30.4.07

A igreja maradoniana




“Pelé é o rei do futebol. Maradona é Deus.”

Esta frase foi dita por fiéis de uma certa Igreja Maradoniana. Existe na Argentina uma congregação religiosa dedicada ao culto de Maradona. Uma igreja constituída nos moldes das tradicionais religiões cristãs, na qual, em lugar de Jesus, como objeto de culto, temos o ex-jogador Diego Maradona. A Igreja funciona em Buenos Aires e promove cerimônias regulares de culto, pastiche dos cultos cristãos. Seus fiéis levam a religião a sério e não admitem que se fale que tudo não passa de uma brincadeira. Com Deus não se brinca.

Uma frase como esta acima, assim como a própria existência de uma Igreja Maradoniana, podem ser avaliadas segundo diversos aspectos. De imediato, junto com o espanto, vem a certeza: apenas Freud explica. O desajuste social e psicológico dos indivíduos que chegam a esse ponto é um caso que requer muita análise. Há que se considerar também o risco inerente à escolha de se ter um homem ainda vivo como Deus. Com um morto se pode fazer o que quiser, distorcer sua doutrina, transformá-lo no oposto daquilo que praticava, etc.; como se fez com Jesus. Mas um vivo ainda é senhor de si e ainda pode aprontar surpresas desagradáveis, fugindo ao comportamento que dele esperam seus fiéis.

Para além das carências e frustrações pessoais desses fiéis, um fenômeno social estrutura a Igreja Maradoniana. Na análise teórica do fenômeno social, há alguns aspectos a serem considerados: o futebolístico; o cultural-religioso; e o sócio-histórico.

1.
No aspecto futebolístico, a afirmação funciona como mais uma infeliz tentativa de fazer de Maradona o melhor jogador de todos os tempos. A mera existência dessa tentativa já é um sinal da sua insustentabilidade. Se alguém precisa insistir que Maradona é o melhor do mundo, é porque isso não é óbvio para todos. Quanto a Pelé, a sua condição é praticamente consensual. Pelé é aceito em quase todo mundo como o melhor de todos os tempos. Justamente por isso, ninguém precisa ficar insistindo. É uma verdade que se impõe naturalmente.

Caso se queira aprofundar a questão, pode-se perguntar o que é necessário para fazer de alguém o melhor jogador de todos os tempos. Existe como primeiro critério o mérito técnico. Pelé jogava melhor. Era mais completo como jogador. Tinha maior variedade de jogadas. Era perfeito no chute a gol, no cabeceio, no passe, no domínio de bola, no toque de bola, no posicionamento em campo, na antevisão das jogadas. Pelé era o jogador decisivo. Fazia os gols e ganhava os jogos.

Alguém pode rejeitar esse critério afirmando que se trata de uma questão de preferência e de estilo. Maradona jogava numa faixa mais central do campo, ia menos ao ataque. A sua arte estava mais na armação de jogadas do que na definição. Assim como a arte de Garrincha estava no drible, a de Romário está na conclusão, etc. Maradona, mesmo numa especialidade mais restrita, teria tido um brilho tão intenso que ofuscaria mesmo um jogador completo como Pelé. É uma tese questionável.

Se o critério técnico não servir para um definição da questão, como segundo critério, existe o número de gols e de títulos. Os gols e títulos de Pelé superam de longe os de Maradona. Inclusive títulos de Copa do Mundo: 3 x 1. O futebol não se resume a números, mas quando se trata deles, os de Pelé são esmagadoramente superiores.

Caso isso não baste, há ainda um último critério, que é o mais decisivo de todos, e que paradoxalmente, menos depende dos indivíduos em questão, pois se relaciona com circunstâncias outras. Trata-se do critério de perfeição da trajetória do atleta. A trajetória de Pelé foi perfeita do começo ao fim, fundindo-se a uma era de exuberância do futebol brasileiro como um todo. Pelé foi o melhor dos melhores, na melhor época do futebol brasileiro e mundial. Sobre essa questão, remeto a meu texto anterior “Privatizaram o futebol!”

