, as reformas estruturais progrediram de maneira desigual no período recente e resta muita coisa a ser feita. Uma aceleração das reformas do mercado de trabalho na América Latina dinamizaria a fraca produtividade da região. A implantação de sistemas estáveis, transparentes e equilibrados para fornecer infraestrutura e para a exploração de recursos naturais poderia ajudar a reduzir os riscos de gargalos, corrupção e carência de investimentos, o que pode representar sérios obstáculos ao crescimento de longo prazo” (tradução do “Boletim Crítica Semanal da Economia”, n. 15, Abril de 2007, criticasemanal@uol.com.br).

Traduzido do “economês”, o FMI quer dizer o seguinte: é preciso acabar o quanto antes com os direitos trabalhistas, rebaixar os salários, precarizar as condições de trabalho e também privatizar tudo o que restou de controle estatal sobre os portos, ferrovias, rodovias, mineração e o fornecimento de energia e água; para que as frações do capital aqui investidas possam continuar lucrando. Aí está contido o programa do PAC e das reformas neoliberais contra a Previdência, a CLT, a estrutura sindical e a universidade pública que estão sendo realizadas aos poucos pelo governo Lula.

Quando os noticiários começam a falar em “crise econômica”, os trabalhadores precisam ficar atentos. Isso significa que os lucros da burguesia estão em perigo, e que a classe dominante precisará aumentar a exploração e a miséria. A crise pode demorar muito ou pouco, e pode ser mais ou menos intensa. A única coisa certa é que, para superar de vez as crises, a miséria e a barbárie impostos pelo capitalismo sobre nós todos os dias, somente a luta organizada dos trabalhadores na perspectiva da construção do socialismo pode oferecer uma solução eficaz e permanente.

Daniel M. Delfino
15/04/2007

O equilibrista bêbado: como Lula seguirá traindo os trabalhadores




Há um ditado popular segundo o qual alguém pode enganar muitos por algum tempo, ou enganar alguns por muito tempo, mas jamais enganar muitos por muito tempo. Lula contrariou o ditado, pois segue enganando a uma vasta maioria há bastante tempo, e acaba de reeleger-se para o segundo mandato com uma política absolutamente contrária aos interesses de seus eleitores. Há décadas sustenta-se essa ilusão de que Lula representa os trabalhadores brasileiros, desde quando o ex-metalúrgico era o “líder da oposição”. Mais do que simples engano subjetivo dos eleitores que acompanharam toda sua trajetória, e daqueles que a ela aderiram em 2002 e 2006, trata-se aqui de um processo de inversão ideológica de consideráveis proporções.

A inversão ideológica é o processo por meio do qual uma determinada classe social, no caso os trabalhadores, eleitores de Lula, pode ser levada a endossar os interesses da classe dominante como se fossem os seus próprios. Os trabalhadores seguem acreditando piamente no Estado burguês e no seu salvador da pátria de plantão. Os banqueiros, latifundiários, industriais, especuladores internacionais e corporações transnacionais, verdadeiros senhores do governo Lula, agradecem. A ideologia não é um simples engano, mas um processo social bastante complexo. Para que a inversão ideológica seja eficiente, necessita de determinadas condições materiais.

A viabilidade eleitoral de Lula e a mistificação ideológica correlata se escoram na periclitante viabilidade da gestão neoliberal do capitalismo periférico. A economia brasileira pode arrastar a sua lenta e contínua decomposição desde que o processo seja apresentado como manutenção da “estabilidade”. Nesse ponto a aparência é tudo, a propaganda é a alma do negócio. A burguesia brasileira e seus trôpegos esbirros no Estado equilibram-se como podem na corda bamba do capitalismo global, fazendo o possível para salvaguardar seus ganhos e descarregando os prejuízos no lombo da classe trabalhadora. Para que o embuste funcione é fundamental que o processo apareça de maneira invertida como a única forma possível de “gestão responsável” da economia. Descarregar os prejuízos do capitalismo brasileiro sobre os trabalhadores sem que haja a devida resistência exige uma sofisticada arte. É para esse papel que as habilidades de Lula são requeridas.

