O Syriza
(Coalizão da Esquerda Radical, em grego) foi recentemente
eleito de maneira espetacular na Grécia, pela forma como
derrotou os partidos tradicionais, com a promessa de acabar com as
políticas de "austeridade" impostas pela Comissão
Europeia (órgão formado por representantes de cada país
da União Europeia), o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI, a
chamada “Troika”. Essas políticas foram ditadas pelo
infame “Memorando” de 2010, que impunha cortes nos gastos
públicos, privatizações, demissões nos
serviços públicos, aumento de impostos, aumento do
tempo de aposentadoria, retirada de direitos trabalhistas, etc., em
troca de ajuda para pagar a dívida do país.
O
resultado dessas medidas foi uma brutal recessão econômica,
o aumento explosivo do desemprego (especialmente entre os jovens, com
60% sem trabalho na faixa de 18 a 25 anos) e o aumento do número
de pobres no país de 2% para 14% entre 2009 e 2014
(http://pt.euronews.com/2014/02/13/grecia-desemprego-e-pobreza-batem-recordes/).
Ao mesmo tempo, a dívida grega só fez aumentar,
chegando a 174% do PIB em 2014
(http://pt.tradingeconomics.com/greece/government-debt-to-gdp).
Entretanto,
em pouco menos de um mês o governo do Syriza passou de uma
consagradora eleição, em 25 de janeiro, para uma
vergonhosa capitulação nas negociações
com a Troika, encerradas em 20 de fevereiro. O acordo entre as duas
partes mantém o essencial da política que vinha sendo
aplicada pelos governos anteriores do PASOK e Nova Democracia,
massivamente repudiados nas urnas pelos gregos. O Syriza aceitou
todos os pontos que eram fundamentais para o imperialismo alemão,
maior potência da União Europeia e verdadeira força
por trás da Troika:
-
reconheceu a validade da dívida do país, ou seja,
comprometeu-se a de alguma forma seguir pagando;
-
aceitou a supervisão dos organismos internacionais,
comprometendo-se a não adotar nenhuma medida unilateral e
notificar aos organismos internacionais qualquer ação
da política econômica;
-
comprometeu-se a apresentar uma lista de medidas a serem tomadas para
garantir o cumprimento do acordo, ou seja, medidas de "austeridade"
contra a população grega.
Em
troca, os bancos privados e o Banco Central Europeu concordaram em
fazer empréstimos para que a Grécia consiga pagar suas
dívidas que tiverem vencimento nos próximos 4 meses.
Esses empréstimos não são dinheiro que vai
entrar na Grécia para ajudar a economia do país, mas
vão direto para os credores dos títulos gregos, e o
país fica obrigado a pagar esses novos empréstimos aos
bancos e novos credores, em condições cada vez mais
severas, numa bola de neve sem fim.
O pacote
de maldades do Syriza
Na
terça-feira dia 24 o ministro das finanças Yannis
Varoufakis apresentou a lista de medidas exigidas pela Troika.
Trata-se de mais um pacote de maldades contra os trabalhadores,
idêntico aos que vinham sendo aplicados pelos governos
anteriores:
-
melhorar a coleta do Imposto sobre Valor Agregado (pago pelos
consumidores em cada mercadoria) para diminuir a evasão e
acabar com isenções e descontos;
-
controle rigoroso dos gastos em todas as áreas do governo
(educação, defesa, transporte, governos locais,
benefícios sociais);
- não
reverter as privatizações anteriores (como a do porto
do Pireu, um dos principais da Europa, como chegou a ser comemorado
pelos entusiastas do Syriza mundo afora), e também a dar
continuidade às privatizações que já
tinham sido iniciadas;
-
eliminar falhas e incentivos na política de pensões que
dão origem a um número muito alto de aposentadorias
precoces (O Syriza assume o princípio típico dos
governos neoliberais de que os trabalhadores se aposentam antes da
"idade devida" porque são preguiçosos ou
fraudadores);
-
submeter as futuras mudanças no salário mínimo
às “instituições” da Troika de modo a
salvaguardar a “competitividade dos negócios”;
-
aumentar a transparência dos gastos públicos e combater
a corrupção;
-
reduzir o número de ministérios de 16 para 10, cortando
cargos excedentes;
-
reformar os planos de cargos do setor público de modo que não
haja mais aumento nos pisos salariais;
-
garantir que o combate à crise humanitária não
tenha efeito fiscal negativo (ou seja, combater a miséria sem
aumentar a dívida do governo!);
-
aumentar a “eficiência” dos governos locais;
- dar
maior independência à Secretaria da Receita;
O texto
de Varoufakis está disponível na íntegra em
inglês através do link:
http://www.ansa.it/documents/1424780332479_Lettera_Grecia.pdf
.
