22.8.06

Anexo II

ANEXO II

(Mensagens trocadas entre o editor-chefe do Duplipensar.net e os ex-conselheiros do site durante o processo de dissolução do conselho)

MENSAGEM DO EDITOR-CHEFE LEONARDO SILVINO PARA O CONSELHO DO DUPLIPENSAR.NET

Caros,

Comunico que algumas medidas foram tomadas para manter o DUPLI no ar,
entre elas a reestruturação do site e o encerramento da lista.

A situação é paradoxal. O Duplipensar é um site pequeno com estrutura
de site pequeno, receita pequena e não tem publicador, mas ao mesmo
tempo passou a ocupar quase todo o meu tempo.

A lista é um ótimo espaço para discutir idéias, mas se revelou uma
ferramenta inadequada para ajudar na edição.

Aos e-mails da lista somam-se às respostas aos e-mails dos leitores,
cadastro manual da teletela, montagem das páginas, checagem de plágio,
checagem de novos articulistas, escolha e tratamento de imagens, envio
manual das teletelas, revisão de textos, assessoria de imprensa,
criação de textos, criação, marketing, RP, entre outras tarefas.

O problema se agravou quando fiz um acordo para trabalhar em casa. A
empresa me deu um calote e fechou as portas em março. Minha esposa
também está desempregada e nossa renda atual resume-se a freelas. A
situação não é tão desesperadora porque somos econômicos e trabalho
muito para pagar as contas. Mesmo assim devo ao Ozzie dois anos de
hospedagem dos sites do Dupli.

Sistematicamente tenho priorizado o Duplipensar em relação aos meus
clientes até chegar a uma situação insustentável, mesmo mantendo uma
rotina de 14 horas de trabalho diário, todos os dias da semana. Devo
manter um projeto no ar que considero um filho ou pagar o aluguel?

Tudo vale a pena se alma não é pequena. Manter o Dupli no ar compensa
clientes inadimplentes, contas, a violência do Rio de Janeiro e até
críticas injustas, como as que recebi por ter sido obrigado a
paralisar o Dupli por sete dias, o que não acontecia desde 2003.

Como editor minha prioridade é manter o DUPLI atualizado com o máximo
de qualidade. Conseguimos sucessos recentes mas não posso deixar o
site implodir. Um passo para trás para poder dar dois para frente. Os
artigos devem ser enviados ao meu e-mail. Quaisquer dúvidas entrem em
contato.

O período da lista foi gratificante e agradeço a todos. Foi um período
de experiência e conhecimento para todos nós.

Dias melhores virão.

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MENSAGEM DE JANUS MAZURSKY PARA OS EX-MEMBROS DO CONSELHO DO DULIPENSAR.NET, COM CÓPIA PARA O EDITOR-CHEFE LEONARDO SILVINO

Olá companheiros

A alguns de vocês é a primeira vez que me dirijo pessoalmente, com outros, já faz algum tempo que não entro em contato.

É a primeira vez que escrevo a todos desde o encerramento da lista do confrat. Gostaria de poder escrever numa situação mais agradável.

Considero a situação ruim por conta da avaliação que faço do encerramento do confrat. Gostaria de partilhar essa avaliação com todos.

Para ser bastante direto, considero contraditório o argumento do Leonardo de encerrar o confrat por falta de tempo. Se as atividades do Duplipensar.net estão corroendo seu tempo já bastante escasso e prejudicando sua vida profissional, penso que a solução seria o oposto: partilhar as tarefas com aqueles que estivessem interessados.

Penso que seria mais produtivo abrir a discussão com os membros do conselho, fazer um convite a quem estivesse disposto a assumir um compromisso mais sério, reformatar o conselho com base nesse compromisso, elaborar coletivamente um plano de ação e dividir as tarefas.

Envio manual da teletela, contato com leitores, contato com novos autores, verificação de plágio; penso que tarefas como essas poderiam ser distribuídas entre os membros do conselho, como já tinha sido por exemplo a revisão de textos. O mais conveniente seria revezar essas tarefas ou outras entre os membros do conselho. Cada um cuida de determinada tarefa por determinado período de tempo.

Eu não descartaria sequer um compromisso financeiro entre os conselheiros para ratear as despesas; me lembro que cheguei a propor isso se não me engano quando da saída do Marcelo Kashmir, antes da penúltima ampliação do conselho.

