A Federação Paulista de futebol (FPF) aumentou o preço dos ingressos de arquibancada para os jogos do Paulistão 2004 de R$ 10,00 para R$ 20,00. Com essa medida, a FPF conseguiu tirar dos estádios aquela parte da torcida que representava a maior parcela de público, ou seja, as torcidas organizadas. O torcedor típico das organizadas é geralmente um espectador solitário, jovem, que vai de ônibus para o jogo, reunindo-se aos amigos em turmas nas barracas de cerveja no entorno dos estádios. Para esse público a elevação do preço é fatal, pois significa o fim da possibilidade de freqüentar o futebol com a costumeira assiduidade. O morador da periferia, com renda precária ou desempregado, não pode bancar um lazer quinzenal, sequer mensal, ao preço de R$ 20,00.
Cinicamente, a FPF justifica a medida dizendo que o aumento do preço dos ingressos é na verdade uma promoção. O ingresso de R$ 20,00 é na verdade um ingresso-família, que vale para o pai, a mãe e os filhos menores. Do ponto de vista de quem leva uma família inteira para o estádio, esporadicamente, esse preço parece até razoável. Esporadicamente, pois não se espera que as famílias passem a freqüentar o estádio assiduamente apenas porque o preço soa razoável. Mesmo assim, no mundo de contos de fadas da FPF, os estádios deixariam de receber as complicadas torcidas organizadas e estariam cheios de pacíficas famílias para aprazíveis tardes de futebol. Com a troca de um público pelo outro, o rendimento permaneceria o mesmo.
É claro que esse conto de fadas não tem a menor chance de virar realidade. Não há esse público familiar maciço ansioso por uma promoção para voltar a encher os estádios. Não há essa demanda reprimida, porque as famílias paulistanas perderam essa cultura de freqüentar os estádios. Os dirigentes hostis às torcidas organizadas podem argumentar que o público familiar deixou os estádios justamente por medo das gangues infiltradas entre os torcedores das organizadas. Mas este escriba-torcedor pode argumentar que o público abandonou os estádios porque a qualidade do espetáculo caiu, ficando nas arquibancadas apenas os torcedores que acompanham seu time por hábito religioso, como é o seu próprio caso. Colocada a questão nesses termos, essa discussão prosseguiria indefinidamente.
Procuremos outra abordagem para mostrar porque a decisão da FPF é equivocada. Os estádios não vão se encher de um público familiar de uma hora para outra, simplesmente porque a cidade apresenta outras opções de lazer bem mais em conta. Levar uma família ao estádio envolve despesas com locomoção, estacionamento, alimentação, etc.. Considerando-se também o conforto das instalações, o risco de sol forte ou de chuva, a segurança dentro do estádio e nos arredores, a acessibilidade e a qualidade do atendimento, os cinemas de Shopping centers apresentam uma relação custo-benefício muito melhor. Na verdade, comparando-se a infra-estrutura dos estádios, sanitários, assentos, etc., os cinemas estão anos-luz à frente. Estamos falando de dois mundos diferentes.
Achar que o simples aumento do preço mudaria automaticamente o perfil do público sem qualquer impacto negativo na renda revela um brutal desconhecimento da realidade, senão um ato de má fé explicita. Para atrair um público mais qualificado, a FPF precisaria investir para qualificar o espetáculo. E isso envolve não apenas as instalações dos estádios, mas o próprio campeonato como atração. Isso é o oposto do que se tem feito. Ao longo das últimas duas décadas, o futebol tem se tornado cada vez menos interessante. Os campeonatos estão cada vez mais desorganizados, as fórmulas de disputa mais absurdas, os times vendem mais cedo seus melhores jogadores para o exterior, as disputas são menos empolgantes.
O hábito de ir ao estádio deixou de ser gratificante. O público familiar está acostumado a assistir futebol pela TV. Tanto assim que os direitos de transmissão dos jogos se transformaram na principal fonte de renda dos clubes. A ponto de uma rede de televisão mandar e desmandar no calendário e marcar jogos para os dias, horários e locais mais absurdos. Trazer de volta o público familiar exigiria, além de uma mudança de cultura desse público, uma mudança no projeto de mercado.
