O crítico de cinema é um profissional da indústria do entretenimento. Um jornalista pago pelo veículo para o qual trabalha para analisar filmes. O objetivo dessa análise seria em tese orientar o público sobre quais filmes valem a pena ser vistos e quais não valem. De modo geral, porém, a opinião dos críticos tem se mostrado irrelevante para o público. Os “blockbusters” hollywoodianos atraem multidões aos “multiplex” dos shopping centers, não importa o quanto os críticos apontem com insistência as... digamos... “insuficiências artísticas” de tais filmes. As campanhas de marketing são tão avassaladoras que ninguém pode resistir. Trailers, “teasers” de TV, cartazes, “outdoors”, websites, todo tipo de recurso é explorado para criar um tal envolvimento que todas as parcelas do público se sintam obrigadas a assistir esses blockbusters.
Não assistí-los se torna um ultraje. Não gostar deles, pior ainda. A massificação impõe a concordância implícita e automática. Há uma grande parcela do público que vai ao cinema com o objetivo principal de acompanhar sua “galera” e fazer das salas e do seu entorno um “point” de “azaração”. Mais do que propriamente para assistir aos filmes. No próprio cinema, o filme se torna um mero detalhe. A grande massa do público não está presente para apreciar todos os detalhes do filme, a direção, atuação, roteiro, música, fotografia, cenografia, etc.. O público comparece principalmente para curtir a si mesmo.
Temos então um público que vai compulsivamente ao cinema, mas que entende cada vez menos a arte cinematográfica. Para agradar a um tal público, os filmes tem se tornado cada vez mais vazios de sentido. Para um público-pipoca, filmes-pipoca. “Fast-food”, fast-cinema. Filmes que não vão mudar a vida de ninguém, para um público que não quer nenhuma mudança na sua vida.
Diante desse cenário, críticos que levam a sério sua profissão arrancam os cabelos em desespero. Por conhecerem a história do cinema, todos os grandes filmes que já foram feitos, o trabalho dos grandes aristas desse ramo, o valor das cinematografias não-estadunidenses, etc.; os críticos se revoltam com a passividade bovina com a qual o público comparece em massa para assistir aos blockbusters. E ainda por cima formam filas imensas para pegar suas pipocas, como gado no matadouro, peças vivas sem cérebro a caminho da linha de montagem.
Os críticos que pensam dessa maneira, indignados com a degradação da arte e do gosto, tentam de todos os modos chamar atenção para os filmes que verdadeiramente valem à pena serem vistos. Diante de sua impotência em influenciar o gosto do público, tornam-se arrogantes, cínicos, amargos, raivosos. Alguns, em sua fúria contra a falta de neurônios do cinema comercial, tornam-se até divertidos. Fazem do seu humor ácido o mote do seu marketing pessoal.
Há também, por outro lado, os críticos pelegos, que não levam sua profissão a sério. Para os críticos dessa espécie, o cinema é isso aí mesmo, pura diversão. Seu papel nesse contexto é o de meras engrenagens na máquina promocional da indústria. Leitores de estatísticas, rankeadores de bilheterias, analistas de orçamentos de produção, bajuladores de astros e estrelas, capachos da constelação hollywoodiana. O que esses críticos fazem não passa de um “press-release” sofisticado.
O escriba que aqui se vos dirige não se enquadra em nenhuma das duas categorias, mas também não fica em cima do muro. Até por que não se trata de um profissional. Não sendo pago para analisar filmes, o faz por diversão. A condição de crítico amador traz algumas vantagens interessantes. A principal delas é o não ser obrigado a assistir a filmes dos quais sei que não vou gostar. Como pago meus próprios ingressos e meu dinheiro é ganho com o suor do meu próprio trabalho, não o desperdiço portanto com filmes dos quais sei que não vou gostar. Defendo que todo freqüentador de cinema deve saber que tipo de filme vai ver: quem faz parte do elenco, e quem o dirigiu, principalmente, para evitar surpresas desagradáveis. Talvez para dar esse tipo de informação, pelo menos, possa servir o crítico.