A decomposição da economia

É preciso entender as formas concretas pelas quais a economia brasileira tem se relacionado com o capitalismo global para precisar como a sua decomposição afeta de maneira diferenciada as várias classes e frações de classe da sociedade. O padrão deletério de subordinação do Brasil se expressa essencialmente por meio de uma brutal desnacionalização. As variáveis decisivas para o funcionamento da economia brasileira não estão sob controle nacional.

As operações das transnacionais aqui instaladas estão transformando o país em plataforma de exportação para os mercados mundiais. O mercado interno de bens industriais está cada vez mais reduzido. Os bens de maior valor agregado, que exigem tecnologia avançada, investimento em pesquisa científica, mão de obra qualificada, etc., não são projetados e nem sequer inteiramente fabricados aqui, apenas montados. O setor dinâmico do capitalismo, que nunca se instalou completamente no Brasil, está indo embora antes mesmo de ter chegado. Está em curso uma violenta desindustrialização, que se dá pelo fechamento de fábricas, pela dissolução das cadeias produtivas, pela perda de tecnologia.

E evidentemente, pelo desemprego. O modelo de plataforma de exportações exige o rebaixamento dos custos com mão de obra em cada país aos padrões internacionais, ou seja, ao nível mais baixo possível, determinado pelo de países onde a força de trabalho é praticamente semi-escrava, como a China. Para se adaptar a essa estrutura de custos em escala mundial, as transnacionais precisam ter a “flexibilidade” para se desfazer de estoques de mão de obra tornados “supérfluos” num determinado elo nacional da cadeia global do capital. Ou seja, precisam ter a liberdade para, a qualquer momento, em qualquer país onde estejam instaladas, demitir, rebaixar salários, precarizar condições de trabalho, etc. É por isso que o capital exige também o fim dos contratos coletivos, das organizações sindicais, das normas de proteção ao trabalhador, impondo a terceirização e outras formas de superexploração.

Ao mesmo tempo, aumentam as exportações de produtos agrícolas e bens primários. Há mais de uma década o “agro-business” se tornou a principal fonte de superávit na balança comercial. Se no período colonial tivemos o ciclo da cana de açúcar e no Império o do café, o neocolonialismo do século XXI nos trouxe ao “ciclo das commodities”. Florestas estão sendo derrubadas para dar lugar a plantações de soja, de cana de açúcar (para produção de etanol) e pastagens para o gado. Em algumas décadas, um solo antes exuberante terá se transformado em vastas extensões estéreis de terra desertificada. Mas até lá, os latifundiários e seus sócios nas transnacionais transgênicas já terão faturado a sua parte e a nossa “balança de pagamentos” apresentará “números equilibrados”. O futuro está sendo irresponsavelmente hipotecado para cobrir os desfalques do presente. Nesse quesito, os predadores que atualmente saqueiam o Brasil se beneficiam também de uma conjuntura externa excepcional na qual a forte demanda internacional por “commodities” favorece extraordinariamente as exportações.

A balança comercial favorável tem sido o principal sustentáculo da propalada “estabilidade” da economia. Isso a despeito de que o real esteja supervalorizado em relação ao dólar, o que origina constantes queixas dos exportadores. O estreitamento do mercado interno, por sua vez, incomoda a burguesia industrial. O único setor beneficiado em tempo integral é o mercado financeiro, onde os bancos e os especuladores faturam fortunas à custa dos títulos públicos, indexados a juros estratosféricos.

