No dia 17 de Agosto de 2005 realizou-se em Brasília a marcha das oposições de esquerda contra a corrupção e o governo Lulla. Assinaram a convocação da marcha o PSTU, o PSOL e a CONLUTAS. Compareceram militantes de partidos, ativistas sindicais e estudantis, tanto organizados como independentes, de todo o país. O eixo de agitação da manifestação foi sintetizado na palavra de ordem “Fora Todos”.
Praça da República, centro de São Paulo, cerca de 18:00, saída dos ônibus.
- Pessoal, quem ainda não acertou a passagem, por favor...
- Pagar para fazer militância é @#$%&!
- Aqui ninguém recebe mensalão...
D.M.D. – Funcionário do BB não tem muita escolha.
- Já sei. Pré-datado para o dia 20?
D.M.D. – Em três vezes?
A marcha foi o primeiro ato concreto a se posicionar pelo afastamento de Lulla, com a previsível exceção de alguns alvoroçados nomes da oposição de direita que, como era de se esperar, foram devidamente prestigiados pela imprensa. Mas há aqui uma séria divergência de conteúdo entre as reivindicações de uns e de outros. A principal consigna dos manifestantes não era o “Fora Lula”, que alguns já agitaram inconseqüentemente, mas o “Fora Todos!”
Ainda na praça, 18:20, esperando os retardatários (pejorativamente alcunhados de “centristas”).
- É sua primeira vez em Brasília?
D.M.D. – Desde 1987, com a minha família. Ficamos uma noite só, de passagem, a caminho de Pernambuco. Tenho tios morando lá.
- Então você não conhece nada lá?
D.M.D. – Nada.
- Sua família é nordestina? Seus tios foram candangos?
D.M.D. – O irmão mais velho do meu pai era ativista. Passou um aperto danado, quase rodou em 64.
- Por isso você está entrando na militância?
D.M.D. – Que nada. Meu pai não me contava essas coisas. Só fiquei sabendo ano passado.
O grito de guerra de “Fora Todos!” expressa uma evidente rejeição do conjunto da classe política e conseqüentemente uma explícita negação de legitimidade ao Congresso para realizar o impeachment de Lulla. Para ser coerente, qualquer manifestação contra a corrupção terá que exigir a cassação não só de Lulla, mas do conjunto do Congresso.
Deixando o trânsito da capital, por volta de 19:10.
- ...quando sair a lista dessa cafetina, aí sim vai ter crise!
D.M.D. – Depois do mensalão, vem aí as mensalinas...
- As esposas vão começar a ligar as datas... “não foi naquele dia o tal congresso sei lá do quê da CUT?”
- Aí vão jogar toda a @#$%& no ventilador e &%$#@ com os caras.
- Quem tem CUT tem medo.
- Dizem que as festas duravam três dias!
- Os caras são boêmios, hein?
D.M.D. - Dinheiro na cueca é afrodisíaco.
- Festa no apê. Bundalelê do PT
Gargalhada geral.
A radicalidade dessa exigência explica a diferença no tratamento dado pela mídia à marcha do dia 17 com relação à do dia anterior. No dia 16 de Agosto realizou-se também em Brasília a marcha convocada pela CMS, com a CUT, UNE e o próprio PT, contra a corrupção, mas a favor de Lulla, como se isso não implicasse numa contradição gritante. No balanço geral, os dois acontecimentos tiveram pouca repercussão, mas com importantes diferenças. A princípio, no primeiro round, deu-se uma mesquinha batalha pelos números. A marcha chapa-branca teve de 5 a 6 mil manifestantes, mas o número era arredondado para cima em 10 mil. A marcha do “Fora Todos” teve por volta de 15 mil, mas era reduzida para 10. No final das contas, as mídias tiveram que se render à evidência, e deram a “vitória” ao “Fora Todos”, mas por apenas 12 a 10 mil.
Perto de Pirassununga, interior de SP, cerca de 20:30 hs
- ...Minhas filhas já estão lá desde domingo. Diz que o pessoal da UNE e da UBES passou nas escolas e faculdades chamando pro dia 16, dizendo que o ato do dia 17 era do PFL. Não é um absurdo?