Enfim, isso deveria ser discutido coletivamente de maneira aberta, de modo que se pudesse pensar num plano para autonomia financeira do projeto.

Evidentemente, todas essas medidas implicariam numa maior repartição da responsabilidade editorial/institucional/comercial, mas seria esse um preço intolerável a pagar para ter o projeto caminhando com as próprias pernas?

A última coisa que eu pensaria seria encerrar o conselho por falta de tempo para acompanhar as discussões. O problema não é simplesmente a dissolução de um grupo de discussão na internet. Grupos do yahoo, listas de e-mails, comunidades do orkut é o que mais existem. O problema é que o fim do confrat significa a dissolução de um espaço de decisão coletiva.

Para ser bastante franco, o interesse em participar e colaborar com um determinado projeto é proporcional ao poder de decisão de que se desfruta dentro desse projeto. Qual será o interesse em manter uma colaboração passiva num projeto sobre o qual não se pode minimamente influenciar os rumos a serem tomados?

Escrevi ao Leonardo duas vezes desde o encerramento do confrat, enviando textos e pedindo vossos e-mails, mas não obtive qualquer resposta (tive que garimpar os vossos e-mails para conseguir mandar essa mensagem; não encontrei os da Paula Lameu, Ozzie e Eleutério). Escrevi novamente a ele expondo exatamente os argumentos acima.

Escrevo agora aos companheiros para abrir a discussão, pois não gosto de silêncios incômodos. Ainda acho que o debate aberto é a melhor forma de resolver os problemas.
Gostaria de saber as opiniões de todos. Gostaria de saber se alguém já teve contato com o Leonardo, se alguém obteve mais explicações, se concorda ou discorda das medidas por ele tomadas, se concorda ou discorda dos argumentos que expus acima; enfim, o que pensam do rumo que tomou o Duplipensar.net.

Como eu já disse numa mensagem do finado confrat, eu visto a camisa desse projeto, continuo acreditando nele e é nesse sentido que estou propondo a discussão.

Abraços

Janus

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MENSAGEM DO EDITOR-CHEFE LEONARDO SILVINO PARA JANUS MAZURSKY

Janus,

Este não é o primeiro dos momentos difíceis que vivi nestes 32 anos. Saí da casa dos meus pais aos 23 anos e enfrento o momento mais difícil: agora tenho uma família ao mesmo tempo que não tenho grana, carro, casa própria, emprego fixo e nem os pais para me sustentar. Este tipo de coisa geralmente sensibiliza as pessoas quem pagam a própria comida, luz, aluguel, gás, telefone, condomínio, etc. Mesmo assim, todo o mundo sabe o que acontece quando você está na pior.
Nos momentos ruins existem dois tipos de pessoas:
1) Aqueles que nos perguntam o que precisamos para nos recuperar;
2) Aqueles que nos dizem o que fizemos de errrado e o que teriam feito em nossos lugares.

Exatamente isto está acontecendo agora. Alguns apoiam e outros dizem o que fariam em meu lugar. Vejo isso com um profundo desgosto, já que a situação do Dupli é temporária. Além dos problemas que mencionei o site também tem saído do ar constantemente e os formulários Teletela e Contato não estão funcionando; mesmo assim, o DUPLI continuará a ser atualizado regularmente com os artigos de colaboradores e de alguns amigos que se sensibilizaram com este momento.
Em qualquer relação a confiança é fundamental. O seu amigo Marcello Kashmir não saiu. Ele foi expulso do site por quase ter afundado um trabalho de anos, mesmo "vestindo" a camisa do DUPLI.

Você também foi acusado de não ser o autor dos próprios artigos. Lembra do famoso e-mail de dezembro de 2004? Ei-lo na íntegra: "Sou leitor do site e conheço Janus Mazursky. Se vc investigar melhor, verá que se trata de uma farsa. A pessoa que escreve não é a mesma que se apresenta pessoalmente a vc e seus companheiros. Não comente nada antes de ter a sua certeza. Investigue. Pedro Ararujo."