Haja o que houver, o pagamento dos juros da dívida pública deve ser preservado como prioridade absoluta do governo. Todos os demais gastos podem ser “contingenciados”. Os investimentos públicos, os programas sociais, a educação, a saúde, o saneamento, a infra-estrutura, os aposentados, os servidores públicos; tudo é colocado para escanteio no momento de decidir o que deve ser pago e o que pode esperar: a dívida pública é o único compromisso sagrado. Esse compromisso é o único que é cumprido religiosamente, não admitindo sequer a mais leve cogitação de que seja interrompido, sob pena de desencadear a ira do mercado e a pronta condenação por parte dos editorialistas de economia na mídia burguesa.

O programa da burguesia.

Esse modelo de “gestão responsável” da economia possui margens estreitíssimas de manobra. Não é fácil preservar uma “estabilidade” sempre precária. De todos os lados surgem clamores por modificações que possam tirar o país do marasmo das “décadas perdidas” sem crescimento. Mas as mudanças cogitadas situam-se sempre no patamar de alterações infinitesimais na taxa de juros, no câmbio, na “meta de inflação”, etc. Nada que possa resolver de fato uma situação estrutural de decomposição e desnacionalização avançada. E muito menos, nada que possa resolver os problemas da classe trabalhadora. O governo Lula tenta se mover no interior dessas margens estreitas, sem ousar jamais empreender qualquer movimento capaz de subtrair o país dessa lógica nefasta.

É por isso que o seu governo se resume a um exercício constante de puxar o cobertor, ora para cobrir os pés, ora a cabeça. O cobertor é simplesmente curto demais, já que, como foi dito, a dívida pública é o único compromisso sagrado, cumprido religiosamente, e não sobra mais nada para cobrir o restante. Esse exercício constante de inutilidades da obtusa política econômica “ortodoxa” precisa contentar a cada momento um setor diferente da burguesia: ora os exportadores, ora os industriais, e sempre os banqueiros. Ao mesmo tempo, é preciso engendrar alguma pirotecnia, como o Fome Zero no primeiro mandato, e agora o PAC, para dar assunto para os jornais e deixar a opinião pública discutindo inutilmente sobre as futilidades de ocasião.

Entretanto, isso parece ainda ser pouco. A burguesia reagiu ao PAC sem o menor entusiasmo. Seus porta-vozes na imprensa fizeram questão de lembrar que o pacote proposto está longe de ser o bastante para “destravar o crescimento” (leia-se, os lucros da burguesia). O capital quer sangue. Todas as formas clássicas de diminuir os custos, como as demissões, arrocho salarial, terceirização, precarização, deterioração das condições de trabalho, etc.; precisam cronicamente ser reforçadas pelo saque direto aos fundos públicos produzidos pelos trabalhadores. Os fundos administrados pelo Estado para cobrir as despesas com previdência e assistência social estão na mira dos abutres do mercado.

A mídia burguesa, portando-se com a cafajestagem que lhe é peculiar, não pára de bombardear a opinião pública com a mentira do déficit da previdência, de modo a aplainar terreno para a reforma que se anuncia como “urgente” e “inevitável”. Ao mesmo tempo, fala-se também na necessidade de “flexibilizar” a legislação trabalhista (ou seja, cortar direitos históricos e devolver o proletariado brasileiro aos primórdios da revolução industrial), e como medida paralela, reformar a legislação sindical (ou seja, burocratizar ainda mais os sindicatos para perpetuar a ditadura das atuais direções petistas e truncar no nascedouro qualquer possibilidade de resistência e luta).

O anúncio do PAC não pôde obscurecer a evidência de que as reformas da previdência, sindical e trabalhista, etc., que são as medidas efetivamente desejadas pelo capital, continuam na pauta. O PAC é apenas a oferta inicial de Lula para começar a negociar com a burguesia os rumos do 2º. mandato. As contrapropostas estão sendo feitas no bojo do arrastado processo de composição do ministério (ou seja, loteamento do Estado pelas camarilhas partidárias). Ao dar a cada um a sua parte, Lula espera soldar a unidade com a burguesia para somente então desferir o golpe de misericórdia das reformas.