- Patético...
- Mas eles não conseguiram quase ninguém. E é que tinha ônibus e tudo esperando.
- Os caras receberam mais de R$ 1 milhão do governo.
D.M.D. – É, eu ouvi falar...
Mais importante do que a quantidade, é importante destacar as diferenças de qualidade entre as manifestações. A coesão do ato de 17 foi infinitamente superior, ainda que não tivesse sido completa. Em cima da hora, PDT e PPS aderiram ao “Fora todos” e mandaram alguns pelotões. Também compareceram alguns punks, independentes, desocupados e gaiatos, o que é inevitável, mas em número tão minoritário, é bom que se diga, que nem de longe chegaram a tisnar o forte conteúdo político e o alto grau de mobilização e conscientização materializado no ato. A despeito disso, a estratégia da imprensa foi de tentar desqualificar os setores que marcharam pelo “Fora Todos!” Esses setores não jogam pelas regras reconhecidas. Propõem-se a inverter todo o processo do jogo. Na medida em que os manifestantes do “Fora Todos” propõem uma ruptura radical com a ordem estabelecida, eles passam a se tornar inaceitáveis para os porta-vozes dessa ordem.
Interior de Minas, por volta de 00:00, Janis Joplin, a madrinha de todas as revoluções, solta a voz no CD player, embalando as mais variadas viagens e devaneios.
Perto da divisa entre Minas e Goiás, alta madrugada, parada imprevista.
- Parou de novo?!
- O ônibus dos secundas quebrou.
- A gente tá muito atrasado! O pessoal do Rio passou por BH às oito horas!
- Que @#$%&! Vai ser que nem o ano passado! Vamos chegar lá as três da tarde!
D.M.D. – Se continuar assim o Lulla já vai ter caído...
- Pior. Vai ter voltado nos braços do povo.
Um exemplo de como age a Polícia do Pensamento neste particular é dado pelo caderno “Brasil” da “Folha de São Paulo” de 18/08, que trazia a foto da marcha da esquerda com a seguinte legenda: “Manifestação na Esplanada dos Ministérios reuniu ontem 12 mil pessoas em um protesto contra o governo Lula, sob liderança dos partidos de esquerda da oposição.” O uso da expressão “esquerda da oposição” é um claro exemplo da situação em que a ordem dos fatores altera o produto. Quem marchou no dia 17 não era a “esquerda da oposição”, mas a oposição de esquerda.
Interior de Goiás, por volta de 6:00 da manhã de quarta-feira, divagações avulsas: nada como despertar com a impressionante visão do nascer do sol sobre o cerrado. A beleza natural do Brasil é um espetáculo inesgotável. É preciso sair do inferno urbano de São Paulo para perceber essas coisas. Nada como viajar e alargar os horizontes da percepção...
Quando se diz “esquerda da oposição” a expressão é ambígua o suficiente para que se possa inadvertidamente pensar que existe uma oposição minimamente unitária, deixando subentendido que esta atua sob alguma espécie de acordo comum e que dentro dela destacam-se apenas acidentalmente alguns “setores de esquerda”. Quando se diz “oposição de esquerda” isso dá a entender que existe uma oposição que é de esquerda e que pode inclusive existir uma “oposição de direita”, mas também, o que é mais importante, dá a entender que ambas são qualitativamente diferentes. Nessa nada inocente inversão dos fatores o jornalista fornece um eloqüente exemplo da malícia ideológica entrementes mobilizada para falsear a realidade de acordo com os interesses de classe aos quais serve.
Chegada à Brasília, por volta de 10:15.
D.M.D. - ...é verdade! Não tem mesmo esquinas. E nem calçadas!
Minutos depois, ao descer do ônibus, frustração, desespero, ódio: a máquina fotográfica não funciona. O projeto fracassa. Não bastava gritar “eu já sabia!”. Era preciso provar “eu estive lá!”. Vai ficar para a próxima. Por enquanto, será preciso contentar-se com os recursos da memória.