A trajetória de Maradona, ao contrário, foi acidentada, com mudanças de time, suspensões, escândalos. Seu final de carreira foi do trágico ao patético, com escândalos de doping, tentativas ridículas de retorno, etc. A imagem que ficou de Pelé foi a da Copa de 1970, a mais perfeita que qualquer seleção já jogou. A que fica de Maradona é a de um jogador que não consegue se livrar do vício nem entrar em forma para desfilar o que restava de seu talento em suas tentativas fracassadas de retorno. Não há como comparar as duas figuras a não ser favoravelmente ao brasileiro.

Para completar esse ponto, recorro a mais dois contra-exemplos, o do também argentino Di Stefano e o do húngaro Puskas. Os dois jogaram juntos no Real Madrid dos anos 1950 até o início dos 60 e foram candidatos ao posto de maior jogador de todos os tempos. Hoje, pouca gente se lembra de Di Stefano, mas mesmo na Argentina houve quem o considerasse melhor que Maradona. O problema de di Stefano é que não houve Copas do Mundo em 1942 e 46, por causa da Segunda Guerra. Ele e toda a seleção Argentina, a melhor do mundo na época (talvez a Itália de então fosse páreo), foram prejudicados por não poder disputar os títulos mundiais que os teriam consagrado.

Além disso, Di Stefano saiu do River Plate, que o revelou, para jogar na lendária Liga Pirata da Colômbia, num time que tinha o sugestivo nome de “Milionários de Bogotá”. A Liga Pirata era um campeonato não reconhecido pela FIFA disputado por times formados por jogadores contratados em toda a América do Sul por cartolas que usavam os clubes para fazer lavagem de dinheiro de origem criminosa. Mais ou menos como o bilionário russo Roman Abramovich fez recentemente ao comprar o time do Chelsea. Mas hoje os tempos são outros e tudo é permitido. O caso é que Di Stefano, ao invés de jogar sua carreia inteira num time só, como Pelé, vestiu as camisas do River, do Milionários, do Real, da seleção da Espanha.

O caso de Puskas foi um pouco mais trágico. Puskas jogava no legendário time do Honved, o time do exército húngaro que foi a base da seleção húngara da Copa de 1954. A seleção da Hungria perdeu a final para a Alemanha por 3 x 2, no que foi considerado uma das maiores zebras de todos os tempos, comparável à derrota do Brasil em 1950 para o Uruguai. A Hungria de meados da década era disparada a melhor seleção do mundo, tanto que havia vencido a mesma Alemanha na fase preliminar por 8 x 3 e destruído o Brasil por 4 x 2. O problema da Hungria e da carreira de Puskas foi a repressão stalinista ao levante húngaro de 1956. Os jogadores do Honved, então em excursão, recusaram-se a voltar para seu país e encontraram emprego em times europeus. Puskas foi parar no Real Madrid.

Na época, jogadores estrangeiros podiam defender a seleção do país onde jogavam. Puskas, sendo húngaro, podia jogar na seleção da Espanha, por ser jogador do time espanhol do Madrid. Mas por efeito de acidentes típicos de um jogo como o futebol, os jogadores que encantavam o mundo com a camisa do Real Madrid não jogavam o mesmo com a camisa da seleção da Espanha. Já Pelé com a camisa da seleção brasileira... Bem, Pelé, mesmo não jogando a maior parte da Copa, foi campeão em 1962, a mesma que Puskas disputou pela seleção da Espanha, tendo inclusive perdido para o Brasil num jogo em que o juiz nos deu uma ajuda decisiva, o que acaba sendo um mero detalhe...

Resumo da ópera: não basta simplesmente ser o melhor por méritos próprios, é preciso também ter sorte e contar com uma conjunção favorável de fenômenos políticos e culturais que cristalize a trajetória. Algo que só acontece uma vez num século. Por exemplo, a Copa do Mundo de 1970 foi a primeira transmitida ao vivo e em cores pela TV para o mundo todo. Não se estranha que o futebol jogado ali tenha parecido mágico, insuperável, inesquecível. Houve outros jogadores além de Pelé que fizeram mais de 1000 gols na carreira, como o também brasileiro Friedenreich (das décadas de 1910, 1920 e 1930), e o já citado Puskas. Mas Pelé fez os seus 1000 gols na época certa, no time certo, na seleção certa.