Causas
estruturais da crise grega
O
programa anunciado pelo Syriza equivale a jogar mais gasolina para
acabar com o incêndio. Não há a mínima
chance de retomar o crescimento econômico e melhorar o nível
de vida da população com tais medidas. Esses meros
paliativos administrativos não são capazes de atacar as
causas estruturais da crise grega.
A Grécia
faz parte da Zona do Euro, conjunto de 19 países que opera com
a moeda comum europeia, o euro. Entretanto, o uso da moeda comum
pelos diversos países não anulou as diferenças
entre as suas economias nacionais, ao contrário, tornou-as
abissais. Ao fazer negócios com os gigantes do bloco, em
especial a Alemanha, a desproporção entre a
produtividade das economias menores se torna evidente. A estrutura de
custos da economia alemã funciona como norma reguladora para a
economia do continente: quem não consegue produzir com a
eficiência dos alemães (ninguém na Europa) vai
ficando fora da competição. Na lógica do sistema
capitalista, as economias mais fortes engolem as mais fracas, assim
como na concorrência entre as empresas.
O tempo
de trabalho socialmente necessário para produzir as
mercadorias na Grécia e demais países da periferia
europeia é muito maior do que na Alemanha. Isso faz com que as
empresas gregas não consigam concorrer com as alemãs,
sendo compradas por estrangeiros, fechadas ou indo à falência.
A condição para seguir concorrendo nesse mercado é
rebaixar cada vez mais os custos, fechando postos de trabalho,
aumentando a exploração e reduzindo salários,
direitos e benefícios. O fechamento de empresas, a redução
da atividade econômica, o desemprego, caminham paralelo com o
déficit comercial, já que esses países se tornam
compradores de produtos alemães e estrangeiros, e com o
déficit público, já que diminui a arrecadação
de impostos do governo. Ao tentar sair da crise, o governo tenta
reverter o déficit com políticas de "austeridade"
contra os trabalhadores, ao mesmo tempo em que aumenta o próprio
déficit com a generosidade desmedida para com os bancos e
grandes empresas.
Essa
política contraditória é a única possível
no sistema capitalista, já que em tal sistema não se
admite que diminua o lucro das empresas, mas se admite que a
população suporte todo tipo de sofrimento. Desemprego,
fome, doenças, violência, a miséria em todas as
suas formas, podem avançar sem limite, contanto que a
sacrossanta propriedade privada e os lucros do capital estejam
garantidos. Para acabar com a miséria e o sofrimento do povo,
não há outra saída a não ser romper com o
capitalismo. Mas essa nunca foi a intenção do Syriza.
O
partido acredita poder tirar a Grécia da crise por meio de um
conjunto de medidas de melhoria na gestão, de maior eficiência
administrativa do Estado, sem nenhuma ruptura real com o sistema.
Como se o problema do país tivesse sido causado apenas pela
negligência, corrupção ou incompetência dos
governos anteriores. Longe disso, a origem da crise grega está
na própria essência do capitalismo, a lei do valor, que
se impõe sobre a economia capitalista como a lei da gravidade
na física.
Jogos de
palavras não escondem a falência do reformismo eleitoral
O Syriza
aceitou as estreitas margens de manobra disponíveis para
pilotar a máquina do cambaleante capitalismo grego, e o único
resultado possível seria render-se à Troika. O novo
governo grego já foi para a negociação
derrotado. Nas semanas anteriores milhões de euros foram
retirados dos bancos na Grecia, pelo temor dos investidores de que o
governo não conseguisse um acordo. Ao não optar por
medidas de ruptura e buscar uma linha de menor resistência, que
não atacasse os pilares da submissão da Grécia,
o novo governo se viu sem outra opção a não ser
fechar um acordo de curto prazo (quatro meses) e comprometer-se com o
pacote de medidas administrativas.