A realidade que se quer falsear é o processo de reorganização da esquerda em andamento, no qual as diversas organizações procuram dar uma resposta à desintegração do PT. A reorganização existe, é vigorosa e os diversos agrupamentos nela inseridos buscam tomar a iniciativa nas lutas em andamento. Essas organizações atuam premidas por uma situação objetiva que lhes coloca de imediato a tarefa histórica de oferecer uma alternativa organizativa para as demandas sociais que o PT não mais assume. Ao mesmo tempo, desponta no cenário conjuntural a necessidade de propor o afastamento do conjunto da classe política e inclusive de seu supremo mandatário.
Esplanada dos Ministérios, mais de 11:00, começa a marcha. Por toda parte, cuecas por cima das calças, cheias de “dinheiro”, com a estrela do PT nos fundilhos. Cada manifestante tenta ser mais criativo que o outro.
O conjunto da opinião pública estava acostumado a uma situação em que o PT era a esquerda e os agrupamentos menores, como o já veterano PSTU, o recém-surgido PSOL, entre outros, podiam ser tratados como irrelevantes, insignificantes ou inexistentes, dado o papel secundário que se lhes atribuía na correlação de forças. Na nova realidade, esses agrupamentos mobilizam mais gente dos que a esquerda domesticada, como até mesmo a FSP teve que reconhecer.
Ao longo de todo o percurso, gritos de guerra levantam coros multitudinários:
“Fora já, fora já daqui, o Lula, o Palocci e o FMI!*”
“Lula sabia, PT ladrão, rouba do povo pra botar no cuecão!”
“Lula, você sabia, Marcos Valério é o seu PC Farias!”
“Olê, olê, olê, olá, fora, Lula!”
“Esse Congresso, do mensalão, não vai prender nenhum ladrão!”
*Dizem que o Brasil não tem mais um acordo com o FMI. Sei...
Na medida em que essa esquerda em processo de reorganização começar a fornecer respostas concretas (e a própria realização da marcha já é um primeiro passo nessa direção) para os desafios da luta de classes antes assumidos pelo PT, o tratamento a ser dado pela imprensa passará do pedante distanciamento para a hostilidade aberta. Aquilo a que chamamos de desafio da luta de classes ao qual a esquerda em reorganização deve responder se constitui de uma multiplicidade de enfrentamentos entre capital e trabalho, fragmentariamente opostos em milhares de lutas setoriais. A fragmentação garante a perpetuação da dominação. Unificar essas lutas como o PT esboçou unificar no passado é a tarefa precípua e premente da esquerda atual.
Em frente ao Congresso, 13:00, onde a Câmara do deputados vetava o salário mínimo de R$ 384,00:
- “Se gritar, pega ladrão, não fica um meu irmão, se gritar, pega ladrão...”
A resposta bem sucedida ao desafio histórico seria a transformação desses milhares de pequenos enfrentamentos setoriais, tais como ocupações de terra, campanhas salariais de categorias profissionais, movimentos estudantis contra o aumento das passagens de ônibus, etc.; em um único movimento unificado. A estabilidade que caracteriza a situação “normal” da luta de classes na sociedade capitalista seria substituída por aquele processo tão raro na História, que tanto assusta a jornalistas como o da FSP, processo que responde por um nome banido, temido, odiado, exorcizado como um tsunami avassalador: a revolução.
Agrupamentos os mais diversos divulgam seus materiais. Destaque para os trotskistas: estiveram presentes dúzias de diferentes grupos que se autoproclamam a “Quarta Internacional”. A intervenção mais criativa é do “Negação da Negação”, expressa em camisetas e bandeiras com o duplipensado slogan: “Adeus Lula! Agora é Lênin!”
A marcha de 17 de Agosto estava muito longe de propor a revolução. Como forma de luta, propunha a realização de novas marchas nas capitais, aglutinando estudantes e categorias em greve, rumo à construção de uma greve geral.
Um cordão de isolamento formado por policiais, alguns com cães, outros a cavalo, todos muito mal encarados, observa a marcha. Óculos escuros, rostos sisudos, procurando ostentar a seriedade que se requer dos mantenedores da ordem. É difícil supor o que estão pensando, mas é impossível deixar de presumir que não hesitariam em usar de violência contra os manifestantes.