Essa condição de crítico amador pode produzir um resultado problemático na crítica. Se eu só vou ver filmes dos quais suponho que vou gostar, isso pode afetar meu julgamento. Pois eu posso me forçar a gostar do filme, porque eu paguei para vê-lo e quero ter a ilusão de que o dinheiro foi bem empregado. Posso assim estar vendo qualidades que os filmes não tem. Provavelmente, a maior parte das minhas resenhas terá sido elogiosa. O leitor que se der ao trabalho de acompanhar o que escrevo sobre cinema, provavelmente contabilizará esse resultado. Mesmo assim, acredito que esses comentários foram honestos e isentos.
De qualquer maneira, isso não é muito relevante. Não tenho a pretensão de, com elogios ou críticas, levantar ou derrubar filmes. Não tenho qualquer compromisso com a indústria e seus filmes comerciais, nem com a crítica profissional e seu mau humor. Não tenho, como os críticos profissionais que vivem do marketing de sua própria arrogância, a obrigação de odiar ou espinafrar os filmes hollywoodianos. Como não tenho compromisso com a indústria, também não tenho a obrigação de elogiar os filmes, muito menos de ajudar na divulgação, dar números de bilheteria e custos de produção. Quem quiser saber disso, que se informe em outro lugar. Não é esse o objetivo deste crítico amador.
Trata-se de usar o cinema como um meio de entender a realidade. O cinema não é arte, de modo geral. Até porque, a arte está morta. O cinema é um ramo da indústria cultural capitalista. Mas a cultura industrializada ainda é, de algum modo, cultura. De algum modo, essa cultura industrializada revela nexos da realidade. Articulações dialéticas constitutivas do tecido do real. É isso que me move. Entender de que maneira a indigência estética do cinema pode ser rica em significados sócio-culturais reveladores da barbárie pós-moderna.
O leitor que se dá ao trabalho de acompanhar o que escrevo pode também ter percebido que este escriba se auto-intitula comunista. E ficará a imaginar de qual facção: stalinista arcaico, stalinista reciclado, trotskysta remanescente, social-democrata, burguês enrustido, simpatizante eclético, comunista diletante, comunista acadêmico, comunista boêmio, comunista-caviar, comunista-hippie, comunista-new age, maoísta alucinado, agente da CIA, agente laranja, etc.. Provavelmente, nenhuma das alternativas. Não vou entregar o ouro aqui.
O comunista de qualquer uma dessas facções ficará certamente insultado com o comportamento herético deste auto-proclamado comunista avulso. Pelo fato de que se refestela em sessões de filmes-pipoca nos cinemas burgueses dos shopping centers, essas catedrais capitalistas do consumo, reino da alienação, templo do vazio cultural, túmulos da autonomia humana. Direi aos tribunais do Santo Ofício que sim, vou ao cinema. Pelo fato de ser um comunista, não abro mão da tolerância (inclusive para com o burguês, este pobre diabo), do uso da inteligência, do gosto individual, do bom humor e da paixão pela vida. E acrescento que um sociedade comunista sem tolerância, sem livre pensamento, gosto individual e sem bom humor não é um lugar em que eu gostaria de viver. Espero que os companheiros comunistas não estejam lutando para construir sociedades onde tais qualidades não sejam possíveis. Do contrário, me declaro desde já um comunista dissidente por antecipação.
O que me interessa é a discussão de conteúdos, não de rótulos. É preciso antes ler o que eu escrevo sobre os filmes para depois emitir julgamento sobre o meu hábito “burguês decadente” de assistir filmes. Convido a todos os antipatizantes das minhas idéias a ler o que eu escrevo e debater. Um dos objetivos de quem escreve, sempre, é provocar algum tipo de debate. Acredito sinceramente que não terei minhas credenciais de comunista cassadas caso esse desafio seja aceito. Sou, pois, um comunista romântico, que ainda acredita em discussões de mérito e de conteúdo das questões.