Mas o fato de que seja apenas uma distração pirotécnica, acochambrada às pressas para dar aos jornais algo que comentar até a apresentação definitiva das reformas, não faz com que o PAC seja inofensivo. Pelo contrário, trata-se sim de um ataque bastante sério, que inclusive antecipa sub-repticiamente alguns pontos das reformas. O PAC consiste num programa para dar isenção de impostos para os empreendimentos da burguesia e fornecer infra-estrutura para esses empreendimentos à custa de dinheiro público (através das PPPs que vão produzir centenas de crateras pelo Brasil como a do metrô de São Paulo). Ao mesmo tempo, para cobrir o rombo causado por esse saque aos cofres públicos, anuncia-se o arrocho salarial (congelamento dos salários e superexploração dos servidores), o achatamento das aposentadorias (desvinculação dos reajustes do índice de correção do salário mínimo) e o corte de despesas públicas (dos gastos em saúde, educação, etc.). Aquilo que é apresentado como solução de todos os problemas é na verdade um conjunto de ataques que precisa ser combatido pela organização dos trabalhadores.

O impacto sobre a classe trabalhadora

As diferentes frações da burguesia digladiam-se em busca das formas de assegurar seus lucros num mercado em contínuo estreitamento. O acirramento da concorrência, ao invés de produzir benefícios para o consumidor e para “a sociedade em geral”, como deliram os manuais acadêmicos de economia, faz com que a burguesia corra para buscar socorro nos cofres do Estado. Ao Estado, pois, na sua qualidade de comitê gestor dos negócios capitalistas, cabe tomar as devidas medidas, como o PAC, para relançar a lucratividade dos empreendimentos. Mas o Estado neocolonial brasileiro já tem um dono, o capital financeiro internacional. Portanto, sobram pouco mais do que migalhas para essa lumpem-burguesia nacional. A única solução, do ponto de vista da classe dominante, é atacar os trabalhadores.

Como foi dito, essa é a função de Lula. O ataque aos trabalhadores precisa ser distribuído de modo a impedir que a resistência se unifique. É preciso dividir para conquistar. A classe trabalhadora não é homogênea, pois se divide em diversas frações e setores. Há uma gradação de diferentes condições de organização que vai desde os setores mais estruturados, que pertencem a categorias com fortes sindicatos e organismos de representação, até aqueles que estão no mercado informal, fazendo “bicos”, desempregados, à beira da indigência, etc. A tática de Lula no governo consiste em impedir que todos esses setores se unifiquem numa perspectiva classista. Se o grau de consciência de classe do proletariado brasileiro já era baixo, o PT fez com que se rebaixasse ainda mais, desde quando ainda era “oposição”, ao deslocar todas as forças sociais mais organizadas que o apoiavam para a via morta da disputa eleitoral.

Como decorrência dessa estratégia petista, essas forças sociais mais coesas abandonaram o enfrentamento cotidiano com o capital e tornaram-se vítimas passivas de um retrocesso avassalador. A ofensiva do capital desfechada em nome da “reestruturação produtiva” instaurou o paradigma da competição individualista no interior dos locais de trabalho, destruindo os laços de solidariedade de classe, o sentimento de pertencimento a uma coletividade e os pilares de uma visão ideológica alternativa de mundo. Há cerca de duas décadas a classe trabalhadora brasileira experimenta um processo de decomposição material, organizativa e ideológica. Os setores mais organizados, como os servidores públicos, professores, bancários, petroleiros, metalúrgicos, etc., estão sendo violentamente esmagados por demissões, arrocho salarial, perda de direitos, terceirização, precarizações, deterioração das condições de trabalho, etc.