Não basta ser o melhor, é preciso aparecer como o melhor com toda pompa e circunstância. Aquilo que é bom ganha um realce ainda maior por meio da moldura em que se enquadra e se torna insuperável. Tendo sido ou não o melhor de todos os tempos em campo, e Pelé o foi, ele é insuperável também por todos esses fatores.

Qualquer um pode demonstrar ser o melhor, ser reconhecido como tal pelos contemporâneos, representar uma era, personificar uma lenda, mas mesmo esses podem ser esquecidos, se um acidente político, uma escolha infeliz, uma mudança de rumo, fizerem minguar sua estrela. Uma guerra mundial, uma nova mídia, uma nova competição, podem fazer surgir uma nova era no esporte e relegar os protagonistas das épocas passadas a um esquecimento imerecido. O critério mais decisivo para consolidar a importância histórica de um jogador acaba sendo a forma como um atleta alcança sua representatividade.

Talvez o único aspecto em que Maradona verdadeiramente leve vantagem seja no critério das posições políticas. Maradona se apresenta como rebelde do futebol, critica a cartolagem corrupta da FIFA, é amigo de Fidel Castro, etc.. Claro que muito disso é parte da estratégia de assumir a posição de vítima para tentar sair por cima dos escândalos de doping. Mas Pelé, ao contrário, fez fortuna mercadejando sua fama de jogador com os elementos podres da cúpula do futebol brasileiro e mundial.

A destruição da carreira de Maradona como jogador vem de suas falhas como ser humano. A consagração de Pelé vem do fato de que, como jogador, ter sido algo mais que humano, e de que suas falhas humanas apareceram depois que não era mais jogador. Talvez seja mais certo, como o próprio Pelé faz, separar a figura do jogador da do cidadão Edson Arantes do Nascimento. Edson é um homem, falível. Pelé era um Deus. Do futebol.

2.
No aspecto cultural e religioso, o fenômeno da criação de religiões reflete o esvaziamento da própria religião, num mundo ao paradoxalmente carente de crenças. É cada vez menor a porcentagem da população, nos países ocidentais, que leva a religião à sério como fonte de parâmetros morais de conduta. Esse fenômeno é particularmente intenso no catolicismo. Os católicos não dão importância à orientação conservadora do Papa e fazem planejamento familiar, usam contraceptivos, fazem abortos, usam camisinha, divorciam-se, exercem sua homossexualidade, etc.. Os católicos se dizem católicos, mas “não praticantes”. Flertam com outras religiões e admitem o sincretismo.

A presença da religião como fator objetivo no mundo das relações sociais cotidianas diminui sensivelmente no mundo burguês laicizado da pós-modernidade. O cidadão padrão do mundo ocidental tira suas razões e justificativas da ciência e não da religião. Ele pode até acreditar que Deus existe, desde que esse Deus trabalhe como uma espécie de motor oculto da regularidade natural desvendada pelas leis da ciência. A ciência legitima Deus e não o contrário. A palavra decisiva cabe à ciência. Deus não é mais o personagem de mistério que se dá a conhecer por meio da revelação religiosa e para cujo conhecimento se requer a necessária mediação da autoridade clerical; ele é uma mera abstração vaga cujo conteúdo a ciência logo desvendará por completo.

De todo modo, isso são questões que a maioria das pessoas sequer se coloca. Estão todos mais ocupados em ganhar a vida. A ciência matou Deus sob o acicate das pressões do mundo da economia. A economia do capital não tem tempo a perder com escrúpulos religiosos e ordena a terraplanagem sumária do mundo das superstições. A ciência, a técnica e a economia passam como um trator por cima do sagrado e fazem do mundo um “shoping center”. O pragmatismo da competição substitui a debilidade prática da moral religiosa. A competição suplanta a compaixão.