O leitor não comunista certamente ficará incomodado pelo uso abusivo e repetitivo da palavra “comunista” nesta tortuosa profissão de fé. Uma palavra feia, “comunista”. Traz ecos sombrios de uma época pavorosa, a da Guerra Fria. Traz à tona lendas sobre comedores de criancinhas. Pesadelos de apocalipse nuclear. “The day after”. O Império do mal ataca novamente. O nome comunista traz consigo ecos de uma “russofilia” cafona, uma adoração à Mãe Rússia misturada com culto ao “modelo” soviético. Um modelo de sociedade e de cultura marcado pelo cientificismo, pela frieza, pela austeridade, pela repressão, pelo aspecto mecanizado, pela burocracia, pela ineficiência, pela decadência, pela opacidade.
Tal russofilia (e não há neste neologismo nenhuma ironia contra o povo russo, que de resto portou-se de modo heróico em muitas ocasiões de sua história) foi vendida ao mundo como exemplo de comunismo e expôs ao constrangimento e ao ridículo os seus defensores quando da queda do Muro de Berlim e da URSS. O “comunismo” e a estética que aqui chamamos “russófila” a ele ligada tornaram-se sinônimos de mau gosto. Passaram a merecer o escárnio e o esquecimento quando foram ofuscados pela “exuberante” cultura da globalização e sua avassaladora vitalidade novidadeira.
Numa cultura que só entende as idéias como coisas e as coisas como mercadorias, como marcas, logotipos, grifes numa prateleira à disposição para a escolha do consumidor, inclusive as ideologias políticas; numa tal cultura, o comunismo passou a ser uma moda ultrapassada e ridícula, deprimente e de mau gosto.
Se é isso que se tem em mente quando eu digo “comunismo”, esclareço que não é essa idéia nem essa estética que defendo e represento. Sei que esse esclarecimento é provavelmente inútil. A confusão é praticamente inevitável. Até porque eu não posso fazer essa distinção a cada texto. E aliás também não é do escopo deste texto esclarecer o que eu entendo por comunismo. Apenas pôr as cartas na mesa e assumir o rótulo de comunista.
Mesmo correndo o risco da confusão, de ser confundido com qualquer uma das facções acima mencionadas, acho que a honestidade é mais proveitosa, porque traz como ganho adicional o efeito de provocar a estranheza. “Comunista”? Alguma estranheza, acompanhada de dúvida, curiosidade, incômodo, sempre irá surgir ao som dessa palavra. E a estranheza é sempre bem vinda no cenário atual de pasmaceira, de monotonia na cultura e pensamento único na política.
Continua...
Daniel M. Delfino
13/10/2003
Não assistí-los se torna um ultraje. Não gostar deles, pior ainda. A massificação impõe a concordância implícita e automática. Há uma grande parcela do público que vai ao cinema com o objetivo principal de acompanhar sua “galera” e fazer das salas e do seu entorno um “point” de “azaração”. Mais do que propriamente para assistir aos filmes. No próprio cinema, o filme se torna um mero detalhe. A grande massa do público não está presente para apreciar todos os detalhes do filme, a direção, atuação, roteiro, música, fotografia, cenografia, etc.. O público comparece principalmente para curtir a si mesmo.
Temos então um público que vai compulsivamente ao cinema, mas que entende cada vez menos a arte cinematográfica. Para agradar a um tal público, os filmes tem se tornado cada vez mais vazios de sentido. Para um público-pipoca, filmes-pipoca. “Fast-food”, fast-cinema. Filmes que não vão mudar a vida de ninguém, para um público que não quer nenhuma mudança na sua vida.
Diante desse cenário, críticos que levam a sério sua profissão arrancam os cabelos em desespero. Por conhecerem a história do cinema, todos os grandes filmes que já foram feitos, o trabalho dos grandes aristas desse ramo, o valor das cinematografias não-estadunidenses, etc.; os críticos se revoltam com a passividade bovina com a qual o público comparece em massa para assistir aos blockbusters. E ainda por cima formam filas imensas para pegar suas pipocas, como gado no matadouro, peças vivas sem cérebro a caminho da linha de montagem.