Entretanto, esse setor foi justamente aquele cujas lutas na década de 1980 serviram para construir o PT e a CUT. E hoje é justamente o grupo lulista no PT e na CUT que controla de modo ferrenhamente stalinista os sindicatos e organismos de representação da classe. O controle stalinista do PT asfixia a democracia interna nesses organismos e impede que neles ocorram o debate, a organização e a mobilização. Não se organizam greves, não se realizam assembléias, não se publicam boletins sindicais, não se desenvolvem atividades culturais e de formação. Desaparece a perspectiva classista. Sem organização e representação adequadas as lutas não se desenvolvem. A revolta contra as situações de superexploração e abuso, que explode naturalmente em cada indivíduo no seu cotidiano de trabalho, se transforma em desespero mudo e isolado. O horizonte do coletivo como fundamento material e ideológico para a resistência se dissolve e os planos da burguesia passam sobre esses trabalhadores como um rolo compressor.

Entre a perplexidade, o desânimo, a frustração e a decepção generalizados, uma geração de lutadores vai para casa, se acomoda, deixa de combater, à espera da aposentadoria (enquanto ainda existe aposentadoria). Esvai-se no esgoto da traição petista a memória da tradição de organização coletiva e luta dos batalhões pesados do proletariado brasileiro. Logo, o setor que é justamente aquele teria melhores condições de reagir contra o ataque geral aos trabalhadores está de mãos atadas, prostrado de joelhos antes mesmo de entrar em combate.

Ao mesmo tempo em que acorrenta os setores mais organizados e de maior tradição de luta, o governo anestesia a miséria dos setores mais desorganizados através de políticas compensatórias como os bolsa-esmola, pró-Uni, etc.; de acordo com a receita neoliberal do Banco Mundial para aplacar os miseráveis nos países periféricos. Assim, Lula pode aparecer demagogicamente como “pai dos pobres”, ao mesmo tempo em que atua concretamente como mãe dos ricos. As políticas compensatórias propiciam o aliciamento clientelista do eleitorado, tornando os trabalhadores mais pobres fanaticamente leais a Lula, mas não lançam nenhuma base sustentável para que essa população possa sair da eterna situação de dependência, porque isso exigiria uma mudança completa do sistema social e econômico.

Essa mudança está fora de qualquer cogitação. As mudanças planejadas para o 2º. mandato de Lula são as chamadas “reformas” neoliberais, que vão no sentido oposto. Na verdade, são contra-reformas que no limite reduzirão todo o proletariado brasileiro a uma gigantesca massa pauperizada, flexível, descartável, disponível, desfrutável e barata. A burocracia petista fará o meio de campo entre essa massa desorganizada e barbarizada e os gerentes das transnacionais. E com a cumplicidade mercenária da canalha midiática, poderá apresentar os trabalhadores organizados que ousarem resistir como “privilegiados” que não reconhecem “tudo que está sendo feito pelo país”.

A armadilha eleitoral

Não será do bolso da burguesia, presenteada com mais e mais isenções de impostos, que sairá o dinheiro dos “investimentos” do PAC e dos bolsa-esmola, mas dos próprios trabalhadores: dos cortes de gastos na educação e na saúde, da tributação regressiva, do arrocho salarial dos servidores, do congelamento das aposentadorias, etc. Ao invés de lutar contra os limites do capitalismo selvagem, os trabalhadores brasileiros são convidados por Lula a colaborar com a burguesia, financiando a estabilidade dos lucros da classe dominante nacional e internacional (e com as migalhas que sobram, financiando a esmola que aquieta os mais pobres entre os pobres).

A assim chamada “estabilidade” da economia se escora numa bolha de pseudo-prosperidade capitalista. Essa pseudo-prosperidade é frágil como uma bolha de sabão quando confrontada com a virulência das crises do mercado global que fatalmente a abaterão, mais cedo ou mais tarde, mas tem se mostrado resistente como uma muralha para conter a possibilidade de que a classe trabalhadora se organize e se mobilize para conquistar suas reivindicações históricas. O PT se agarrou a essa bolha de pseudo-prosperidade como limite de toda política, ou como diria o próprio FHC, como “utopia possível”. E com a adaptação do PT a esse programa (adaptação que, aliás, já vem de longa data), o proletariado brasileiro ficou órfão de uma autêntica perspectiva de classe.