John Lennon expressou isso claramente quando disse que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo. Na visão explicitada por essa frase, o predomínio sobre a cultura é um concurso de popularidade. Os Beatles são mais populares, mas o que isso significa? Será que Jesus se propunha ser “popular” ou transformar moralmente as pessoas? Na perspectiva a partir da qual Lennon fez sua provocação, não há essa questão. Trata-se simplesmente de popularidade. A perspectiva é de um mundo de relações fugazes, superficiais, instáveis. Um mundo em que a religião foi esvaziada de seu conteúdo operativo prático.

Os mandamentos estão lá, na lei, nas Escrituras, mas só para constar. Ninguém os leva mesmo a sério. A Escritura é um enfeite, um acessório. Em todos os momentos decisivos, a individualidade atua sob o tacão pesado do interesse material e da competição nua e crua. Nesse mundo frio e cruel, dessacralizado (desencantado, para usar a terminologia de Weber), à medida que a religião tradicional perde sua força operativa concreta, as religiões heterodoxas e as abordagens heterodoxas da religião ganham força.

Diante da falta de sentido e da crueldade de um mundo regido pela competição capitalista, o indivíduo se volta para religiões naturais. Cresce o esoterismo, o misticismo, o ocultismo, o orientalismo. Formas antigas de obscurantismo pisoteadas pelo monopólio das igrejas cristãs tradicionais ressurgem com força renovada e reclamam direito de cidadania no circo da cultura pós-moderna. Acuadas, as igrejas pouco podem fazer contra essa revivescência do obscuro e do irracional. O pós-modernismo contaminou a religião de uma frouxidão e de um relativismo impensáveis em outros tempos.

Crê-se em duendes, em elementais, em fadas, em bruxas, em OVNIs, em Atlântida, em Paulo Coelho e outros absurdos. As igrejas tradicionais pouco podem fazer para debelar essa torrente irracionalista, porque suas próprias respostas já foram testadas e rejeitadas. A fome que essas religiões bizarras buscam saciar é a que nasce da experiência da falta de sentido da vida num mundo puramente materialista, hedonista, consumista, vertiginosamente competitivo.

A morte continua sendo um limite ineliminável da vida e as mediações ideológicas do sistema do capital, o seu culto ao dinheiro, ao poder, à fama, pouco ajudam para satisfazer a sede de transcendência pela qual a perspectiva da finitude pode se tornar aceitável. Como não há no horizonte prático outro modelo de sociedade, a religião se transforma numa válvula de escape das tensões da frustração de uma existência fundamentalmente infeliz na sociedade capitalista.

Nesse samba do crioulo doido, as igrejas mais disparatadas pipocam aqui e acolá. Há igrejas e cultos para todos os gostos. Nos Estados Unidos, há o culto a Elvis Presley. Na Argentina, o culto a Maradona.

É necessário aqui fazer a ressalva de que essa análise se refere à civilização ocidental e cristã, da qual Argentina e Brasil fazem parte. Os povos africanos e asiáticos possuem outras maneiras de vivenciar a espiritualidade, que não são pertinentes a esse tema.

3.
No aspecto histórico, há que se considerar o fenômeno da decadência Argentina. Se o Brasil foi um dos países que mais cresceu no século XX (mesmo contabilizando-se as décadas perdidas dos anos 80 e 90), a Argentina foi um dos que mais empobreceu. Comparação que deve ser dura para qualquer portenho suportar, embora não alivie nada do nosso lado, pois a distribuição de renda do Brasil continua equivalendo à dos tempos da escravidão. O que interessa é que a queda da Argentina, numa avaliação comparativa ao longo do século, foi estrepitosa.