Eu acreditei em você, mesmo com uma grande probabilidade de estar errado. Afinal, Janus Mazursky e Marcello Kashmir não existem, são impessoas. E impessoas não precisam se responsabilizar pelo que escrevem ou fazem. Neste momento, o mínimo que você pode fazer em gratidão ao site que publicou seus artigos e divulgou o seu pseudônimo é apoiá-lo e não apontar para mim e para os demais o que eu devo ou não fazer.
O Dupli vai dar a volta por cima. Pode apostar.

Atenciosamente,

Leonardo Silvino

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MENSAGEM DE JANUS MAZURSKY PARA O EDITOR-CHEFE LEONARDO SILVINO

Leonardo

Se a minha mensagem deu a entender que eu estava atacando o Dupli ou a sua pessoa, cuspindo no prato em que comi, etc.; acho que me expressei muito mal. Você me cobrou gratidão e apoio para com o site que divulgou meu pseudônimo. No meu entendimento, era exatamente isso que eu estava fazendo. Minha intenção não era jogar para baixo, dar palpite com ar de superioridade ou posar de sabe-tudo porque estou “de fora” da situação. A intenção era contribuir com idéias. Continuo acreditando honestamente que o compartilhamento de tarefas e responsabilidades é a melhor solução para superar uma situação de crise.

Provavelmente eu errei adotando um tom crítico demais, mas isso se deveu a uma exasperação pelo prolongado silêncio e pela solidão causada justamente pelo encerramento abrupto da lista. Devo ter errado também por escrever separadamente para o grupo e para você, mas de alguma maneira eu precisava reiniciar o debate, explorando o terreno, justamente pela inexistência do fórum do confrat. Dependendo do que me responder agora, considero que o mais apropriado seria reproduzir os e-mails que trocamos com cópia para todos no grupo, para que voltemos a ter a discussão aberta. Aliás acabo de propor exatamente isso ao grupo, pois não é do meu feitio manter discussões separadas.

Mas isso quando estivermos discutindo seriamente idéias. Antes de chegarmos a esse momento, acho necessário esclarecer algumas questões de caráter pessoal implicadas na sua resposta. Em primeiro lugar, nunca duvidei das suas dificuldades no plano profissional, pois essa tem sido a tônica daquilo que você nos fala a respeito do tema já há algum tempo; e sempre admirei principalmente a abnegação envolvida em secundarizar a carreira para manter o Dupli no ar. Mas na sua resposta, detectei uma certa insinuação de que as críticas que fiz só poderiam ter partido de alguém que não entende o que são dificuldades materiais.

Eu não gostaria de colocar a discussão em termos de quem sofreu ou sofre mais na vida, mas diante do que pareceu estar contido naquela insinuação, me vejo na obrigação de responder a isso. Não sou filhinho de papai, não sou sustentado por ninguém, pago minhas contas e ajudo minha família, trabalho desde os 11 anos, já morei no sertão de Pernambuco, trabalhei na roça, biblicamente comi o pão com suor do meu rosto, não levo uma vida de ócio e regalias que me permita desprezar o sacrifício alheio, e o fato de só ter tido meu duplimóvel subtraído uma única vez na vizinhança em que moro é um verdadeiro milagre.

Em segundo lugar, eu só mencionei o nome do Kashmir na mensagem anterior marginalmente, para localizar no tempo o momento em que, se eu não me engano, fiz a proposta de que os membros do conselho deveriam arcar com os custos de manutenção do Dupli. Ou seja, o que eu quis dizer é “fiz essa proposta no momento em que o Kasmir saiu”. Mas você tem razão, ele não saiu, ele foi expulso, e muito bem expulso, o que ele fez foi inaceitável, o plágio não é perdoável em hipótese alguma, o erro dele foi uma ofensa a todos nós e um tremendo risco para ao projeto do Dupli.

Em nenhum momento o que eu escrevi foi no sentido de reivindicar uma defesa do Kashmir, ou de relacionar isso com a proposta de um compartilhamento de encargos financeiros. Se em momento posterior eu voltei a ter contato pessoal com o Kashmir, o Dupli jamais esteve em discussão. Posso assegurar que ele está arrependido do que fez, aprendeu uma lição para o resto da vida e entende que em relação ao Dupli as portas para ele estão fechadas para sempre. Mas isso não tem qualquer importância para o que estamos discutindo.