Para quem vê o copo meio vazio, a pouca expressividade numérica da manifestação e o impacto quase nulo que obteve na opinião pública em geral demonstra a incapacidade dessa esquerda em reorganização de responder ao desafio histórico. Desse ponto de vista, o fato daqueles que se propõem a ser lideranças não conseguirem aglutinar seguidores em número expressivo e de modo a causar grande impacto indica que há algo de errado com seu discurso e sua prática.
Em meio ao mar de bandeiras do PSTU e algumas marolas do PSOL, uma jovem anarco-punk exibe corajosamente um cartaz antipartido: PT=PSDB=PFL=PSTU=PSOL (felizmente, os militantes de partido não se comportam [ ainda] como membros de torcidas organizadas, para o bem da integridade física da manifestante).
Para quem vê o copo meio cheio, o simples fato da marcha ter se concretizado pode ser considerado positivo, dadas as circunstâncias desfavoráveis. O PT morreu, mas ainda não sabe disso. De um lado, sua direção se engalfinha com a oposição de direita pelo duvidoso privilégio de mostrar quem é mais corrupto, para gáudio da mídia oportunista e para perplexidade do público em geral. De outro, sua base ainda espera pela eleição para a direção do ParTido em 18 de Setembro para perceber que o cadáver não pode mais ser ressuscitado. De uma maneira ou de outra, trata-se ainda do mesmo velho entulho do PT, obstaculizando os movimentos concretos que a conjuntura objetivamente reclama. De modo que é importante romper esse círculo vicioso e colocar um processo de lutas em andamento, para mostrar que pode haver uma alternativa.
Gramado do Congresso, cerca de 14:00. Representantes de todos os partidos e entidades presentes se revezam no microfone do carro de som: Heloisa Helena, Zé Maria, Jorginho da esquerda/CUT, Ciro Garcia, Dirceu Travesso, Julia Eberhardt, entre outros. Sob um sol a pino, algumas falas iradas e outras nem tanto, tentam ganhar a atenção dos manifestantes, e arrancam eventuais aplausos. Sorvetes de duas bolas na casquinha vendidos por R$ 1,00 fazem tremendo sucesso. Conquistam a massa.
Tentar descobrir em que altura está o copo impõe certos ônus e dificuldades materiais no plano pessoal: trabalhar na terça-feira, viajar a noite, chegar em Brasília na quarta-feira de manhã, marchar o dia inteiro, viajar de volta, estar em São Paulo na quinta-feira de manhã, trabalhar e assistir aula à noite na USP, tendo “queimado” uma das raras folgas no trabalho e se sujeitado a duas faltas na faculdade. Ossos do ofício. O fato de trabalhar em uma categoria profissional que de certo modo ocupa um dos epicentros das discussões e da crise oferece uma situação privilegiada para observar os acontecimentos, oportunidade que não se podia desperdiçar.
Encerrado o ato, 15:00, a coluna dos manifestantes bancários se dirige para o “setor bancário” da capital, onde ficam as sedes nacionais do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
- @#$%, como essa &%$#@ é longe!
- É que a cidade é plana.
- Quanto mais a gente anda, mais o prédio se afasta!
Além de ser um observador do processo geral de reorganização da esquerda brasileira, este escriba é parte interessada no processo particular de uma das lutas setoriais em curso, a campanha salarial de 2005 dos bancários. Para os bancários presentes, a marcha encerrou-se com atos em frente às sedes nacionais do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Nesses atos foram entregues pautas alternativas de reivindicação que buscam contemplar as autênticas necessidades dos bancários, diferentemente da farsa montada pela CNB/CUT.