Tudo isso é o be-a-bá do mercado de entretenimento. É claro que os dirigentes sabem que essa mudança de preço vai provocar uma queda brutal nos rendimentos da bilheteria. Os dirigentes sabem disso e não estão se importando. A rentabilidade do futebol não é preocupação sua, nem agora, nem nunca. Os dirigentes de clubes e federações estão arrastando o futebol brasileiro para a bancarrota há décadas. Esse último movimento da FPF é apenas mais um capítulo de uma longa novela de arbítrio, irresponsabilidade e incompetência.
Engana-se o leitor de outros Estados se imaginar que a força do futebol de São Paulo no contexto nacional (no mínimo um time em todas as últimas onze* finais do Brasileiro) se deve a uma organização superior em relação à das demais federações. Antes, pelo contrário, o futebol de São Paulo ainda não faliu como no resto do país apenas pelo fato de que se localiza no Estado mais rico do país. Mesmo isso em breve não será mais suficiente. Ano a ano, o antes celebrado Paulistão míngua cada vez mais, estando em vias de se tornar o paulistinha, um torneiozinho de pré-temporada. A atual medida da FPF é mais um passo firme nessa direção. Mais do que a rentabilidade do futebol, o que interessa à FPF nesse momento é a queda de braço política com as torcidas organizadas.
Para tirar esses torcedores dos estádios, a FPF está disposta a suportar mais uma temporada de prejuízo. No seu cálculo estratégico estúpido, um ano a mais ou a menos de prejuízo não fará diferença. O objetivo dessa manobra, como dissemos, mais do que econômico, é na verdade político. Trata-se de afastar as torcidas organizadas dos estádios num momento em que o estatuto do torcedor recentemente aprovado atribui ao público freqüentador dos estádios a condição de consumidores. No momento em que as torcidas organizadas fizerem valer sua condição legal, poderão exigir mudanças na qualidade do espetáculo futebol. Como os dirigentes não estão interessados em promover essas mudanças, tratam de recusar às torcidas organizadas o papel de interlocutores do processo.
O procedimento da FPF se enquadra no comportamento típico do poder autoritário, não-democrático, que consiste em recusar à população que se lhe opõe a condição de sujeito coletivo numa negociação. A massa de torcedores das organizadas possui uma coesão tal que pode se transformar numa força politicamente explosiva. A massa organizada como sujeito político é o pesadelo de todo dirigente autoritário, que lhe cabe tentar evitar a qualquer custo.
Para isso, o autoritarismo tenta dissolver todo tipo de organização coletiva das massas, como sindicatos, comissões de fábrica, grêmios estudantis, invasões de sem-terras, ou no caso, torcidas organizadas, negando-lhes o direito de participar do jogo político. O jogo político burguês é explicitamente individualista e anti-social, aceitando apenas indivíduos isolados frente ao Estado, desconhecendo as mediações coletivas e de classe.
Nesse caso particular de abuso do poder econômico pela FPF, o tiro pode sair pela culatra. A provocação às torcidas organizadas pode resultar justamente no contrário, a mobilização delas contra a medida. Um movimento comum contra o preço dos ingressos, além de um boicote aos jogos, por parte das torcidas de todos os grandes clubes, pode ser a pedra no caminho dos planos da FPF.
Como acontece em todo discurso burguês de auto-legitimação, a tentativa de passar por cima da mediação das organizações coletivas (torcidas) para tratar diretamente com os indivíduos isolados (compradores), também nesse caso o procedimento da FPF funciona como uma maneira de tentar ocultar uma relação de poder disseminada na sociedade. Uma relação pela qual um pequeno grupo oligárquico impõe seus interesses sobre o conjunto da sociedade.
A classe dos dirigentes do futebol, arqui-reacionária e coronelista, comporta-se como se fosse dona do futebol brasileiro. Ao longo de sucessivos mandatos, ocupam cargos praticamente vitalícios nos clubes e federações, perpetuando-se no poder através de eleições viciadas e fraudulentas, mantendo os clubes fora do alcance de qualquer inspeção pública, verificação democrática e transparência de gestão. As instituições do futebol brasileiro ainda são verdadeiras caixas-pretas financeiras.
Instituições deficitárias, inadimplentes junto à Previdência e ao Fisco, sem transparência, controladas por décadas a fio pelos mesmos grupos, que bloqueiam qualquer tentativa de democratização e responsabilização de seu poder, exercendo cargos não-remunerados, mas mantendo mesmo assim um elevado padrão de vida, trabalhando por “pura dedicação” ao futebol, que como resultado de tanto altruísmo, afunda cada vez mais. O leitor sabe a que conclusões leva esse raciocínio.