Para
tornar aceitável mais um pacote de maldades para o eleitorado
grego, até ontem tão esperançoso, o primeiro
ministro Alexis Tsipras adotou a tática de criar confusão
para que o povo não entenda o que está acontecendo.
Tsipras, Varoufakis e sua equipe voltaram ao país cantando
vitória e dando novos nomes às coisas. As entidades
odiadas pelos gregos receberam novas denominações, como
se isso pudesse mudar o que são. A Troika foi rebatizada de
"Instituições", o Memorando foi chamado de
"Acordo" e os credores foram chamados de "parceiros".
Essa
tática confusionista terá efeitos muito limitados, pois
não só os gregos, mas o mundo inteiro acompanha muito
atentamente o que o Syriza faz. Para a Troika e o imperialismo é
fundamental usar o Syriza para esmagar a esperança do povo
grego de sair da "austeridade", pois isso servirá
para evitar que as ilusões de mudança se alastrem para
outros países, como Portugal, Irlanda, Espanha, Itália,
que passam por processos de recessão e empobrecimento (pois
também seguem os Memorandos de "austeridade") como a
Grécia. A burguesia quer dar uma dura lição para
todos os que acreditam que é possível sair facilmente
do ditado da "austeridade", por meio de aventuras
eleitorais.
A
síntese brutal dessa política foi formulada por Jeroen
Dijsselbloem (presidente do Eurogrupo, conselho dos ministros de
finanças dos países da União Europeia, que
participou das negociações do novo acordo com os
gregos), numa declaração em maio de 2013: "Os
governos podem ir e vir, mas os programas continuam a ser
necessários"
(http://www.publico.pt/economia/noticia/presidente-do-eurogrupo-os-governos-podem-ir-e-vir-mas-os-programas-continuam-a-ser-necessarios-1595663).
Na prática, isso significa dizer que os Estados nacionais não
têm soberania alguma, os eleitores podem votar em quem
quiserem, mas qualquer que seja o partido eleito, o programa de
governo já está traçado nos Memorandos.
Ou seja,
independentemente das eleições, quem governa de fato é
a Troika. As instituições europeias criaram uma malha
de imposições, consagradas como cláusula pétrea
nas constituições dos países membros, que
garantem a obediência aos ditames da burguesia financeira. As
condições para permanência na Zona do Euro impõem
tetos de dívida (total do volume de títulos emitidos
pelo governo) e déficit (diferença negativa entre o que
o governo arrecada e o que gasta num determinado ano). Para alcançar
esses tetos, não há outro meio senão submeter-se
a medidas cada vez mais ferozes de "austeridade". Esse é
o significado último do pertencimento ao euro e da União
Europeia para os países menores: submeter-se às
exigências da burguesia europeia.
O
caráter de classe do Syriza
A
velocíssima capitulação do Syriza e sua rendição
relâmpago à Troika tem explicação no seu
caráter de partido reformista parlamentar e em sua opção
pela negociação com a burguesia europeia. O reformismo
histórico via a luta por melhorias pontuais como uma forma de
chegar gradualmente ao socialismo, e já fracassou há
décadas. O reformismo atual se limita a tentar conquistar uma
vida melhor dentro do próprio capitalismo, já tendo
abandonado a pretensão de transformá-lo. E esse
reformismo atual também está condenado a fracassar,
como acabam de experimentar amargamente o Syriza e os gregos. Não
há mais possibilidade de reformas e melhorias duradouras
dentro do capitalismo. A crise estrutural do sistema do capital exige
ataques cada vez mais severos sobre os trabalhadores e a retirada das
conquistas e melhorias anteriores. Exatamente o que o Syriza está
fazendo ao optar por administrar o capitalismo.