Trecho de um dos discursos proferidos de um carro de som em frente ao prédio do Banco do Brasil:
“...Já naquele momento estava claro o papel dos sindicatos ligados à CUT de blindar a direção do Banco do Brasil e da Caixa Federal e o governo. E hoje essa realidade está mais disputada. Hoje pela manhã a passeata que vocês viram, os milhares que ocuparam a Esplanada dos ministérios para dizer que o governo Lula é corrupto, que traiu os sonhos e a vontade do povo brasileiro de mudar esse projeto neoliberal, de botar para fora essas elites que estão dentro do banco até hoje. Estão aí até hoje, aprontando. A novidade que tem é que a essa velha burocracia, ligada à burguesia, a essa elite corrupta desse país, somaram-se os Pizzolato da vida, com suas gravatas-borboleta. Somaram-se os srs. Sérgio Rosa, agenciando os negócios da Previ contra os interesse do funcionalismo do Banco do Brasil. É uma vergonha assistir o que a gente assiste hoje nos noticiários. O Banco do Brasil sendo utilizado como foi pela ditadura militar, como foi por Sarney, como foi por qualquer um dos governos burgueses corruptos anteriormente, em maracutaias, em financiamentos ilícitos, em roubalheira, em desvio de dinheiro. E aonde entra a direção dos sindicatos, de onde veio Sérgio Rosa, de onde veio Pizzolato? O sr. Gushiken, que estava até pouco tempo instalado na Secom, que na verdade continuava mandando nas entidades sindicais dos bancários desse país, fez questão de montar uma estrutura que botava a mão em duas verbas fundamentais das estatais. Aqui no Banco do Brasil, vocês assistiram, na Previ, o sr. Sérgio Rosa, a mando de Gushiken, e na diretoria de marketing, Pizzolato, a mando de Gushiken. Somente os dois locais onde transitava o dinheiro para alimentar os “valeriodutos” de todo o processo de corrupção. E por isso na campanha salarial não havia dinheiro para discutir as nossas reivindicações! Não havia dinheiro para discutir isonomia, para discutir o fim da Parcela Previ...”
Das janelas do prédio, aplausos abafam a fala e o papel picado chove em cascata.
Em vista do que aconteceu na greve dos bancários do ano passado, é melhor prevenir do que remediar. Basta lembrar que a categoria enfrentou o PT na diretoria dos sindicatos, o PT na diretoria dos bancos públicos, o PT no governo federal e o PT no comando da polícia e da justiça, todos atuando coordenadamente e de maneira implacável no esforço de acabar com o movimento dos trabalhadores em greve. Dizem que quem bate não se lembra, mas quem apanha não se esquece. Os dias se esvaem céleres nessas momentosas jornadas nas quais a História está sendo escrita. Agosto passa rápido, e Setembro vem aí.
EPÍLOGO
Interior de Goiás, 19:30, primeira parada na viagem de volta.
- ...não dá para parar nesse lugar! Não tem água, não tem nada!
- Não dá pra tomar banho, nem nada! Vai ficar todo mundo imundo?
- A gente deveria ter parado na saída de Brasília. Não é possível que não tivesse um lugar decente por lá.
- Desse jeito não precisa nem de repressão. A revolução naufraga na falta de higiene!
Interior de são Paulo, alta madrugada. O country rock melancólico do primeiro CD do Dire Straits embala com propriedade o sono.
Chegando em São Paulo, por volta de 7:00 da manhã de quinta-feira. Ao despertar, os olhos ardem com a poluição. O inferno urbano dá suas boas vindas.
Zona Oeste de São Paulo, por volta das 8:00, reacendem-se as discussões.
- ...por isso fizeram a capital tão longe! Pra não ter protesto!
- Pra não ter revolução.
- Aquilo é um exemplo de arquitetura stalinista!
D.M.D. – Stalinista?
- Fizeram a cidade sem pensar nas pessoas. Quem é que agüenta morar num lugar daqueles?
Chegando em casa, 10:00 da manhã de quinta-feira, tomar banho e se arrumar para trabalhar, atrasado. E trocar de cuecas.
Chegando em casa na sexta-feira, 19 de Agosto, tarde da noite, depois de uma semana atípica e massacrante, eis que surge a seguinte notícia: “Palocci recebia mensalão de R$ 50.000,00!” Segue a vida na República do mensalão.
Daniel M. Delfino
19/08/2005
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