Em terceiro lugar, é bizarro rever nesse momento o e-mail que me acusa de não ser o autor dos meus textos. Desculpe a brincadeira, mas parece coisa de casal que termina um relacionamento e um começa a “jogar na cara” do outro todas as pequenas picuinhas que ficaram guardadas. Só levo a coisa na brincadeira porque sei que não passa de uma tolice sem pé nem cabeça, do nível das bobagens que alguns dos nossos leitores mais peculiares postam no diário de Winston. Se eu não estivesse tão tranqüilo, deveria até tomar o ressurgimento desse tema como uma ofensa.

Mas ele parece ter sido trazido à tona como uma ameaça, como se eu devesse temer que esse e-mail fosse divulgado. Mas isso seria muito estranho. Se fosse uma ameaça, isso significaria que você realmente acredita que existe a possibilidade de que eu não seja o autor de algum dos meus textos. E se você realmente acreditasse nisso, seria uma rematada sandice ter publicado mais de 50 textos meus desde então, pois se a acusação fosse verdadeira essa carga de textos espúrios estaria expondo o Dupli a um risco monumental.

Decerto você fez a investigação recomendada, ou preferiu não acreditar na acusação de um tal Pedro Araújo que escreve uma única vez para fazer essa acusação para acreditar num Janus Mazursky que escreve há mais de três anos para colaborar com o site. Está em seu poder acreditar em um ou em outro. O que me cabe dizer é o mesmo que disse no momento em que você me expôs a acusação, ou seja, que a acusação só poderia ter partido de uma leitora com quem tive um brevíssimo relacionamento, que deixou de acreditar que eu era o autor dos textos assinados com o nome de Janus Mazursky no momento em que me desinteressei dela e deixei de me corresponder. Ela é uma das poucas pessoas, fora minha família e alguns amigos, que sabe que Janus Mazursky é um pseudônimo, e provavelmente usou o nome de Pedro Araújo para me acusar. Patético.

Talvez eu tenha agido mal com ela, ou talvez eu que seja patético enquanto pessoa real por não conseguir ter os atrativos da minha persona virtual. Mas a minha miséria sexual nunca interferiu na qualidade da minha atuação enquanto persona virtual. E é disso que se trata aqui, da qualidade do trabalho desenvolvido.

Por isso é ainda mais estranho da sua parte passar a acreditar na acusação novamente ou trazê-la à tona apenas no momento em que esse Janus Mazursky se tornou inconveniente por tentar defender aquilo que acredita que seria melhor para o Dupli (talvez de maneira excessivamente dura ou atabalhoada, mas sem tentar desqualificar o interlocutor no plano pessoal).

Em quarto lugar, é desagradável a maneira como você volta a associar o meu nome com o do Kashmir, como se se tratasse de dois “irresponsáveis que usam pseudônimo”. O raciocínio parece ser o seguinte: “O Kashmir é um irresponável que plagia textos, mas isso não importa para ele, porque Kashmir não existe, é só um pseudônimo. Janus Mazursky também é só um pseudônimo, portanto deve ser outro irresponsável que também não se importa com o que acontece com a reputação dele ou do Dupli, porque não o afeta na vida real.”

Não sei qual é a relação entre “uso de pseudônimo”-“desligamento da responsabilidade” autoral, moral ou de qualquer natureza. Se houvesse alguma relação necessária entre uma conduta e outra, o comportamento de Eric Arthur Blair, vulgo George Orwell, também seria questionável, pois “escondeu” o que escreveu por trás de um pseudônimo.

Tudo bem, não posso ir tão longe, não posso tomar o “santo nome” de nosso “padrinho” em vão. Longe de mim me comparar a ele. O que devo dizer é que, se alguém usa pseudônimo, deve ter suas razões, e essas razões não necessariamente implicam intenções desonestas. Entretanto, parece que em sua visão, no que diz respeito a mim, implicam. É com tristeza que constato o quão baixo é o conceito que se faz da minha (im)pessoa.

Não era minha intenção transformar essa discussão numa competição para decidir quem se dedicou mais ao Dupli. Isso não faria sentido, pois o Duplipensar.net é uma criação sua. Mas preciso dizer que alguma dose de dedicação a esse projeto eu tive. O nome Janus Mazursky não é uma brincadeira para mim. O fato de já ter mais de 100 textos publicados no Dupli em pouco mais de três anos (em 99% dos casos, exclusivamente no Dupli), no mesmo período em que estava trabalhando, estudando e tocando a minha vida; significa que também andei perdendo algumas horas de sono com esse projeto. E bota horas de sono nisso. Se isso não indica que eu também aposto no Dupli, o que mais indicará?