Diante dos ataques que os trabalhadores já vêm sofrendo há décadas na esteira da chamada “reestruturação produtiva”, o PT, enquanto direção reconhecida pelas massas, demonstrou a mais vil cumplicidade com os planos do inimigo de classe. A chegada de Lula ao governo em 2002 foi somente o complemento de uma longa trajetória de traição de classe e acomodação. A burguesia perdeu a credibilidade para administrar a catástrofe social brasileira com seus próprios quadros e precisou a contragosto terceirizar o serviço para os neopelegos do PT. E os neopelegos desempenharam a função com tal empenho que tornaram-se idênticos aos políticos tradicionais. O PT se transformou num partido burguês sem burguesia. Essa mutação já estava esboçada há décadas no programa de colaboração de classe, mas somente veio à tona definitivamente através dos escândalos de corrupção, de mensalão a dossiê, passando por dólares na cueca e quebra do sigilo do caseiro.

No contexto da crise precipitada pelos escândalos de corrupção e da subseqüente disputa eleitoral, houve quem tentasse apresentar a campanha oportunista dos partidos burgueses e da mídia contra Lula como um ataque contra o conjunto da classe trabalhadora. O importante nesse caso seria derrotar a “direita golpista”. Todo o primeiro mandato, com todos os erros acumulados, foi esquecido. Houve quem comemorasse entusiasmadamente a vitória de Lula na disputa interburguesa de facções, como se fosse uma vitória do “campo popular e democrático”. O problema é que a derrota do PSDB não mudou absolutamente nada. É sempre ótimo ver a burguesia babando de raiva, mas isso não resolve o problema. Não enche a barriga de ninguém. A fugaz alegria com a raiva da direita é mais do que compensada pelas reiteradas agressões do (des)governo da esquerda que a direita gosta. Com um “esquerdista” como Lula, a burguesia não precisa de lacaios de direita.

A candidatura da direita serviu apenas para dar o susto no PT, para lembrar que daqui a quatro anos será preciso devolver o bastão da governabilidade do Estado burguês. É claro que, no calor da disputa, a campanha da “oposição” tentou desqualificar o PT naquele que era o “seu terreno”, o da “ética na política”, expondo um escândalo de corrupção atrás do outro. Mas, ironia das ironias, o PT derrotou os partidos da burguesia no terreno deles, ou seja, no da gestão neoliberal da economia.

A grande massa do eleitorado não se deixou impressionar pelo tom “ideológico” da disputa pela “ética” (“todos são iguais”, “todos roubam”, “que ganhe o menos pior”, etc.) e tentou basear-se na sua própria percepção dos fatos. Com base na suposta “estabilidade” da economia, do plano real, da baixa inflação, das condições materiais discretamente melhores, da bolsa-esmola para os pobres, etc.; os eleitores de Lula julgaram objetivamente seu governo como melhor que o de seus predecessores. A economia em decomposição jamais foi questionada a fundo como tema de campanha. O vício pôde ser assim apresentado como evidência da virtude. Os trabalhadores avaliaram o governo Lula com o paupérrimo parâmetro dos governos burgueses precedentes.

Desse ponto de vista brutalmente empobrecido, as melhorias cosméticas num ou noutro setor podem ser consideradas como “avanços” de proporções monumentais. Cabe aos intelectuais da “esquerda” petista (com a colaboração de apoiadores alojados em publicações “independentes” como “Carta Capital” e “Caros Amigos”) amplificar ao infinito o alcance na verdade rasteiro dessas supostas melhorias, absolutamente precárias e conjunturais, e acima de tudo desligadas de qualquer eventual “mérito” da gestão lulista. Com isso, podem dar ao confronto eleitoral passado os contornos de uma batalha épica entre o “candidato dos ricos” e o dos “pobres”. A “esquerda” petista pode assim também continuar tranqüilamente aninhada sob a asa do governo burguês de Lula, e ao mesmo tempo ainda pretender exibir orgulhosamente suas impecáveis credenciais “populares”, “democráticas” e até mesmo “socialistas”. E o que é mais importante, manter seus cargos no governo, no PT e na CUT.