Não é preciso levar até o fim o raciocínio acima para saber que essa situação precisa mudar. O futebol precisa ser organizado de maneira profissional, com regras claras, transparência administrativa, respeito aos regulamentos, estabilidade e continuidade das formas de disputa, jogos em quantidade menor, em dias e horários razoáveis, permitindo planejamento e organização da temporada por parte dos clubes, que por sua vez permite continuidade e segurança no trabalho de técnicos e jogadores, com conseqüente melhoria técnica do espetáculo, padronização e valorização do produto futebol na mídia, investimentos na infra-estrutura dos estádios para atrair e educar os torcedores, etc.
Em vez disso, temos o aumento unilateral e sem qualquer contrapartida do preço dos ingressos. Continuaremos longe da luz no fim do túnel.
* 1993 Palmeiras, 1994 Palmeiras e Corinthians, 1995 Santos, 1996 Portuguesa, 1997 Palmeiras, 1998 Corinthians, 1999 Corinthians, 2000 São Caetano, 2001 São Caetano, 2002 Santos e Corinthians, 2003 Santos vice.
P.S. Este escriba não consegue deixar de especular, em razão de todas as incoerências e contradições apresentadas acima, sobre a possibilidade dessa medida da FPF representar uma vingança contra a Gaviões da Fiel. Uma vingança pessoal do Presidente da FPF contra a torcida organizada do Corinthians. Recapitulando, na final do Paulistão 2003, tendo o Corinthians vencido o primeiro jogo por 3x2, a FPF conseguiu a proeza de redigir um regulamento que não esclarecia quem seria campeão em caso de vitória do São Paulo pela mesma contagem. Assim, as duas torcidas passaram a semana se provocando, até que o Presidente da FPF, Eduardo José Farah proclamou o veredicto de que a vitória seria do São Paulo. Não cabe aqui voltar ao mérito da questão, pois pela lógica os são-paulinos tinham razão. Acontece que o regulamento, bizantinamente dissecado pela crônica esportiva, não tinha lógica nenhuma no seu texto. E a torcida corintiana se sentiu roubada pelo veredicto de Farah. Assim, tendo o segundo jogo terminado com 3x2 para o Corinthians, o Presidente da FPF teve que ouvir de algumas dezenas de milhares de corintianos no estádio, entre os quais este escriba, o simpático coro: “Farah, @#$%&, Timão é campeão!!”
Daniel M. Delfino
18/02/2004
Cinicamente, a FPF justifica a medida dizendo que o aumento do preço dos ingressos é na verdade uma promoção. O ingresso de R$ 20,00 é na verdade um ingresso-família, que vale para o pai, a mãe e os filhos menores. Do ponto de vista de quem leva uma família inteira para o estádio, esporadicamente, esse preço parece até razoável. Esporadicamente, pois não se espera que as famílias passem a freqüentar o estádio assiduamente apenas porque o preço soa razoável. Mesmo assim, no mundo de contos de fadas da FPF, os estádios deixariam de receber as complicadas torcidas organizadas e estariam cheios de pacíficas famílias para aprazíveis tardes de futebol. Com a troca de um público pelo outro, o rendimento permaneceria o mesmo.
É claro que esse conto de fadas não tem a menor chance de virar realidade. Não há esse público familiar maciço ansioso por uma promoção para voltar a encher os estádios. Não há essa demanda reprimida, porque as famílias paulistanas perderam essa cultura de freqüentar os estádios. Os dirigentes hostis às torcidas organizadas podem argumentar que o público familiar deixou os estádios justamente por medo das gangues infiltradas entre os torcedores das organizadas. Mas este escriba-torcedor pode argumentar que o público abandonou os estádios porque a qualidade do espetáculo caiu, ficando nas arquibancadas apenas os torcedores que acompanham seu time por hábito religioso, como é o seu próprio caso. Colocada a questão nesses termos, essa discussão prosseguiria indefinidamente.