A opção
pela via parlamentar e pela negociação com organismos
europeus tem a ver com o caráter de classe do Syriza. Trata-se
de um partido pequeno burguês eleitoral. O Syriza não é
um partido operário, baseado na organização e
luta dos trabalhadores. Não tem como estratégia a
mobilização dos trabalhadores para enfrentar a
burguesia grega e europeia. Sua eleição não
serviu para acelerar a luta de classes, mas para apaziguar a
população com a esperança de que o governo
eleito faria tudo por eles. A estratégia eleitoral serviu para
desmobilizar os gregos.
O
problema não é apenas o Syriza ter concorrido a
eleições, mas o fato de não ter um projeto de
enfrentamento e luta contra o capital estruturado entre os
trabalhadores a partir da base. O partido não tem um trabalho
organizado que aponte uma referência para a ruptura com as
burocracias sindicais da GSEE (central sindical dos trabalhadores do
setor privado, dirigida pelo PASOK) e ADEDY (central do setor
público, dirigida pelo Partido Comunista – KKE, stalinista),
que seguem uma linha de colaboração de classe e impedem
lutas consequentes contra a "austeridade". Dezenas de
greves gerais de 24h foram decretadas por essas centrais desde a
imposição do Memorando, não como uma forma de
derrotá-lo, mas para descomprimir a insatisfação
das bases. Nenhuma direção batalhou para construir pela
base greves por tempo indeterminado até a retirada das medidas
do Memorando. Nem o Syriza apontou essa perspectiva, porque, afinal
de contas, não se trata de um partido militante.
Começam
as rupturas
A
decepção com os rumos tomados pelo Syriza já se
manifesta nas próprias fileiras do partido, e inclusive em
setores próximos à sua direção. Manolis
Glezos é uma lenda viva da esquerda grega, com 92 anos de
idade e mais de 7 décadas de militância, visto na imagem
no topo do artigo num protesto contra a "austeridade" em
2012. Glezos ganhou notoriedade quando, em 30 de maio de 1941,
juntamente com seu amigo Apostolos Santas (falecido em 2011), escalou
o topo da Acrópole de Atenas para remover uma bandeira com a
suástica hasteada três dias antes pelos nazistas, quando
os alemães ocuparam o país na II Guerra. Tornou-se
símbolo da resistência contra o nazismo (expulso da
Grécia em outubro de 1944), depois contra a ditadura dos
coronéis (1967 – 1974), hoje contra a ditadura da Troika.
Este
herói da resistência, hoje deputado do Parlamento
Europeu pelo Syriza, acaba de lançar um manifesto pedindo
desculpas por ter ajudado a criar a ilusão de que o partido
romperia com a política de "austeridade" da Troika,
e conclamando a todos os organismos do partido a se reunir para
reverter o acordo assinado no fim de semana passado. O texto em
inglês pode ser acessado em:
http://roarmag.org/2015/02/glezos-greek-bailout-illusion/.
Segue abaixo uma tradução do manifesto:
"O
fato de que a Troika tenha sido rebatizada de 'as instituições',
o Memorando tenha sido renomeado de o 'Acordo' e os credores
renomeados de os 'parceiros', da mesma forma que renomear carne como
peixe, não muda a situação anterior.
E você
não pode mudar o voto do povo grego na eleição
de 25 de janeiro.
O povo
grego votou naquilo que Syriza prometeu: que abolíssemos o
regime de "austeridade" que é a estratégia
não só dos oligarcas da Alemanha e de outros países
credores mas também da oligarquia grega; que nós
revogássemos o memorando e a Troika e toda a legislação
de "austeridade"; que no dia seguinte com uma lei nós
abolíssemos a Troika e todas as suas consequências.
Um mês
se passou e essa promessa ainda tem que se tornar ação.
Isso é uma pena, de fato.
Da minha
parte eu peço desculpas ao povo grego por ter contribuído
para essa ilusão.
Antes
que a direção errada continue.
Antes
que seja tarde demais, vamos reagir.
Acima de
tudo os integrantes, amigos e apoiadores do Syriza, em reuniões
de urgência em todos os níveis da organização
devem decidir se aceitam essa situação.