A esquerda na encruzilhada

A bolha de sabão de pseudo-prosperidade e “estabilidade” capitalista na qual Lula flutua virá à pique mais dia menos dia. Em algum momento do atual mandato a crise virá à tona. Nesse momento a burguesia irá ao ataque exibindo as presas. As reformas serão exigidas a toque de caixa, em regime de urgência, dada a situação de “emergência nacional” devidamente amplificada pelos arautos do pânico na mídia, como de praxe. Uma rápida campanha terrorista da imprensa burguesa, funcionando como amplificador da paranóia dos especuladores do mercado financeiro, bastará para reduzir a pó os tais “sólidos fundamentos da economia brasileira” que proporcionaram a enganosa estabilidade e a conseqüente tranqüilidade de Lula no primeiro mandato. Toda a conversa mole dos “fóruns da sociedade civil” como o da previdência será dispensada num minuto diante da necessidade de obedecer incontinenti o “diktat” do mercado.

As reformas que ainda não tiverem sido impostas virão num golpe só. Aquilo que começou como um governo com vagos tons populistas, que alguns ainda insistem em tentar mostrar como uma “vitória da esquerda”, terminará como uma ditadura explícita do mercado financeiro. É muito difícil prever o momento exato e a intensidade da próxima crise. A única coisa certa é que ela tornará ainda mais clara a opção de Lula de governar para o capital.

Alguns setores de vanguarda já perceberam o caráter desse governo. Trata-se daqueles que já travaram enfrentamentos com o lulismo no primeiro mandato. Esses setores iniciam uma reorganização em torno de entidades como Conlutas e Intersindical, impulsionadas por partidos como PSTU e PSOL, além de outras organizações da esquerda. Em comparação com a reorganização dos anos 80, que construiu o próprio PT, a CUT, o MST, etc., o atual processo ainda é bastante incipiente, embrionário, restrito à vanguarda, com pouca audiência entre as massas. No Encontro Nacional de 25 de março de 2007 os setores à frente da reorganização lograram uma importante vitória inicial ao constituir um Fórum Nacional de Mobilização contra as reformas, o qual incorporou, para além do movimento sindical, forças do movimento popular, como os sem-terra, sem teto, pastorais sociais, etc.

A caracterização mais precisa desse Encontro e do Fórum, das forças que o constituem, dos métodos de organização, do programa que foi fechado, etc., não será discutida aqui, no final deste artigo, para não sobrecarregá-lo, e também para não violentar um tema que merece apreciação mais cuidadosa. Para finalizar o que viemos tratando ao longo do texto, o que importa ainda é assinalar o quanto o fenômeno do lulismo será nefasto para a esquerda brasileira considerado historicamente.

O lulismo nasce do petismo e dele se distingue, especialmente a partir da chegada do grupo lulista ao governo. Na medida em que o governo se constitui como algo do tipo daquilo que os analistas chamam de “governo de coalizão”, por conter em si vários partidos, sem uma maioria nítida, o que se tem é um governo de Lula, e não do PT. O PT é uma das forças do governo lulista, e não a predominante. A abordagem de Lula para o PT é instrumental, ou seja, visa constituí-lo em sustentáculo do poder pessoal lulista, tanto quanto os demais partidos. Uma vez que as principais crises do primeiro mandato acabaram sendo atribuídas a ações de “aloprados” da direção do partido, o PT se converte em obstáculo para a manutenção do poder de Lula, e não instrumento. Nesse caso, a lógica do poder burguês leva Lula a rifar o PT, cortando seus vínculos com o partido.