Procuremos outra abordagem para mostrar porque a decisão da FPF é equivocada. Os estádios não vão se encher de um público familiar de uma hora para outra, simplesmente porque a cidade apresenta outras opções de lazer bem mais em conta. Levar uma família ao estádio envolve despesas com locomoção, estacionamento, alimentação, etc.. Considerando-se também o conforto das instalações, o risco de sol forte ou de chuva, a segurança dentro do estádio e nos arredores, a acessibilidade e a qualidade do atendimento, os cinemas de Shopping centers apresentam uma relação custo-benefício muito melhor. Na verdade, comparando-se a infra-estrutura dos estádios, sanitários, assentos, etc., os cinemas estão anos-luz à frente. Estamos falando de dois mundos diferentes.
Achar que o simples aumento do preço mudaria automaticamente o perfil do público sem qualquer impacto negativo na renda revela um brutal desconhecimento da realidade, senão um ato de má fé explicita. Para atrair um público mais qualificado, a FPF precisaria investir para qualificar o espetáculo. E isso envolve não apenas as instalações dos estádios, mas o próprio campeonato como atração. Isso é o oposto do que se tem feito. Ao longo das últimas duas décadas, o futebol tem se tornado cada vez menos interessante. Os campeonatos estão cada vez mais desorganizados, as fórmulas de disputa mais absurdas, os times vendem mais cedo seus melhores jogadores para o exterior, as disputas são menos empolgantes.
O hábito de ir ao estádio deixou de ser gratificante. O público familiar está acostumado a assistir futebol pela TV. Tanto assim que os direitos de transmissão dos jogos se transformaram na principal fonte de renda dos clubes. A ponto de uma rede de televisão mandar e desmandar no calendário e marcar jogos para os dias, horários e locais mais absurdos. Trazer de volta o público familiar exigiria, além de uma mudança de cultura desse público, uma mudança no projeto de mercado.
Tudo isso é o be-a-bá do mercado de entretenimento. É claro que os dirigentes sabem que essa mudança de preço vai provocar uma queda brutal nos rendimentos da bilheteria. Os dirigentes sabem disso e não estão se importando. A rentabilidade do futebol não é preocupação sua, nem agora, nem nunca. Os dirigentes de clubes e federações estão arrastando o futebol brasileiro para a bancarrota há décadas. Esse último movimento da FPF é apenas mais um capítulo de uma longa novela de arbítrio, irresponsabilidade e incompetência.
Engana-se o leitor de outros Estados se imaginar que a força do futebol de São Paulo no contexto nacional (no mínimo um time em todas as últimas onze* finais do Brasileiro) se deve a uma organização superior em relação à das demais federações. Antes, pelo contrário, o futebol de São Paulo ainda não faliu como no resto do país apenas pelo fato de que se localiza no Estado mais rico do país. Mesmo isso em breve não será mais suficiente. Ano a ano, o antes celebrado Paulistão míngua cada vez mais, estando em vias de se tornar o paulistinha, um torneiozinho de pré-temporada. A atual medida da FPF é mais um passo firme nessa direção. Mais do que a rentabilidade do futebol, o que interessa à FPF nesse momento é a queda de braço política com as torcidas organizadas.
Para tirar esses torcedores dos estádios, a FPF está disposta a suportar mais uma temporada de prejuízo. No seu cálculo estratégico estúpido, um ano a mais ou a menos de prejuízo não fará diferença. O objetivo dessa manobra, como dissemos, mais do que econômico, é na verdade político. Trata-se de afastar as torcidas organizadas dos estádios num momento em que o estatuto do torcedor recentemente aprovado atribui ao público freqüentador dos estádios a condição de consumidores. No momento em que as torcidas organizadas fizerem valer sua condição legal, poderão exigir mudanças na qualidade do espetáculo futebol. Como os dirigentes não estão interessados em promover essas mudanças, tratam de recusar às torcidas organizadas o papel de interlocutores do processo.
O procedimento da FPF se enquadra no comportamento típico do poder autoritário, não-democrático, que consiste em recusar à população que se lhe opõe a condição de sujeito coletivo numa negociação. A massa de torcedores das organizadas possui uma coesão tal que pode se transformar numa força politicamente explosiva. A massa organizada como sujeito político é o pesadelo de todo dirigente autoritário, que lhe cabe tentar evitar a qualquer custo.
Para isso, o autoritarismo tenta dissolver todo tipo de organização coletiva das massas, como sindicatos, comissões de fábrica, grêmios estudantis, invasões de sem-terras, ou no caso, torcidas organizadas, negando-lhes o direito de participar do jogo político. O jogo político burguês é explicitamente individualista e anti-social, aceitando apenas indivíduos isolados frente ao Estado, desconhecendo as mediações coletivas e de classe.