Algumas
pessoas dizem que num acordo você deve também fazer
concessões. Por princípio, entre o opressor e o
oprimido não pode haver acordo por meio de concessões,
assim como não pode haver entre o escravo e o conquistador;
liberdade é a única solução.
Mas
mesmo se aceita essa absurdidade, as concessões que de
qualquer modo já foram feitas pelos governos pró-memorando
anteriores com desemprego, pobreza e suicídio, estão
além de qualquer limite de concessão.”
Não
sabemos ainda o resultado dessa convocação de Glezos,
figura de grande autoridade moral na esquerda grega. Temos que
acompanhar os acontecimentos e verificar até que ponto a
experiência com o Syriza pode avançar para a
mobilização, a luta, a ação direta e a
formação de uma nova consciência e novas
organizações.
Não
há saída indolor para a crise
De certa
forma, o povo grego já está acostumado a ver os
partidos prometerem uma coisa e entregarem outra. Foi assim que o
PASOK e o Nova Democracia, representando respectivamente a “esquerda”
e a “direita” se revezaram no poder nas últimas décadas.
O Syriza seria somente mais um caso. A maioria dos eleitores votou
mesmo com a esperança de que, com esse simples gesto do voto,
poderia se livrar da "austeridade". Os eleitores
acreditaram que, votando no Syriza, poderiam reverter a situação
do país. A grande questão é o que virá
depois da decepção com o atual governo. Depois do
Syriza, a próxima alternativa da burguesia pode ser a ultra
direita. A ascenção do Aurora Dourada, partido
neonaizsta, tinha sido contida pela eleição do Syriza,
estacionando nos 7% de votos. Um eventual fracasso do Syriza pode
levar a um novo crescimento da ultra direita.
A única
alternativa a isso é uma radicalização pela
esquerda. Uma parte do eleitorado do Syriza (ou talvez a maior
parte), como dissemos, votou com a ilusão de que as coisas
poderiam se resolver sem rupturas. Outra parte é composta dos
setores combativos que tem protagonizado mobilizações e
tentado levar as greves e manifestações adiante,
enfrentando a polícia, ocupando locais de trabalho, etc. Os
trabalhadores gregos precisam construir organizações
independentes dos partidos eleitorais e também opostas às
burocracias sindicais, para lutar por um programa que contemple as
suas necessidades. Como disse Glezos, não há acordo
possível entre oprimido e opressor, é preciso lutar sem
tréguas pelo fim da opressão. Um programa para os
trabalhadores gregos terá necessariamente que romper com o
Syriza e se chocar de fato com a Troika:
- não
pagamento da dívida;
-
retirada do euro;
-
nacionalização dos bancos;
-
proibição de remessa de dinheiro para o exterior;
-
revogação das privatizações;
-
estatização, sob controle dos trabalhadores, das
empresas que demitirem e fecharem;
-
redução da jornada sem redução dos
salários, até que haja emprego para todos;
-
salário mínimo vital calculado pelas organizações
dos trabalhadores;
-
reconstrução dos serviços públicos;
Essas
medidas são as únicas capazes de reverter o sofrimento
do povo grego. Entretanto, elas somente serão possíveis
por meio de uma intensa e massiva mobilização, que é
preciso construir desde já. Ao mesmo tempo, essas medidas
encontrarão oposição cerrada da burguesia grega
e europeia, que pode isolar o país com sanções
ou mesmo intervenção militar.
Por
outro lado, essas medidas devem ser apresentadas juntamente com um
chamado à solidariedade dos trabalhadores do mundo inteiro. A
luta da Grécia é uma luta contra o capitalismo,
portanto é uma luta que interessa a todos os trabalhadores do
mundo. A luta contra a "austeridade" exige os mesmos passos
na Grécia, na periferia europeia e no Brasil. Ao dar esses
passos, os trabalhadores gregos estarão estabelecendo o
exemplo real de como lutar contra "austeridade", exemplo
que servirá para os trabalhadores em outros países.
Essa deve ser a perspectiva dos socialistas revolucionários.
Daniel M.
Delfino
Fevereiro
2015
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