Para continuar como supremo mandatário do Estado burguês, Lula teve que descarregar sobre o PT a responsabilidade de todos os erros que colocaram em risco a reeleição, e com isso ele conseguiu desmoralizar o conjunto da esquerda. Quando chegou ao governo em 2002, Lula o fez escorado na crença das massas que nele votaram de que a gestão de um candidato do PT seria finalmente a alternativa ao neoliberalismo em vigor. Lula estava identificado com o PT, e este com a idéia de esquerda. Quando os escândalos de corrupção vêm à tona, o PT passa a ser sinônimo de corrupção, e conseqüentemente, também a esquerda. A esquerda em geral passa a arcar com o ônus da corrupção dos dirigentes do PT, sem que tenha tido qualquer influência diretiva nos rumos do governo neoliberal do presidente petista.

Na cabeça das massas, o PT representava aquilo que conheciam como esquerda. Essa imagem tinha contornos bastante vagos, incluindo desde uma nebulosa lembrança da idéia de socialismo, até o ridículo choro das piedosas ladainhas da moda sobre “cidadania”, “inclusão”, “justiça social”, “ética na política”, etc. Ora, a desmoralização do PT, que viu toda a sua direção e seus principais quadros no governo (Dirceu, Genoíno, Gushiken, Palocci, Berzoini, etc.) sucumbir nos sucessivos escândalos de corrupção, equivaleu à desmoralização dessa idéia de esquerda perante as massas. Os ideólogos da direita aproveitaram a confusão ideológica das massas para apresentar a débâcle moral do PT como a suposta “prova dos nove” da “inviabilidade do socialismo”, do pendor “ditatorial” e “autoritário” da esquerda, das tendências “antidemocráticas” inerentes ao ideal revolucionário, das veleidades conspiratórias do “leninista” José Dirceu, etc.

A mistificação e a confusão se tornaram a regra do debate. A esquerda foi ideologicamente massacrada, embora a responsabilidade do fiasco coubesse ao PT, que não é esquerda, posto que é instrumento do capital. Essa desmoralização atingiu não apenas uma organização ou outra em particular, mas o conjunto das idéias de esquerda. E por tabela, o conjunto das práticas associadas à esquerda, como as greves, ocupações, assembléias, etc. Ninguém quer começar tudo de novo, já que o PT “provou” que isso “não funciona”. Esse retrocesso ideológico é apenas uma amostra dos problemas que a esquerda em processo de reorganização terá que enfrentar.

Como se não bastasse, setores da esquerda petista, num acesso explícito de masoquismo, chamam as massas a votar em Lula, prestigiando o líder que as massacrou, em nome da necessidade de “derrotar a direita”, a quem Lula, no final das contas, sempre obedece. Os quixotes dessa “esquerda” petista investem histericamente contra os gigantes imaginários da “direita golpista”, enquanto Lula segue imperturbavelmente entronizado nos moinhos de vento, moinhos satânicos da desnacionalização, da privatização, do desemprego, do arrocho salarial, da superexploração, da miséria, da degradação ambiental, da violência contra os sem-terra, da opressão contra os negros, as mulheres, a juventude e os homossexuais, da corrupção, da bestialização cultural, etc. Seria cômico se não fosse trágico.

Daniel M. Delfino

14/02/2007

P. S. Para não dizerem que não falei de poesia, um clássico samba de outros carnavais, hino da época da luta pela anistia, nos legou a lírica imagem do bêbado que se equilibra num fio de esperança, convidando-nos a sonhar. Num indigno pastiche dessa imagem, Lula passará à história como o equilibrista bêbado que fez de palhaços os trabalhadores brasileiros, no circo da burguesia.

O bêbado e o equilibrista

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco
Louco, o bêbado com chapéu coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente a esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

(João Bosco e Aldir Blanc, 1979)