Nesse caso particular de abuso do poder econômico pela FPF, o tiro pode sair pela culatra. A provocação às torcidas organizadas pode resultar justamente no contrário, a mobilização delas contra a medida. Um movimento comum contra o preço dos ingressos, além de um boicote aos jogos, por parte das torcidas de todos os grandes clubes, pode ser a pedra no caminho dos planos da FPF.
Como acontece em todo discurso burguês de auto-legitimação, a tentativa de passar por cima da mediação das organizações coletivas (torcidas) para tratar diretamente com os indivíduos isolados (compradores), também nesse caso o procedimento da FPF funciona como uma maneira de tentar ocultar uma relação de poder disseminada na sociedade. Uma relação pela qual um pequeno grupo oligárquico impõe seus interesses sobre o conjunto da sociedade.
A classe dos dirigentes do futebol, arqui-reacionária e coronelista, comporta-se como se fosse dona do futebol brasileiro. Ao longo de sucessivos mandatos, ocupam cargos praticamente vitalícios nos clubes e federações, perpetuando-se no poder através de eleições viciadas e fraudulentas, mantendo os clubes fora do alcance de qualquer inspeção pública, verificação democrática e transparência de gestão. As instituições do futebol brasileiro ainda são verdadeiras caixas-pretas financeiras.
Instituições deficitárias, inadimplentes junto à Previdência e ao Fisco, sem transparência, controladas por décadas a fio pelos mesmos grupos, que bloqueiam qualquer tentativa de democratização e responsabilização de seu poder, exercendo cargos não-remunerados, mas mantendo mesmo assim um elevado padrão de vida, trabalhando por “pura dedicação” ao futebol, que como resultado de tanto altruísmo, afunda cada vez mais. O leitor sabe a que conclusões leva esse raciocínio.
Não é preciso levar até o fim o raciocínio acima para saber que essa situação precisa mudar. O futebol precisa ser organizado de maneira profissional, com regras claras, transparência administrativa, respeito aos regulamentos, estabilidade e continuidade das formas de disputa, jogos em quantidade menor, em dias e horários razoáveis, permitindo planejamento e organização da temporada por parte dos clubes, que por sua vez permite continuidade e segurança no trabalho de técnicos e jogadores, com conseqüente melhoria técnica do espetáculo, padronização e valorização do produto futebol na mídia, investimentos na infra-estrutura dos estádios para atrair e educar os torcedores, etc.
Em vez disso, temos o aumento unilateral e sem qualquer contrapartida do preço dos ingressos. Continuaremos longe da luz no fim do túnel.
* 1993 Palmeiras, 1994 Palmeiras e Corinthians, 1995 Santos, 1996 Portuguesa, 1997 Palmeiras, 1998 Corinthians, 1999 Corinthians, 2000 São Caetano, 2001 São Caetano, 2002 Santos e Corinthians, 2003 Santos vice.
P.S. Este escriba não consegue deixar de especular, em razão de todas as incoerências e contradições apresentadas acima, sobre a possibilidade dessa medida da FPF representar uma vingança contra a Gaviões da Fiel. Uma vingança pessoal do Presidente da FPF contra a torcida organizada do Corinthians. Recapitulando, na final do Paulistão 2003, tendo o Corinthians vencido o primeiro jogo por 3x2, a FPF conseguiu a proeza de redigir um regulamento que não esclarecia quem seria campeão em caso de vitória do São Paulo pela mesma contagem. Assim, as duas torcidas passaram a semana se provocando, até que o Presidente da FPF, Eduardo José Farah proclamou o veredicto de que a vitória seria do São Paulo. Não cabe aqui voltar ao mérito da questão, pois pela lógica os são-paulinos tinham razão. Acontece que o regulamento, bizantinamente dissecado pela crônica esportiva, não tinha lógica nenhuma no seu texto. E a torcida corintiana se sentiu roubada pelo veredicto de Farah. Assim, tendo o segundo jogo terminado com 3x2 para o Corinthians, o Presidente da FPF teve que ouvir de algumas dezenas de milhares de corintianos no estádio, entre os quais este escriba, o simpático coro: “Farah, @#$%&, Timão é campeão!!”
Daniel M. Delfino
18/02/2004
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