Foi com você que aprendi o sentido de lealdade, ao levar uma merecida “bronca” velada por ter enviado textos para um outro veículo, se não me engano o site “Confraria”, ainda no início de minha colaboração. Aprendi a lição. Entendi o que significa compromisso. Desde então, enviei meus textos somente para o Dupli. Nem sequer um blog pensei em criar. O Dupli sempre foi e continua sendo minha prioridade. Quando um outro veículo, no caso o site do PSTU, me pediu para publicar um texto meu, fiz questão de pedir a opinião do conselho do Dupli, pois considero os companheiros do confrat também de certo modo “donos” do meu trabalho.

Também aprendi através do convívio virtual que me foi proporcionado pelo convite que você me fez a ingressar no Dupli, que a internet também pode ser um terreno para o surgimento de amizades reais. Considero as pessoas com quem convivi no confrat como amigos, não como reles impessoas. Talvez entre nós dois não exista mais a possibilidade de amizade, pois como você mesmo disse, a amizade só é possível onde existe confiança. Em vista dos quatro pontos que comentei nessa mensagem, parece que não existe mais confiança mútua entre nós, o que é uma pena.

Não sei se essa confiança ainda pode ser reconquistada. Mas independentemente da possibilidade ou do interesse mútuo de retomar essa relação, ainda acredito que algum nível de relação de trabalho deveremos manter. Pois ainda espero ver o Dupli voltar a crescer com a colaboração de todos que compunham o confrat.

Cordialmente

Janus Mazursky

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MENSAGEM DO EDITOR-CHEFE LEONARDO SILVINO PARA JANUS MAZURSKY

Janus,

Fique tranqüilo por que não faço ameaças. Se eu tenho um problema para resolver com você eu vou resolver com você e não com outras pessoas. Por este tipo de conduta eu não posso permitir que você diga para outras pessoas o que faria no meu lugar; o que eu deveria fazer como editor e muito menos deixá-lo incentivar a saída de colaboradores do projeto.

Você pode achar que está certo e que está ajudando, mas na verdade só está piorando as coisas. Eu já dei muitas alegrias a vários colaboradores em publicar os artigos e divulgar os seus nomes/pseudônimos. Agora neste momento difícil espero apoio. Sei que muitas pessoas ficaram chateadas, até magoadas, mas as decisões que foram tomadas estão tomadas. Consummatum est.

Chegamos a um ponto sem volta. Você vai me apoiar ou não?

Responda-me quanto tiver certeza.
Atenciosamente,
Leonardo Silvino
Editor-chefe
Duplipensar.net

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MANIFESTO EM PROL DO DUPLIPENSAR.NET

(TEXTO DESENVOLVIDO PELOS EX-MEMBROS DO CONSELHO DO DUPLIPENSAR.NET E ENVIADO AO EDITOR-CHEFE)

Tendo em vista o atual momento de crise pelo qual passa o Duplipensar.net, que se expressa pela dissolução do Conselho da Fraternidade, os autores abaixo assinados dirigem-se ao editor-chefe Leonardo Silvino para colocar em discussão os seguintes pontos:
- Entendemos que o Duplipensar.net alcançou notável êxito na tarefa de se construir como espaço aberto para o pensamento crítico na internet brasileira.
- O êxito se deveu à capacidade de desenvolver a inspiração contida na obra de Orwell e autores afins, de maneira livre e isenta de dogmatismos, sectarismos e lugares-comuns.
- O conteúdo veiculado no Duplipensar.net tem se caracterizado por uma saudável liberdade de criação e por uma ampla abrangência de temas e de perspectivas teórico-políticas.
- Esse perfil foi o responsável pelo fato do Duplipensar.net ter conseguido se colocar de maneira crítica e independente em relação aos acontecimentos mais palpitantes da conjuntura, evitando cair na armadilha de se identificar tanto com a direita oportunista como com a esquerda mais tradicional e atrasada; prova disso é que desagradou a ambas.
- Apesar de todas as debilidades, oscilações e percalços, o Duplipensar.net caminhava claramente para uma ampliação de seu espaço, tanto em termos de audiência como de repercussão, colocando inclusive a possibilidade de saltar do ambiente virtual para lançar-se como veículo de idéias impressas, salto que estava colocado claramente como uma meta tangível para um horizonte de tempo não muito distante.
- Entendemos finalmente que, a despeito das condições brutalmente adversas, existe mercado para a busca de construir “uma época em que o pensamento seja livre, em que os homens sejam diferentes uns dos outros e que não vivam sós – a uma época em que a verdade existir e o que foi feito não puder ser desfeito”; ainda que essa busca implique a negação do sistema (contemplando inclusive a negação do próprio mercado). E que o Duplipensar.net tem um lugar importante a ocupar nesse “mercado”, o que se oferece diante dos envolvidos não só como possibilidade de emancipação profissional como também na condição de tarefa política, dever cultural, responsabilidade moral e realização pessoal.