Os críticos que pensam dessa maneira, indignados com a degradação da arte e do gosto, tentam de todos os modos chamar atenção para os filmes que verdadeiramente valem à pena serem vistos. Diante de sua impotência em influenciar o gosto do público, tornam-se arrogantes, cínicos, amargos, raivosos. Alguns, em sua fúria contra a falta de neurônios do cinema comercial, tornam-se até divertidos. Fazem do seu humor ácido o mote do seu marketing pessoal.
Há também, por outro lado, os críticos pelegos, que não levam sua profissão a sério. Para os críticos dessa espécie, o cinema é isso aí mesmo, pura diversão. Seu papel nesse contexto é o de meras engrenagens na máquina promocional da indústria. Leitores de estatísticas, rankeadores de bilheterias, analistas de orçamentos de produção, bajuladores de astros e estrelas, capachos da constelação hollywoodiana. O que esses críticos fazem não passa de um “press-release” sofisticado.
O escriba que aqui se vos dirige não se enquadra em nenhuma das duas categorias, mas também não fica em cima do muro. Até por que não se trata de um profissional. Não sendo pago para analisar filmes, o faz por diversão. A condição de crítico amador traz algumas vantagens interessantes. A principal delas é o não ser obrigado a assistir a filmes dos quais sei que não vou gostar. Como pago meus próprios ingressos e meu dinheiro é ganho com o suor do meu próprio trabalho, não o desperdiço portanto com filmes dos quais sei que não vou gostar. Defendo que todo freqüentador de cinema deve saber que tipo de filme vai ver: quem faz parte do elenco, e quem o dirigiu, principalmente, para evitar surpresas desagradáveis. Talvez para dar esse tipo de informação, pelo menos, possa servir o crítico.
Essa condição de crítico amador pode produzir um resultado problemático na crítica. Se eu só vou ver filmes dos quais suponho que vou gostar, isso pode afetar meu julgamento. Pois eu posso me forçar a gostar do filme, porque eu paguei para vê-lo e quero ter a ilusão de que o dinheiro foi bem empregado. Posso assim estar vendo qualidades que os filmes não tem. Provavelmente, a maior parte das minhas resenhas terá sido elogiosa. O leitor que se der ao trabalho de acompanhar o que escrevo sobre cinema, provavelmente contabilizará esse resultado. Mesmo assim, acredito que esses comentários foram honestos e isentos.
De qualquer maneira, isso não é muito relevante. Não tenho a pretensão de, com elogios ou críticas, levantar ou derrubar filmes. Não tenho qualquer compromisso com a indústria e seus filmes comerciais, nem com a crítica profissional e seu mau humor. Não tenho, como os críticos profissionais que vivem do marketing de sua própria arrogância, a obrigação de odiar ou espinafrar os filmes hollywoodianos. Como não tenho compromisso com a indústria, também não tenho a obrigação de elogiar os filmes, muito menos de ajudar na divulgação, dar números de bilheteria e custos de produção. Quem quiser saber disso, que se informe em outro lugar. Não é esse o objetivo deste crítico amador.
Trata-se de usar o cinema como um meio de entender a realidade. O cinema não é arte, de modo geral. Até porque, a arte está morta. O cinema é um ramo da indústria cultural capitalista. Mas a cultura industrializada ainda é, de algum modo, cultura. De algum modo, essa cultura industrializada revela nexos da realidade. Articulações dialéticas constitutivas do tecido do real. É isso que me move. Entender de que maneira a indigência estética do cinema pode ser rica em significados sócio-culturais reveladores da barbárie pós-moderna.
O leitor que se dá ao trabalho de acompanhar o que escrevo pode também ter percebido que este escriba se auto-intitula comunista. E ficará a imaginar de qual facção: stalinista arcaico, stalinista reciclado, trotskysta remanescente, social-democrata, burguês enrustido, simpatizante eclético, comunista diletante, comunista acadêmico, comunista boêmio, comunista-caviar, comunista-hippie, comunista-new age, maoísta alucinado, agente da CIA, agente laranja, etc.. Provavelmente, nenhuma das alternativas. Não vou entregar o ouro aqui.