No início do século XX, se houvesse um G-7, a Argentina estaria nele. Era um dos países mais ricos do mundo. Buenos Aires era uma das capitais da moda. Companhias de ópera se revezavam entre o Scala de Milão e o Colón portenho. A capital Argentina até hoje tem mais livrarias que o Brasil inteiro. A Argentina tem pelo menos um gênio literário mundialmente reconhecido, na figura de Borges, além dos seus laureados com o Nobel. Em que pese que a literatura não seja uma competição, o fato da literatura Argentina ser reconhecida e a brasileira não reflete uma certa hierarquia de percepção. Essa hierarquia ainda é tributária do momento histórico em que a Argentina era rica e o Brasil era pobre.

Todos esses fatos são do domínio do estereótipo. Todos conhecem os argentinos como arrogantes e “metidos”, com mania de europeus. Como todo estereótipo, o do portenho também esconde alguma verdade. Há a inegável verdade de que a Argentina foi mais rica que o Brasil. Enquanto nós fizemos nossa história fornecendo produtos de sobremesa (açúcar e café), a Argentina fornecia ao mundo carne e trigo. São também “commodities”, mas são produtos nobres. Literalmente, o filé mingnon.

Quando foi que a Argentina começou a dar errado e o Brasil de algum modo deu certo? Talvez Getúlio Vargas, o grande estadista da história do Brasil, tenha sido mais bem sucedido do que Perón, apesar do autoritarismo e do flerte com o fascismo. No Brasil, Vargas construiu a Petrobrás e a CSN, suicidou-se como mártir do nacionalismo e adiou com isso em dez anos o golpe que viria em 1964. Perón, ao contrário, deixou como mártir sua mulher, Evita, que se tornou ícone do populismo assistencialista e da devoção semi-religiosa dos argentinos. O fato é que a Argentina não conseguiu se industrializar com a intensidade com que o Brasil o fez e perdeu terreno. E continua perdendo terreno até hoje. De crise em crise, de ditadura em ditadura, deposição de presidentes, mandatos abreviados, panelaços, etc..

O panelaço, se bem que seja um sinal de vitalidade e resistência do povo argentino, representa também um sinal de desarticulação das mediações políticas. Não há na Argentina uma mediação capaz de articular essa resistência em processos construtivos. Não há um partido de massas de esquerda na Argentina. Se bem que com o PT no governo, também se pode dizer que não o há no Brasil. De todo modo, a idéia deste artigo não é comparar favoravelmente o Brasil em relação à Argentina, pois na verdade somos ambos, à sua maneira, fracassados. A idéia é mostrar a especificidade da problemática argentina, à luz do exemplo da Igreja Maradoniana.

Conclusão

Como ia dizendo, pois, na falta de mediações operacionais para as demandas populares, fica-se no campo das soluções escapistas. A consciência nacional argentina, na falta de uma realização concreta, se prende à uma realização futebolística. E a grande realização do povo argentino foi a Copa do Mundo de 1986, ganha praticamente sozinha por Maradona. Com direito a um gol de mão contra a Inglaterra, inimigo odiado pela guerra nas Malvinas e outro gol que é provavelmente o mais bonito da história das Copas, contra a mesma Inglaterra. Tudo isso nos campos do México, onde o Brasil brilhou em 1970 e viu o derradeiro naufrágio da seleção de 1982.

A argentina também ganhou a Copa de 1978, jogando em casa, mas essa foi a Copa mais suja de todos os tempos, mais até do que aquela que a Inglaterra ganhou em casa em 1966. A Argentina só foi à final porque o Peru, com um goleiro argentino naturalizado, entregou o jogo para que os portenhos fizessem o saldo de gols necessário para eliminar o Brasil. Foi uma Copa ganha sob a pressão da ditadura militar, um regime que os argentinos odiavam e que caiu miseravelmente em 1983 depois do fiasco nas Malvinas. A Copa de 1978 é uma Copa que talvez mesmo os argentinos tenham vergonha de ter ganho. Eles a contabilizam, mas com certeza preferem a de 1986.

Ou seja, para os argentinos, a Copa de 1986 foi a glória suprema. Por isso Maradona é Deus. Mesmo não sendo o melhor jogador de todos os tempos.

Daniel M. Delfino

16/12/2003

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