Com base nesse entendimento, verificamos também que o relativo “sucesso virtual” do Duplipensar.net não se deu sem uma contrapartida material, que se coloca como uma série de violentas pressões sobre os envolvidos no projeto. À parte o seu envolvimento com a produção de textos e idéias para o Duplipensar.net, os autores continuam tendo que dar conta das atividades rotineiras de sua vida profissional, sindical, política, acadêmica, científica, artística, esportiva, pessoal, familiar, sexual, etc.

Isso significa que a colaboração desenvolvida com o Duplipensar.net exigiu o sacrifício de tempo e de esforço em horas de leitura e releitura, elaboração e reelaboração de textos próprios e de terceiros, bem como no acompanhamento atento de tudo que se passa na realidade circundante e que possa servir de objeto para uma abordagem duplipensada. O sacrifício por parte dos envolvidos só faz sentido e só se justifica com base na aposta que se faz no crescimento do projeto em direção a um patamar superior, que se materializaria no Duplipensar.net em versão impressa e auto-sustentada.

Se isso é válido para cada um dos autores que se dedicou a esse projeto, o é ainda mais em relação ao editor-chefe, que acabou por centralizar todas as atribuições em sua pessoa. Se o que se coloca como obstáculo para a continuidade do projeto é o excesso de trabalho, a ponto prejudicar a carreira ou a vida pessoal, a solução deve estar em diminuir a carga de trabalho, não aumentá-la. Não vemos como a centralização de todas as atribuições nas mãos de uma única pessoa possa diminuir a carga de trabalho. Pelo contrário, acreditamos que, no atual estágio, somente uma maior descentralização de tarefas poderia assegurar a continuidade das atividades.

Nesse sentido, propomos a retomada de um regime de colaboração pautado pelos seguintes pontos:

1. Volta do Conselho da Fraternidade, ainda que em caráter consultivo e não deliberativo, de modo que os colaboradores mais próximos possam de alguma maneira contribuir com idéias para o projeto.
1.1 Essa proposta é crucial no sentido de que constitui uma condição fundamental para que qualquer das propostas seguintes seja implantada, pois todas perdem o sentido sem ela.
1.2 Que sejam mantidos no conselho os atuais membros, com suas atuais funções, com mandato até o final de 2006, quando a composição do grupo deverá ser rediscutida.
1.3 O conselho toma suas decisões em regime de votação. Tanto em relação aos textos a publicar quanto a propostas de encaminhamento, o conselho deve se pronunciar formalmente contra ou a favor, sendo as abstenções contadas como votos em branco e computados os votos dos conselheiros que se manifestarem dentro do prazo estipulado.
1.4 O parecer do conselho é indicativo; cabe ao editor-chefe acatá-lo ou não. Isso preserva a prerrogativa do editor-chefe e também determina de maneira clara o papel e a responsabilidade do conselho na condução do projeto.
1.5 As alterações na composição do conselho ou em seu regime de funcionamento deverão ser decididas por unanimidade ou por algum tipo de maioria qualificada a ser discutida.

2. Que seja discutida uma maneira dos membros do conselho assumirem parte do “trabalho manual” envolvido em colocar o Dupli no ar. Isso pode incluir um regime de revezamento, e deve exigir um sistema de prestação de contas e balanço coletivo do trabalho desenvolvido, com relatos periódicos, de maneira que todos possam aprender com a experiência.

3. Que seja discutida uma maneira de assegurar a independência financeira do Dupli, se necessário por meio de um fundo mantido pela contribuição dos conselheiros.