O comunista de qualquer uma dessas facções ficará certamente insultado com o comportamento herético deste auto-proclamado comunista avulso. Pelo fato de que se refestela em sessões de filmes-pipoca nos cinemas burgueses dos shopping centers, essas catedrais capitalistas do consumo, reino da alienação, templo do vazio cultural, túmulos da autonomia humana. Direi aos tribunais do Santo Ofício que sim, vou ao cinema. Pelo fato de ser um comunista, não abro mão da tolerância (inclusive para com o burguês, este pobre diabo), do uso da inteligência, do gosto individual, do bom humor e da paixão pela vida. E acrescento que um sociedade comunista sem tolerância, sem livre pensamento, gosto individual e sem bom humor não é um lugar em que eu gostaria de viver. Espero que os companheiros comunistas não estejam lutando para construir sociedades onde tais qualidades não sejam possíveis. Do contrário, me declaro desde já um comunista dissidente por antecipação.
O que me interessa é a discussão de conteúdos, não de rótulos. É preciso antes ler o que eu escrevo sobre os filmes para depois emitir julgamento sobre o meu hábito “burguês decadente” de assistir filmes. Convido a todos os antipatizantes das minhas idéias a ler o que eu escrevo e debater. Um dos objetivos de quem escreve, sempre, é provocar algum tipo de debate. Acredito sinceramente que não terei minhas credenciais de comunista cassadas caso esse desafio seja aceito. Sou, pois, um comunista romântico, que ainda acredita em discussões de mérito e de conteúdo das questões.
O leitor não comunista certamente ficará incomodado pelo uso abusivo e repetitivo da palavra “comunista” nesta tortuosa profissão de fé. Uma palavra feia, “comunista”. Traz ecos sombrios de uma época pavorosa, a da Guerra Fria. Traz à tona lendas sobre comedores de criancinhas. Pesadelos de apocalipse nuclear. “The day after”. O Império do mal ataca novamente. O nome comunista traz consigo ecos de uma “russofilia” cafona, uma adoração à Mãe Rússia misturada com culto ao “modelo” soviético. Um modelo de sociedade e de cultura marcado pelo cientificismo, pela frieza, pela austeridade, pela repressão, pelo aspecto mecanizado, pela burocracia, pela ineficiência, pela decadência, pela opacidade.
Tal russofilia (e não há neste neologismo nenhuma ironia contra o povo russo, que de resto portou-se de modo heróico em muitas ocasiões de sua história) foi vendida ao mundo como exemplo de comunismo e expôs ao constrangimento e ao ridículo os seus defensores quando da queda do Muro de Berlim e da URSS. O “comunismo” e a estética que aqui chamamos “russófila” a ele ligada tornaram-se sinônimos de mau gosto. Passaram a merecer o escárnio e o esquecimento quando foram ofuscados pela “exuberante” cultura da globalização e sua avassaladora vitalidade novidadeira.
Numa cultura que só entende as idéias como coisas e as coisas como mercadorias, como marcas, logotipos, grifes numa prateleira à disposição para a escolha do consumidor, inclusive as ideologias políticas; numa tal cultura, o comunismo passou a ser uma moda ultrapassada e ridícula, deprimente e de mau gosto.
Se é isso que se tem em mente quando eu digo “comunismo”, esclareço que não é essa idéia nem essa estética que defendo e represento. Sei que esse esclarecimento é provavelmente inútil. A confusão é praticamente inevitável. Até porque eu não posso fazer essa distinção a cada texto. E aliás também não é do escopo deste texto esclarecer o que eu entendo por comunismo. Apenas pôr as cartas na mesa e assumir o rótulo de comunista.
Mesmo correndo o risco da confusão, de ser confundido com qualquer uma das facções acima mencionadas, acho que a honestidade é mais proveitosa, porque traz como ganho adicional o efeito de provocar a estranheza. “Comunista”? Alguma estranheza, acompanhada de dúvida, curiosidade, incômodo, sempre irá surgir ao som dessa palavra. E a estranheza é sempre bem vinda no cenário atual de pasmaceira, de monotonia na cultura e pensamento único na política.
Continua...
Daniel M. Delfino
13/10/2003
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