“Não se revoltarão enquanto não tiverem consciência; não terão consciência enquanto não se revoltarem” – George Orwell

Vida longa ao Dupli!

Esse manifesto é assinado pelos nomes abaixo:

Janus Mazursky jmazursky@terra.com.br
Marcio Salgues marciosalgues@gmail.com
Cybele Meyer cybelemeyer@yahoo.com.br
Ricardo Boessio rboessio@yahoo.com.br
Michel G. Silva michelgsilva@yahoo.com.br
Ana Flávia portufrj@yahoo.com.br
Joe Rocha Rangel rocharang@aol.com



Obs:

1. O leitor que estiver interessado em obter a íntegra dos e-mails trocados entre os ex-conselheiros durante e depois da dissolução do conselho, bem como a percepção pessoal de cada um deles a respeito do processo, deve procurar qualquer um deles individualmente.

2. Além de membros do antigo conselho do Duplipensar.net que o assinaram como co-autores e co-responsáveis, o Manifesto também recebeu o apoio de alguns colaboradores do site, que não eram membros do conselho, mas contribuíram para a discussão e apoiaram as idéias expressas.

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COMUNICADO DISTRIBUIDO PELO EDITOR-CHEFE LEONARDO SILVINO A ALGUNS EX-MEMBROS DO CONSELHO APÓS A ENTREGA DO MANIFESTO EM DEFESA DO DUPLIPENSAR.NET

Sr.(a),
Como editor-chefe do Duplipensar.net tenho que tomar diariamente decisões. Estas decisões são baseadas em pesquisas e no que considero melhor para o site.

Para manter o Dupli tive que fazer muitas concessões. O site foi enxugado devido à segurança, espaço, perfis falsos e denúncias de articulistas que não são os autores de seus próprios artigos. Isto desagradou alguns, mas espero que respeitem minhas decisões.

Para meu desgosto, recebi um e-mail que consta o seu nome em uma lista de exigências e acusações a minha pessoa.

Lembro que o sr.(a) enviou suas colaborações de forma espontânea. Agora, num momento difícil recebo uma mensagem extremamente desrespeitosa que ainda procuram restringir minhas respostas a apenas três opções; ou seja, não permitem ao menos a chance de me defender sem que eu pareça insensível, estúpido ou um ditador.

O DUPLI é uma criação pessoal. Abri espaço para colaboradores e infelizmente não posso compartilhar da minha casa com pessoas que não respeitam ao menos algumas regras básicas de convívio e profissionalismo. Dediquei anos e recursos nele e nunca pedi algo em troca. Quem colaborou com o site o fez por livre e espontânea vontade de acordo com suas capacidades.

O Duplipensar.net é um site artesanal. Dedico-me particularmente à manutenção de mais de 3 mil arquivos. Sites maiores contam com layout-padrão e sistema de publicação, enquanto ele foi desenvolvido em html simples, com pouquíssimos recursos adicionais e, ainda assim, considero-o muito bem feito. Sei que estou encarregado de várias funções, mas a divisão de tarefas exige confiança. E só posso fazê-la com pessoas que tenham confiança em mim.

Iremos superar esta fase, pode apostar. Inclusive tomarei todas as medidas necessárias para manter a minha integridade e a do site.

As decisões que tomei são irrevogáveis e não será através de pressão que irei voltar atrás. Eu tenho os meus motivos para o que fiz e esperava a sua compreensão. É totalmente desrespeitosa, e inútil, a tentativa de aprovação de artigos à força. Esta atitude deixa clara a real intenção por detrás das acusações e exigências feitas a minha pessoa.

Se o sr.(a) realmente concorda com a mensagem que originou tudo isso - ou foi o autor - não existe a menor possibilidade de manter suas colaborações no site; já que deixaria claro que não confia na minha capacidade de gerenciamento e na minha pessoa. Portanto, aguardo a sua resposta.
Atenciosamente,
Leonardo Silvino
Editor-chefe

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APÓS ESSE COMUNICADO NENHUM DOS CO-SIGNATÁRIOS DO MANIFESTO RETIROU SEU NOME DO TEXTO, MAS TODOS FORAM BANIDOS DO DUPLIPENSAR.NET E TORNADOS IMPESSOAS

Daniel M. Delfino

06/07/2006

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